Ouvindo o sermão do monte
Bem-aventurados os aflitos, desde que não convertam a própria dor em azorrague de recriminações sobre a face alheia.
Bem-aventurados os que choram, contudo, desfrutarão a divina bênção se não transformarem as próprias lágrimas em venenosa indução à preguiça.
Bem-aventurados os sedentos de justiça, no entanto, para que o título celeste lhes exorne o espírito atormentado, será preciso se abstenham de demandas domésticas ou de querelas nos tribunais com que apenas agravariam os próprios débitos, ante a Lei.
Bem-aventurados os humildes de espírito todavia, para que se adornem com o sublime talento, é indispensável não conduzam a própria modéstia ao caminho do orgulho em que se entregarão, desvairados, à crítica desairosa e à condenação sistemática dos companheiros que lhes partilham a senda.
Bem-aventurados os misericordiosos, mas para que se ergam felizes, na execução da promessa, é imprescindível não façam da compaixão simples peça verbal, para discurso brilhante.
Aflição com revolta chama-se desespero.
Pranto com rebeldia é poça de fel.
Sede de justiça com reivindicações apressadas é destrutiva exigência.
Singeleza com reproches à alheia conduta é sistema de crueldade.
Misericórdia sem esforço de auxílio é simples ornamento na boca.
Cogitemos de assimilar as bem-aventuranças divinas, sem nos esquecermos, porém, de que todas elas traduzem atitudes da consciência e gestos do coração, porque só no coração e na consciência é que se fundamentam os alicerces do glorioso Reino de Deus.
Emmanuel, do livro Refúgio, psicografado por Chico Xavier
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