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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Humildade do coração

“Bem-aventurados os pobres de espírito”: – proclamou o Senhor.  Nesse passo, porém, não vemos Jesus contra os tesouros culturais da Humanidade, mas, sim, exaltando a humildade de coração.  O mestre recordava-nos, no capítulo das bem-aventuranças, que é preciso trazer a mente descerrada à luz da vida para que a sabedoria e o amor encontrem seguro aconchego em nossa alma.  Hoje, como antigamente, somos defrontados, em toda parte, pelas escrituras encarceradas nos museus acadêmicos, cristalizadas nos preconceitos ruinosos, mumificadas em pontos de vista que lhes sombreiam a visão e algemadas a inutilidade do raciocínio ou do sentimento, engrossando as extensas fileiras da opressão.  Imprescindível clarear o pensamento, diante da natureza, e aceitar a extrema insignificância em que ainda agitamos, perante o Universo.  Jesus induzia-nos a esquecer a paralisia mental, em que, muitas vezes, nos comprazemos, inclinando-nos à adoção da simplicidade por norma de ascensão ...

Comer e beber

“Então, começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença e tens ensinado nas nossas ruas.” Jesus. Lucas, 13: 26. O versículo de Lucas, aqui anotado, refere-se ao pai de família que cerrou a porta aos filhos ingratos. O quadro reflete a situação dos religiosos de todos os matizes que apenas falaram, em demasia, reportando-se ao nome de Jesus. No dia da análise minuciosa, quando a morte abre, de novo, a porta espiritual, eis que dirão haver “comido e bebido” na presença do Mestre, cujos ensinamentos conheceram e disseminaram nas ruas. Comeram e beberam apenas. Aproveitaram-se dos recursos egoisticamente. Comeram e acreditaram com a fé intelectual. Beberam e transmitiram o que haviam aprendido de outrem. Assimilar a lição na existência própria não lhes interessava a mente inconstante. Conheceram o Mestre, é verdade, mas não o revelaram em seus corações. Também Jesus conhecia Deus; no entanto, não se limitou a afirmar a realidade dessas relações. Viveu o amor ao Pai, junto dos hom...

Escarnecedores

De todos os elementos que tentam perturbar as Obras Divinas, os escarnecedores são os mais dignos de piedade fraternal. É que são enfermos pouco suscetíveis de medicação, em vista de serem profundamente ignorantes ou profundamente perversos. O escarnecedor costuma aproximar-se dos trabalhadores fiéis das ideias novas, exigindo-lhes provas concludentes das afirmações espirituais que lhes constituem a base do trabalho no mundo. É interessante, porém, observar que pedem tudo, sem se disporem a dar coisa alguma. Querem provas da verdade, contudo, não abandonam as cavernas mentais em que vivem usualmente, nem mesmo para vê-las. Querem demonstrações espirituais, agarrados, à maneira de vermes, aos fenômenos materiais. Os infelizes não percebem que se emparedaram no desconhecimento da vida, ou no egoísmo, que lhes agrava os instintos perversos. E tocam a rir nos caminhos do mundo, copiando os histriões da irresponsabilidade e da indiferença. Zombam de todas as reflexões sérias, mofam (caçoam)...

Ensinamento vivo

Nunca te vingues. Guarda a paciência e desculpa sempre. Esta é uma página real no livro do cotidiano: Um amigo em provação sofrera golpes sobre golpes. O companheiro, que supusera lhe fosse mais dedicado, arrasara-lhe a alegria. Apropriara-se-lhe, indevidamente, da chácara que o pai lhe havia confiado, ao despedir-se da existência: apartara-o da esposa com atitudes fraudulentas e, por fim, tomara-lhe o filho quase criança e, após habituá-lo a cocaína, dele fizera perigoso salteador. Por isso mesmo, jurou aniquilá-lo. Cientificara-se de que o conturbado irmão compareceria a determinada festividade, em data à distância de um mês, depois de completar o seu plano infeliz. Adquiriu a arma de que se serviria e ensaiou o gesto trágico. Na semana que se lhe seguiu ao projeto, no entanto, foi conduzido por irmãos devotados a certo lar que se entrega ao Culto do Evangelho de Cristo. A lição em pauta era o perdão aos inimigos. O inesperado visitante escutou as preleções da hora e...

Piedade e oração

Usa a lente milagrosa da piedade e a vida que te rodeia assumirá característicos e aspectos diferentes.  Repara, com isenção de ânimo, quem atravessa conosco a mesma senda e teremos, quase sempre, a necessidade do amor em todos os lugares onde experimentávamos a lâmina da crítica.  Ali, observarás o amigo que se enriqueceu do ouro amoedado, empobrecendo-se de alegria.  Além, contemplarás o irmão que adquiriu autoridade, comprando extremas desilusões para si próprio.  Acolá, notarás a presença de alguém que se exorna com títulos veneráveis na convenção humana, suportando no peito um coração desesperado.  Esse julga-se poderoso, e amanhã restituirá o corpo as cinzas…  Aquele supõe-se herói, ignorando que a enfermidade lhe rói o pedestal.  Aquele outro presume-se na posse da mocidade e do prazer, mal sabendo que a morte o espera amanhã.  Aqui, tateamos vestes douradas, acobertando dolorosas feridas…  Adiante, surpreendemos sorrisos encantadores ...

Guardai-vos

“Estes, porém, dizem mal do que ignoram; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.” — JUDAS, 10. Em todos os lugares, encontramos pessoas sempre dispostas ao comentário desairoso e ingrato relativamente ao que não sabem. Almas levianas e inconstantes, não dominam os movimentos da vida, permanecendo subjugadas pela própria inconsciência. E são essas justamente aquelas que, em suas manifestações instintivas, se portam, no que sabem, como irracionais. Sua ação particular costuma corromper os assuntos mais sagrados, insultar as intenções mais generosas e ridiculizar os feitos mais nobres. Guardai-vos das atitudes dos murmuradores irresponsáveis. Concedeu-nos o Cristo a luz do Evangelho, para que nossa análise não esteja fria e obscura. O conhecimento com Jesus é a claridade transformadora da vida, conferindo-nos o dom de entender a mensagem viva de cada ser e a significação de cada coisa, no caminho infinito. Somente os que ajuízam, acerca da ignorância p...

Egoísmo

Em todos os lances da evolução, seremos defrontados pelo egoísmo a entravar-nos o passo. É sombra em nosso sentimento em forma de vaidade e tóxico em nosso raciocínio na feição de orgulho. É veneno em nosso coração sob a máscara do crime e fogo em nossa alma, sob a capa agressiva da revolta. É incêndio em nosso peito, sob a tempestade da cólera e gelo em nossas mãos, sob a inércia da preguiça. Aparece em todas as fases do dia, ora sob a faixa do desculpismo de variados matizes, ora sob os mil modos com que apresentamos a nossa deserção da luta santificante. Desvairado apego ao nosso “eu”, o egoísmo, sem dúvida, é treva da ignorância ocultando-nos o caminho real de nossos deveres à frente da imortalidade sublime. Se desejamos efetivamente alcançar a bendita claridade da ascensão, abandonemo-lo aos resíduos da estrada e, fugindo ao círculo estreito de nossa personalidade, através da ação constante no bem, consagremo-nos à Vontade do Senhor – única fórmula de libertação que nos conduzirá ...

Bilhete do coração

Hoje compreendo que os golpes do mundo são amparo providencial às nossas necessidades de reparação. Que seria de nós sem o sofrimento que nos ajuda a retificar e aprender? Terra sem arado, permaneceríamos entre os vermes e as plantas daninhas ou, pedra bruta, jamais nos transformaríamos na obra de utilidade e beleza que o buril deve realizar. Tenhamos calma e paciência. Devemos à enxada a alegria da mesa farta e, por vezes, ao remédio amargo, a felicidade da cura. Um dia saberemos tudo. Por agora, baste-nos a convicção de que nos compete trabalhar, incessantemente, para o bem, porquanto a chave do serviço nos descerrará a sublimidade da experiência e com a experiência elevada marcharemos para a comunhão com Deus. Não nos cansemos de ajudar. O auxílio aos outros tem uma força desconhecida em nosso favor. Quem tudo dá, tudo recebe. Quem se afasta da ilusão, aproxima-se da verdade, adquirindo a companhia da humildade e do amor, os dois anjos invisíveis que abrem as portas do Céu. Cultivan...

Em ti mesmo

“Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” Paulo, Romanos, 14: 22. No mecanismo das realizações diárias, não é possível esquecer a criatura aquela expressão de confiança em si mesma, e que deve manter na esfera das obrigações que tem de cumprir à face de Deus. Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à eternidade. Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibilidades, esperando em promessas humanas, dão a ideia de fragmentos de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem ancoradouro. Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém de seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador. Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo, não dispensa, porém, a cooperação, a vo...

Página à juventude

O esforço precede a realização. O conhecimento é o primeiro degrau da sabedoria. A aplicação assegura competência. O trabalho ensina a servir. O estudo consolida a experiência. O cavalheirismo é a sementeira da caridade. A gentileza é o princípio da renúncia. A confiança no bem adquire a fé viva. O otimismo garante o êxito. O auxílio aos outros gera a paz. A cordialidade é o início da fraternidade. A disciplina produz a humildade. Os preceitos humanos respeitáveis constituem a exteriorização das leis divinas. A aquisição das mais elevadas qualidades terrenas é o legítimo acesso aos dons celestiais. —Jovens irmãos, para vós outros surgem os horizontes do recomeço. A luta pelo bem é nossa oportunidade sublime. O obstáculo é a prova benéfica de superação das nossas próprias fraquezas. Trabalhemos servindo. De Evangelho nos braços. E com o Mestre Divino em pleno coração. A terra é o meio, Jesus é o fim. André Luiz, do livro Cartas do Coração, psicografado por Chico Xavier

A segunda milha

“E se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas”. Jesus – Mateus, 5:41. As milhas a que se reportam os ensinamentos do Mestre são aquelas de nossa jornada espiritual, no processo de elevação, cada dia. Aprende a ceder para os outros, se desejas realmente ajudar. Não regenerarás o criminoso atormentando-lhe o campo íntimo com chibatadas verbais, não corrigirás o transviado à força de imposições humilhantes e nem conquistarás a confiança curativa do enfermo, aprofundando-lhes as próprias chagas. Em qualquer problema que alcance as raízes da alma, é imprescindível penetrar o núcleo vivo de elaboração do pensamento e aí depositar a bendita semente da simpatia, a favor da solução necessária. Vencer sem convencer é consolidar a discórdia. Indispensável marchar em companhia dos outros, onde os outros lutam e choram, a fim de que possamos ampará-los com eficiência. Quem poderia entender o Cristo se o Mestre, longe de descer à Terra, usasse uma tribuna de luz, dirigindo-se do C...

Jesus em nós

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Contempla o quadro sublime da natureza, ante o sol da manhã. Tudo brilha ao clarão do Céu. Aqui, a lama reflete cintilações, além, o grão de areia assemelha-se a pequeno diamante perdido, e a poeira esparsa lembra filigranas de luz. Assim, também, no grande mundo de nossa alma, quando Jesus encontra meios de fulgurar em nós, tudo é amor e criação, alegria e serenidade. Envolvidas em seus divinos raios, a tristeza ou a dor, a necessidade ou a luta representam sagrados estímulos à caminhada de ascensão. Não empanes a glória do astro vivo da fé com a sombra do desânimo ou da indiferença. Abre as janelas do Ideal à Bênção do Senhor. Deixa que o pensamento santificante do Mestre te invada o campo íntimo e ouvirás, em ti mesmo, o cântico da paz e do bom ânimo em perene ressurreição. A existência é o resultado de nossos desejos. O destino responde às nossas aspirações. A Graça de Deus vibra em toda parte. É imprescindível, porém, saibamos dilatar a própria visão, de modo a não perder-lhe o fa...

Hábito

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O hábito é uma esteira de reflexos mentais acumulados, operando constante indução à rotina. Herdeiros de milênios, gastos na recapitulação de muitas experiências análogas entre si, vivemos, até agora, quase que à maneira de embarcações ao gosto da correnteza, no rio de hábitos aos quais nos ajustamos sem resistência. Com naturais exceções, todos adquirimos o costume de consumir os pensamentos alheios pela reflexão automática e, em razão disto, exageramos as nossas necessidades, apartando-nos da simplicidade com que nos seria fácil erguer uma vida melhor, e formamos em torno delas todo um sistema defensivo à base de crueldade, com o qual ferimos o próximo, dilacerando consequentemente a nós mesmos. Estruturamos, assim, complicado mecanismo de cautela e desconfiança, para além da justa preservação, retendo, apaixonadamente, o instinto da posse e, com o instinto da posse, criamos os reflexos do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do medo, com que tentamos inutilmente fugir às Leis Divinas,...

Mediunidade

“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão sonhos.” — ATOS, 2: 17. No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmia, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa-nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular. Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral. Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne. Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente. Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam...

Lembremo-nos

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Aceitando a luz do Evangelho na consciência e no corarão somos, de imediato, promovidos a condição de cooperadores do Divino Pomicultor, no campo imenso da vida. E cada criatura possui a gleba que lhe cabe cultivar. É a família consanguínea a que nos ajustamos…  É a oficina de trabalho que nos aguarda o concurso…  E o santuário de fé religiosa onde a bênção do Mais Alto nos felicita…  Nesses círculos de ação, em que nossa existência atua nas existências alheias, podemos simbolizar as almas que nos partilham a luta como árvores vivas, de cuja produção somos, de alguma sorte, responsáveis no que tange à prestação de serviço que nos compete ofertar-lhes constantemente. Assim considerando, não basta estejamos dispostos a manejar o machado na destruição caprichosa do vegetal que se tornou passível de nossa reprovação. E preciso examinar se, à maneira do Senhor, já fizemos o bem possível para analisar com segurança. Antes de censurar a plantação que nos rodeia, reparemos o teor...

A mulher ante o Cristo

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Toda vez nos disponhamos a considerar a mulher em plano inferior, lembremo-nos dela, ao tempo de Jesus. Há vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as companheiras do povo, na maioria das circunstâncias, sofriam extrema abjeção, convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em hasta pública. Tocadas, porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém respondeu com tanta lealdade e veemência aos apelos celestiais. Entre as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra, encontramos em Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das trevas para a luz; e entre as que se mantinham no monte do equilíbrio doméstico, surpreendemos em Joana de Cusa o mais nobre expoente de concurso e fidelidade. Atraídas pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os mutilados, os doentes e as crianças. E, embora não lhe integrassem o círculo apostólico, foram elas – representadas nas filhas anônimas de Jerusalém – as únicas demonst...

Sexo

Não devemos esquecer que o sexo, na existência humana, pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja o sexo. Por isso mesmo, os homens e as mulheres cujas almas vão se libertando dos cativeiros da forma física escapam, gradativamente, do império absoluto das sensações carnais. Para eles, a união sexual orgânica vai deixando de ser uma imposição, porque aprendem a trocar os valores divinos da alma, entre si, alimentando-se reciprocamente, através de permutas magnéticas, não menos valiosas para os setores da Criação Infinita, gerando realizações espirituais para a eternidade gloriosa, sem quaisquer exigências dos atritos celulares. Para esse gênero de criaturas, a união reconfortadora e sublime não se acha circunscrita à emotividade de alguns minutos, mas constitui a integração de alma com alma, através da vida inteira, no campo da espiritualidade superior. Diante dos fenômenos da presença física, bastam-lhes, na maioria das vezes, o olhar, a palavra, o simples gesto de carin...

Ajuda-te hoje

Sim, nas leis da reencarnação, quase todos nós, os filhos da Terra, temos o passado a resgatar, o presente a viver e o futuro a construir. Lembremo-nos, assim, de que, nas concessões da Providência Divina, o nosso mais precioso lugar de trabalho chama-se “aqui” e o nosso melhor tempo se chama “agora”. Detenhamo-nos, por isso, na importância das horas de hoje. Ontem, perturbação. Hoje, reequilíbrio. Ontem, o poder transviado. Hoje, a subalternidade edificante. Ontem, a ostentação. Hoje, o anonimato. Ontem, a incompreensão. Hoje, o entendimento. Ontem, o desperdício. Hoje, a parcimônia. Ontem, a ociosidade. Hoje, a diligência. Ontem, a sombra. Hoje, a luz. Ontem, o arrependimento. Hoje, a reconstrução. Ontem, a violência. Hoje, a harmonia. Ontem, o ódio. Hoje, o amor. Diz-nos a sabedoria de todos os tempos — “Ajuda-te que o Céu te ajudará” —, afirmativa sublime que nos permitimos parafrasear, acentuando: “Ajuda-te hoje, que o Céu te ajudará sempre”. André Luiz, do livro Coragem, psicogra...

Pagamento

Ante a exaltação jubilosa da vida no Plano Superior, quando nos distanciamos do corpo físico, surge no espelho de nossa alma a triste recordação do mal que demos guarida…  Em torno, horizontes novos nos conclama à contemplação da Beleza Eterna, enquanto que, amigos abnegados, se congregam no abraço de boas vindas.  Do coração vertem lágrimas de alegria, do cérebro renovado partem súplicas de esperanças…  Da consciência, porém, destacam-se velhas contas…  São deveres menosprezados, elos queridos que relegamos ao abandono, afeições que traímos e virtudes nascentes que aniquilamos nos outros a preço de ingratidão e crueldade.  É então que experimentamos a própria frustração ante os apelos do Céu e voltamo-nos para a Terra, sequiosos de recomeço…  O grilhão do trabalho e o socorro do esquecimento, nas reencarnações dolorosas, aparecem por chaves de preciosa libertação ao nosso espírito enredado nos próprios compromissos e tornamos ao recinto familiar para o res...

Conversar

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graças aos que a ouvem.” — Paulo. Efésios, 4: 29. O gosto de conversar retamente e as palestras edificantes caracterizam as relações de legítimo amor fraternal. As almas que se compreendem, nesse ou naquele setor da atividade comum, estimam as conversações afetuosas e sábias, como escrínios vivos de Deus, que permutam, entre si, os valores mais preciosos. A palavra precede todos os movimentos nobres da vida. Tece os ideais do amor, estimula a parte divina, desdobra a civilização, organiza famílias e povos. Jesus legou o Evangelho ao mundo, conversando. E quantos atingem mais elevado plano de manifestação, prezam a palestra amorosa e esclarecedora. Pela perda do gosto de conversar com alguém, pode o homem avaliar se está caindo ou se o amigo estaciona em desvios inesperados. Todavia, além dos que se conservam em posição de superioridade, existem aqueles que desfiguram o dom sagrad...

Ante o ofensor

Aquele que nos fere terá assumido, aos nossos olhos, a feição de inimigo terrível, no entanto, o Divino Mestre que tomamos por guia de nosso pensamento e conduta, determina venhamos a perdoá-lo setenta vezes sete vezes. Por outro lado as ciências psicológicas da atualidade, absolutamente concordes com Jesus, asseveram que é preciso desinibir o coração de quaisquer ressentimentos e estabelecer o equilíbrio na governança de nossas potências mentais a fim que a tranquilidade se nos expresse na existência em termos de saúde e harmonia. Como, porém, realizar semelhante feito? Entendendo-se que a compreensão não é fruto de afirmativas labiais, é forçoso reconhecer que o perdão exige operações profundas nas estruturas da consciência. Se um problema desse nos aflora ao cotidiano, – a nós, os que aspiramos a seguir o Cristo, – pensemos primeiramente em nosso opositor na condição de filho de Deus, tanto quanto nós, e situando-nos no lugar dele, imaginemos em como estimaríamos que a Lei de Deus n...

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Tudo na Terra subsiste por atos sucessivos e inevitáveis de fé. O verme confia no Sol que ele não entende e fecunda o solo em que se refugia. A gleba confia no verme que não pode realmente definir e habilita-se aos tesouros da sementeira. O homem do campo aplica-se à lavoura, contando com os favores climatéricos que ainda não pode governar com segurança e o tempo lhe responde ao suor com a bênção da colheita. O artífice devota-se ao burilamento dos metais, confiando nas leis que lhes presidem a estrutura e, aproveitando os recursos da natureza que mal conhece plasma em beneficio da civilização, a utilidade e a obra-prima. Todas as operações da existência humana, por mínimas se mostrem, baseiam-se em atitudes de fé, sem as quais, toda a vida sofreria perturbação. O homem confia no estômago que não vê e alimenta-se, garantindo a si próprio a saúde e a robustez; confia no motor cuja capacidade não lhe é de todo perceptível e movimenta-se com exatidão na solução de problemas imediatos; con...

Esmola e oração

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Em matéria de esmola e oração, não olvidemos de conjugar os verbos pedir, obter e dar, para que se nos aperfeiçoe o sentimento.  Em verdade, asseverou-nos Jesus: – “Procurai e achareis”.  Mas, afirmou igualmente: – “Brilhe vossa luz”.  Sem dúvida, advertiu-nos, bondoso: – “Pedi e dar-se-vos-á”. Entretanto, acrescentou: – Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.  Realmente, cada dia, rogas para teu filho a Bênção Celestial, em forma de saúde e segurança, bondade e inteligência, contudo não te esqueças de que podes, na maioria das circunstâncias, descer do trono doméstico e estender fraternos braços aos filhinhos alheios, que tremem de frio ou que soluçam de fome, para quem significarás resposta sublime a dolorosos apelos.  Pedes alegria ao Todo Misericordioso e, decerto, o Todo Misericordioso reconfortar-te-á o coração abatido, no entanto, aprende também a ser o consolo dos que vagueiam, desesperados, na noite da perturbação e do sofrimento, quando não jazem a...

Servir a Deus

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 Em nome do amor a Deus, acumulam-se, na Terra, tesouros e monumentos. Centenas de santuários, sob a rubrica de cultos diversos, espalham-se em todos os continentes. Pagodes e mesquitas, catedrais e basílicas, torres e capelas aparecem, majestosos, na Ásia e na África, na Europa e na América, pretendendo honorificar a Providência Divina. É assim que surgem, aqui e ali, casas de adoração com variada nomenclatura. Templos-palácios. Templos-estilos. Templos-museus. Templos-consagrações. Templos-claustros. Templos-troféus. Os altares para os ofícios religiosos, que os hebreus da antiguidade remota situavam em mesas de pedra, no alto dos montes, são hoje relicários suntuosos, faiscantes de pedraria. E para o curso das orações, convertidas em cerimônias complexas, há todo um ritual de cores e perfume, reclamando vasos e paramentos que valem por vigorosas afirmações, nos domínios da posse material. Longe de nós, porém, qualquer crítica destrutiva aos irmãos que adornam, assim, o campo da ...

Perante o Divino Mestre

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Que mal fez Ele? - perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: seja crucificado! - Mateus, 27: 23. Jesus Cristo! …  Condenado sem culpa, vencido e vencedor…  Profundamente amado, violentamente combatido! De todos os títulos, preferiu o de Mestre, conquanto devesse, nas Provas Supremas, reconhecer-se abandonado pelos discípulos. De todas as profissões praticou, um dia, a de carpinteiro, ciente de que não teria para a ministração de seus apelos e ensinamentos nem culminâncias de poder terrestre e nem galerias de ouro, mas, sim, pobres barcos talhados em serviço de enxó e a golpes de formão…  Soberano da Eternidade permitiu se lhe aplicassem a coroa de espinhos, deixando-se alçar num sólio constituído de dois lenhos justapostos, em dois traços distintos…  Ele que se declarou enfeixando O Caminho, a Verdade e a Vida, deu-se na Extrema Renúncia, em penhor de semelhante revelação, suspenso nas horas derradeiras, sobre o traço vertical que simbolizava a Fé, a erigir-se...

Ouvindo o sermão do monte

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Bem-aventurados os aflitos, desde que não convertam a própria dor em azorrague de recriminações sobre a face alheia.  Bem-aventurados os que choram, contudo, desfrutarão a divina bênção se não transformarem as próprias lágrimas em venenosa indução à preguiça.  Bem-aventurados os sedentos de justiça, no entanto, para que o título celeste lhes exorne o espírito atormentado, será preciso se abstenham de demandas domésticas ou de querelas nos tribunais com que apenas agravariam os próprios débitos, ante a Lei.  Bem-aventurados os humildes de espírito todavia, para que se adornem com o sublime talento, é indispensável não conduzam a própria modéstia ao caminho do orgulho em que se entregarão, desvairados, à crítica desairosa e à condenação sistemática dos companheiros que lhes partilham a senda.  Bem-aventurados os misericordiosos, mas para que se ergam felizes, na execução da promessa, é imprescindível não façam da compaixão simples peça verbal, para discurso brilhante....

Para os montes

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“Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes.” - Jesus. Mateus, 24:16. Referindo-se aos instantes dolorosos que assinalariam a renovação planetária, aconselhou o Mestre aos que estivessem na Judeia procurar os montes. A advertência é profunda, porque, pelo termo “Judeia”, devemos tomar a “região espiritual” de quantos, pelas aspirações íntimas, se aproximem do Mestre para a suprema iluminação. E a atualidade da Terra é dos mais fortes quadros nesse gênero. Em todos os recantos, estabelecem-se lutas e ruínas. Venenos mortíferos são inoculados pela política inconsciente nas massas populares. A baixada está repleta de nevoeiros tremendos. Os lugares santos permanecem cheios de trevas abomináveis. Alguns homens caminham ao sinistro clarão de incêndios. Aduba-se o chão com sangue e lágrimas, para a semeadura do porvir.  É chegado o instante de se retirarem os que permanecem na Judeia para os “montes” das ideias superiores. É indispensável manter-se o discípulo do bem nas alt...

Viver pela fé

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Paulo de Tarso, Rembrandt “Mas o justo viverá pela fé.” — Paulo. Romanos, 1: 17. Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá pela fé. Não poucos aprendizes interpretaram erradamente a assertiva. Supuseram que viver pela fé seria executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos. Frequentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a simbologia sectária, indicariam a presença do homem justo. Mas nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. E, antes de tudo, é necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias da existência. Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus. Os dias são ridentes e tranquilos? Tenhamos boa memória e não desdenhemos a moderação. São escuros e tristes? Confiemos em Deus, sem cuja permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono do mundo? O Pai jamais nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, ...

Em serviço

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Distribuição de gêneros alimentícios, em maio de 1973, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba Na extensão do Cristianismo Evangélico, as tarefas, em verdade, são a cópia das atividades na lavoura do bom grão.  Há quem prepare o solo, quem dirija o arado, quem proteja os animais, quem lance a sementeira.  Agora, alguém cuida de amparar a germinação.  Em seguida, outros combatem a erva daninha e os insetos malignos.  Depois, outros agem, para que as flores apareçam felizes.  Mais tarde, mãos diversas colhem os frutos, enquanto braços diligentes atendem ao celeiro, a fim de que outros, ainda, possam cozer a sopa e oferecê-la ao faminto.  Nas obras da fé puramente cristã, há lugar para colaboradores de todas as procedências.  Há quem alfabetize, quem doutrine, quem eduque, quem administre, quem obedeça, quem movimente, quem proteja a infância, quem abrigue a velhice, quem socorra o corpo enfermo e quem reconforte o coração desesperado.  O essencial, ...

Na hora da Caridade

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Não te furtarás ao serviço de emenda e nem recusarás a constrangedora obrigação de restaurar a realidade,mas unge o coração de brandura para corrigir abençoando e orientar construindo! A dificuldade do próximo é intimação à beneficência, no entanto, assim como é preciso condimentar de amor o pão que se dá para que ele não amargue a boca que o recebe, é indispensável também temperar de misericórdia o ensinamento que se ministra para que a palavra esclarecedora não perturbe o ouvido que a recolhe. Na hora da caridade, não reflitas apenas naquilo que os irmãos necessitados devem fazer! Considera igualmente aquilo que lhes não foi possível fazer ainda! Coteja as tuas oportunidades com as deles. Quantos atravessaram a infância sem a refeição de horário certo e quantos se desenvolveram, carregando moléstias ocultas! Quantos suspiraram em vão pela riqueza do alfabeto, desde cedo escravizados a tarefas de sacrifício e quantos outros cresceram em antros de sombra, sob as hipóteses da viciação e...

Efetivamente

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Acender a própria luz, imagem baixada da internet VIGIAR não é desconfiar. É acender a própria luz, ajudando os que se encontram nas sombras.  DEFENDER não é gritar. É prestar mais intensos serviços às causas e às pessoas.  AJUDAR não é impor. É amparar, substancialmente, sem pruridos de personalismo, para que o beneficiado cresça, se ilumine e seja feliz por si mesmo.  ENSINAR não é ferir. É orientar o próximo, amorosamente, para o reino da compreensão e da paz.  RENOVAR não é destruir. É respeitar os fundamentos, restaurando as obras para o bem geral.  ESCLARECER não é discutir. É auxiliar, através do espírito de serviço e da boa vontade, o entendimento daqueles que ignoram.  AMAR não é desejar. É compreender sempre, dar de si mesmo, renunciar aos próprios caprichos e sacrificar-se para que a luz divina do verdadeiro amor resplandeça.  André Luiz, do livro Agenda Cristã, psicografado por Chico Xavier

Ainda quando

Sim, meus amigos, recordemos a palavra de Paulo, o apóstolo da libertação espiritual. Ainda quando senhoreássemos todos os idiomas de comunicação entre os homens e os anjos, na Terra e nos Céus, e não tivermos caridade…  Ainda quando possuíssemos as chaves do conhecimento universal para descerrar todas as portas das grandes revelações e não tivermos caridade…  Se conquistássemos as maiores distâncias atingindo outros planetas e outras humanidades no Império Cósmico e não tivermos caridade…  Ainda quando enfeixássemos nas mãos todos os poderes da ciência com a possibilidade de comandar tanto os movimentos do Macrocosmo, quanto a força dos átomos e não tivermos caridade…  Ainda quando conseguíssemos dominar a profecia e enxergar no futuro todos os passos das nações porvindouras e não tivermos caridade. Então, de nada terão valido para nós outros as vitórias da inteligência, porque, sem amor, permaneceremos ilhados em nossa própria inferioridade, inabilitados para qualq...

Tende calma

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Muitiplicação do pães, imagem baixada da internet “E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” — João, 6: 10. Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas. Verifica-se quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no isolamento da natureza. Os discípulos estão preocupados. Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à dificuldade imprevista. André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de cevada e dois peixes. Todos discutem. Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se faça harmonia. E distribuí o recurso com todos, maravilhosamente.  A grandeza da lição é profunda. Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam nele, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos celestes. Misturam Jesus com as suas imprec...

Pureza de coração

Não te prendas tão-somente aos imperativos da pureza exterior.  Aparência, muita vez, é contraste e ilusão.  Há pessoas que trajam linho alvo, carregando lodo na consciência.  Há sacerdotes envergando hábitos irrepreensíveis trazendo consigo impiedade e negação.  Há juízes de mãos corretamente lavadas, cujo espírito é um espinheiro de venalidade cruel.  Há tribunos de frases perfeitas na sagração do bem, cujos sentimentos se nutrem com as venenosas raízes do mal.  Há crentes que reverenciam a caridade nos templos em que se aproximam das bênçãos do Céu, mal dissimulando o chavascal de ódio e exclusivismo em que se comprazem.  Não basta a feição externa da vida para que os problemas do mundo se resolvam.  A beleza vitoriosa, no campo físico, quase sempre pode ser simplesmente máscara que o tempo arrebata e consome.  A impecabilidade do traje, em muitas ocasiões, pode reduzir-se a dourado esconderijo dos interesses inferiores.  Lembremo-nos...

Fuga

Os cristãos antigos viram companheiros que desertavam da luta, a pretexto de ouvir o Senhor no silêncio da clausura e na quietude das terras de ninguém, supondo erroneamente que as sombras da tentação enxameassem à distância deles próprios.  Foram eles os anacoretas de todos os matizes que lançaram as bases do retiro espiritual que, ainda hoje, se ergue em numerosas instituições que atravessaram os séculos.  Hoje, porém, conhecemos os cristãos que fogem apavorados de si mesmos, não mais buscando o silêncio inútil do espaço ermo, mas, sim, o ruído ensurdecedor do mundo externo, em cujos entretenimentos pretendem esquecer as obrigações que o Senhor lhes confia.  Muitos adotam o mergulho nos prazeres sensoriais acordando com o tédio a envenenar-lhes o dia, enquanto outros muitos avançam aos negócios da falaciosa riqueza humana, despertando nos dolorosos pesadelos da penúria espiritual em que se lhes aniquilam todos os sonhos.  Legiões deles buscam ouvir amigos desencarn...

Amizade

Contam as tradições da Vida Espiritual que o apóstolo João, em se retirando Jesus da ceia que lhe precedeu o encarceramento, perguntou-lhe agoniado: – Senhor, por que predizes a nossa separação? por que nos deixarás, segundo profetizas? Acompanho-te os passos e ouço-te as pregações, não porque busque fortuna ou poder, influência ou renome…  É que encontrei contigo o que buscava, a compreensão e o amor fraterno, a simpatia e o acolhimento…  Senhor, não nos abandones, precisamos de ti…  O Cristo afagou-lhe a cabeça e passou a novas instruções, dentre as quais, afirmou: – “Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas vos tenho chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (João, 15:15) AMIGOS foi a titulação mais expressiva que Jesus destacou do vocabulário para definir os companheiros. Isso naturalmente ocorreu, porque nenhum de nós consegue algo realizar sem amigos que nos comunguem os pensamentos e nos aux...

Imperativo da paciência

Provável que raros amigos pensem nisto: paciência por imunização contra o suicídio. Nas áreas da atividade humana, bastas vezes, surgem para a criatura determinados topos de provação para cuja travessia, nem sempre bastará o conhecimento superior. É necessário que a alma se apoie no bastão invisível da paciência, a fim de não resvalar em sofrimentos maiores. Eis porque nos permitimos endereçar reiterados apelos aos irmãos domiciliados no Plano Físico a fim de que se dediquem ao coletivo da compreensão. Se te encontras sob o impacto de conflitos domésticos, ante aqueles que se façam campo de vibrações negativas, usa a tolerância, quanto possível, em auxílio à segurança da equipe familiar a que te vinculas. Nas decepções, sejam quais forem, reflete no valor da ponderação em teu próprio benefício. Diante de golpes que te sejam desfechados, esquece injúrias e agravos e pensa nas oportunidades do trabalho que se te farão apoio defensivo contra o desespero. Sob acusações que reconhece imerec...

O que é a carne?

“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” — Paulo. Gálatas, 5: 25. Quase sempre, quando se fala de espiritualidade, apresentam-se muitas pessoas que se queixam das exigências da carne. É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscências da carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos. Nós mesmos, frequentemente, nos sentimos na necessidade de aproveitar o símbolo para tornar mais acessíveis as lições do Evangelho. O próprio Mestre figurou que o espírito, como elemento divino, é forte, mas que a carne, como expressão humana, é fraca. Entretanto, o que é a carne? Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e ainda não percebestes, porventura, que a carne é um composto de fluídos condensados? Naturalmente, esses fluídos, em se reunindo, obedecerão aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade, mas, esse conjunto é passivo e não determina por si. Podemos figurá-lo como casa terrestre, dentro da qual o espí...

Diante do lar

O lar é o centro de nossas atividades no mundo. Efetivamente, a Terra é a nossa temporária residência na vida e a Humanidade é a nossa verdadeira equipe familiar. Entretanto, no microcosmo doméstico, tens a lição e a bênção, a escola e a estação de cura. É por isso que entre as quatro paredes da casa terrestre, encontramos, enquanto na experiência física, os mais obscuros problemas. Aí dentro, no reduzido espaço de alguns metros, conhecemos o assalto do ciúme, o golpe da maledicência, o fel da incompreensão, as trevas da calúnia, o vinagre da crítica, o frio da indiferença e a dor do cansaço, recolhendo, muita vez, pedras e espinhos de mãos queridas que desejaríamos viver osculando com inexcedível ternura. No acanhado círculo da consanguinidade, surgem para a alma as mais aflitivas sugestões de fracasso e os mais fortes apelos ao desânimo. Todavia, é também na intimidade desse anel de luta depuradora que surpreendemos abençoadas oportunidades de acrisolamento e ascensão. Absorvendo-lhe...

De lá para cá

Ninguém julgue que a morte represente salvo-conduto para a beatitude celeste. Muitas existências em que o programa do bem padece frustração pela nossa rebeldia ou indiferença somente recolhem, depois do túmulo, a aflitiva purgação de nossos erros deliberados. O inferno mental estabelecido por nós, dentro de nossas próprias almas, exige-nos o retorno à matéria densa para que as chamas do remorso ou do arrependimento se apaguem ao contato de novas lutas … Aqui, é o usuário que deseja desvencilhar-se da obsessão do ouro usando a túnica da pobreza. Ali, é o tirano que se propõe a aprender humildade nas linhas do anonimato e da angústia. Mais além, é o delinquente que suspira por reencontrar as vítimas de ontem a fim de resgatar os débitos contraídos. Porém, na conquista do recomeço, é indispensável se esforcem com devotamento e renúncia, por alcançar a reencarnação que os investirá na posse da oportunidade pretendida. Para isso, empenha-se em rasgos de sacrifício, plantando entre os encarn...

Recapitulações

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“Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” — João, 12: 43. Os séculos parecem reviver com seus resplendores e decadências. O mundo fornece a impressão dum campo onde as cenas se repetem constantemente. Tudo instável. A força e o direito caminham com alternativas de domínio. Multidões esclarecidas regressam a novas alucinações. O espírito humano, a seu turno, considerado insuladamente, demonstra recapitular as más experiências, após alcançar o bom conhecimento. Como esclarecer a anomalia? A situação é estranhável porque, no fundo, todo homem tem sede de paz e fome de estabilidade. Importa reconhecer, porém, que, no curso dos milênios, as criaturas humanas, em múltiplas existências, têm amado mais a glória terrena que a glória de Deus. Inúmeros homens se presumem redimidos com a meditação criteriosa do crepúsculo, mas... e o dia que já se foi? Na justiça misericordiosa de suas decisões, Jesus concede ao trabalhador hesitante uma oportunidade nova, o dia volta. Refu...

Saúde

A saúde é assim como a posição de uma residência que denuncia as condições do morador, ou de um instrumento que reproduz em si o zelo ou a desídia das mãos que o manejam. A falta cometida opera em nossa mente um estado de perturbação, ao qual não se reúnem simplesmente as forças desvairadas de nosso arrependimento, mas também as ondas de pesar e acusação da vítima e de quantos se lhe associam ao sentimento, instaurando desarmonias de vastas proporções nos centros da alma, a percutirem sobre a nossa própria instrumentação. Semelhante descontrole apresenta graus diferentes, provocando lesões funcionais diversas. A cólera e o desespero, a crueldade e a intemperança criam zonas mórbidas de natureza particular no cosmo orgânico, impondo às células a distonia pela qual se anulam quase todos os recursos de defesa, abrindo-se leira fértil à cultura de micróbios patogênicos nos órgãos menos habilitados à resistência. É assim que, muitas vezes, a tuberculose e o câncer, a lepra e a ulceração apa...

Padecer

“Nada temas das coisas que hás de padecer.” — Apocalipse, 2: 10. Uma das maiores preocupações do Cristo foi alijar os fantasmas do medo das estradas dos discípulos. A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendas da vida. Traduz confiança plena. Afinal, que significará “padecer”? O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos. A fim de prestar a devida cooperação ao Evangelho, é justo nos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho do encontro com Jesus, compreendendo que o amigo leal é o que não procura contender e está sempre disposto à execução das boas tarefas. Participar do espírito de serviço evangélico é partilhar das decisões do Mestre, cumprindo os desígnios divinos do Pai que está nos Céus. Não temamos, pois, o que possamos vir a sof...

Educação no lar

Eu falo do que vi junto de meu Pai, vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.” — Jesus. João, 8: 38. Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos. Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem ameaçadora. A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozos improdutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou a mulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre, estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na vala comum da inutilidade. Debalde se impr...

Que buscais?

“E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais?” João, 1: 38. A vida em si é um conjunto divino de experiências. Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novos conhecimentos. A aquisição de valores religiosos, entretanto, é a mais importante de todas, em virtude de constituir o movimento de iluminação definitiva da alma para Deus. Os homens, contudo, estendem a esse departamento divino a sua viciação de sentimentos, no jogo inferior dos interesses egoísticos. Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveis e de votos absurdos. Muitos devotos entendem encontrar na Divina Providência uma força subornável, eivada de privilégios e preferências. Outros se socorrem do plano espiritual com o propósito de solucionar problemas mesquinhos. Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exemplificou. A cruz do Calvário é símbolo vivo. Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos. Sem a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associad...

Por Cristo

E se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta. — Paulo. Filemon, 1: 18. Enviando Onésimo a Filemon, Paulo, nas suas expressões inspiradas e felizes, recomendava ao amigo lançasse ao seu débito quanto lhe era devido pelo portador. Afeiçoemos a exortação às nossas necessidades próprias. Em cada novo dia de luta, passamos a ser maiores devedores do Cristo. Se tudo nos corre dificilmente, é de Jesus que nos chegam as providências justas. Se tudo se desenvolve retamente, é por seu amor que utilizamos as dádivas da vida e é, em seu nome, que distribuímos esperanças e consolações. Estamos empenhados à sua inesgotável misericórdia. Somos Dele e nessa circunstância reside nosso título mais alto. Por que, então, o pessimismo e o desespero, quando a calúnia ou a ingratidão nos ataquem de rijo, trazendo-nos a possibilidade de mais vasta ascensão? Se estamos totalmente empenhados ao amor infinito do Mestre, não será razoável compreendermos pelo menos alguma particularidade...

Prodígios da fé

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Esquecer agravos. Apagar injúrias. Desprender-se das posses materiais em benefício dos outros. Reconhecer as próprias fraquezas. Praticar a humildade. Abençoar os que nos firam. Amar os adversários. Orar pelos que nos perseguem e caluniam. Converter dores em bênçãos. Aceitar as provações da vida com paciência e bom ânimo. Transformar os golpes do mal em oportunidades para fazer o bem. Servir ao próximo em qualquer circunstância. Jamais duvidar da presença de Deus. Semelhantes atitudes são prodígios da fé; busquemos sustentá-las com todo o nosso coração, recordando as palavras do Mestre a cada enfermo que Seu Divino Amor levantava e restaurava nos caminhos do mundo: “a tua fé te curou”. Albino Teixeira, do  livro Caminho Espírita, psicografado por Chico Xavier