28 abril 2025

Na subida espiritual


Mas alguém dirá: tu tens a fé e eu tenho as obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. – Tiago, 2: 18.

Esmorecer na prática das boas obras será desmerecer-nos diante delas. Acontece o mesmo no trabalho de elevação.
A planta que hoje reclama extremo cuidado ao cultivador não lhe dá frutos imediatos.
O aprendiz, de começo, na escola, não responde às arguições do professor na pauta do entendimento e da cultura com que lhe recolhe os ensinamentos.
Que seria de nós, as criaturas humanas destinadas à perfeição Angélica, se o Criador nos exigisse chegar à meta de um dia para outro?
Em todo empreendimento digno, tanto quanto em qualquer construção, entre o início e o acabamento da tarefa jazem, de permeio, o ideal e o serviço, a persistência e a esperança.
E quando a empresa em curso se refere ao nosso anseio de melhorar espiritualmente aqueles que mais amamos, é forçoso reconhecer que ninguém consegue modificar alguém, sem que esse alguém se disponha à transfiguração necessária.
Compreendamos assim que, se não é lógico alterarem-se, por nossa causa, as leis e as experiências que regem as criaturas e as instituições que nos sejam queridas, podemos perfeitamente mudar a nós mesmos pela força de nossa vontade na oração, na decisão, no serviço e na lealdade aos compromissos assumidos para a sustentação das boas obras, seja no plano externo ou no campo íntimo, em nós ou fora de nós, aprendendo a compreender e a sofrer, a edificar e a servir, a suportar e a esperar.

Espírito Emmanuel, do livro Bênção de paz, psicografado por Chico Xavier.

27 abril 2025

Ave, Cristo!


Hoje, como outrora, na organização social em decadência, Jesus avança no mundo, restaurando a esperança e a fraternidade, para que o santuário do amor seja reconstituído em seus legítimos fundamentos.
Por mais se desenfreie a tormenta, Cristo pacifica.
Por mais negreje a sombra, Cristo ilumina.
Por mais se desmande a força, Cristo reina.
A obra do Senhor, porém, roga recursos na concretização da paz, pede combustível para a luz e reclama boa vontade na orientação para o bem.
A ideia divina requisita braços humanos.
A bênção do Céu exige recipientes na Terra.
O Espiritismo, que atualmente revive o apostolado redentor do Evangelho, em suas tarefas de reconstrução, clama por almas valorosas no sacrifício de si mesmas para estender-se, vitorioso.
Há chamamentos do Senhor em toda a parte.
Enquanto a perturbação se alastra, envolvente, e enquanto a ignorância e o egoísmo conluiados erguem trincheiras de incompreensão e discórdia entre os homens, quebram-se as fronteiras do Além, para que as vozes inolvidáveis dos vivos da eternidade se expressem, consoladoras e convincentes, proclamando a imortalidade soberana e a necessidade do Divino Escultor em nossos corações, a fim de que possamos atingir a nossa fulgurante destinação na vida imperecível.
Alinhando pois, as reminiscências deste livro, não nos propomos romancear, fazer literatura de ficção, mas sim trazer aos nossos companheiros do Cristianismo redivivo, na seara espírita, breve página da história sublime dos pioneiros de nossa fé.
Que o exemplo dos filhos do Evangelho, nos tempos pós-apostólicos, nos inspire hoje a simplicidade e o trabalho, a confiança e o amor, com que sabiam abdicar de si próprios, em serviço do Divino Mestre! Que saibamos, quanto eles, transformar espinhos em flores e pedras em pães, nas tarefas que o Alto depositou em nossas mãos!…
Hoje, como ontem, Jesus prescinde das nossas guerrilhas de palavras, das nossas tempestades de opinião, do nosso fanatismo sectário e do nosso exibicionismo nas obras de casca sedutora e miolo enfermiço.
O Excelso Benfeitor, acima de tudo, espera de nossa vida o coração, o caráter, a conduta, a atitude, o exemplo e o serviço pessoal incessante, únicos recursos com que poderemos garantir a eficiência de nossa cooperação, em companhia dele, na edificação do Reino de Deus.
Suplicando-lhe, assim, nos ampare o ideal renovador, nos caminhos de árdua ascensão que nos cabe trilhar, repetimos com os nossos veneráveis instrutores dos primeiros séculos da Boa Nova:
— Ave, Cristo! Os que aspiram à glória de servir em teu nome te glorificam e saúdam!

Espírito Emmanuel, prefácio do livro Ave Cristo. Psicografia por Chico Xavier, 18 de abril de 1953.

26 abril 2025

A sublime sentença


Ao pé de templo enorme, a praça tumultua.
Ansiosa expectação na calçada poeirenta...
A massa encontra o Cristo e, trágica, apresenta
Consternada mulher a chorar seminua...

– “Adúltera, Senhor!” – velho escriba insinua.
– “Que dizes, Mestre?” – insiste a multidão violenta –  
“Somos o tribunal que a tradição sustenta,
A lei é apedrejar nos libelos da rua!”

– Fita o Mestre a infeliz que à miséria alanceia;
Inclina-se, em seguida, e escreve sobre a areia,
Como quem grava o sonho onde a vida não medra.

Depois, contempla em torno a malícia, o veneno,
E exclama para a turba, entre nobre e sereno:
– “Quem for puro entre vós, lance a primeira pedra!”
 
Espírito Francisco Antônio de CARVALHO JÚNIOR*. Do livro Antologia dos Imortais, página recebida por Chico Xavier.

(*) Depois de ingressar na Faculdade de Direito de São. Paulo, fazendo o terceiro e quarto anos no Recife, somente em 1877 concluía o curso em São Paulo. Ainda estudante, colaborou na República, de Lúcio de Mendonça. Poeta, folhetinista, crítico literário, dramaturgo. Nomeado promotor de Angra dos Reis, em 1878, transferiu-se depois para o Rio, onde viria à desencarnar no ano seguinte, como juiz municipal. Machado de Assis reconheceu o talento do jovem C. J., afirmando ser ele «poeta, e de raça» (Apud Péricles Eug. da S. Ramos, in Lit. no Brasil, II, pagina 292). (Rio de Janeiro, GB, 6 de Maio de 1855 – Rio de Janeiro, GB, '3 de Maio de :1879. )
BIBLIOGRAFIA : Escritos Póstumos.

 

25 abril 2025

No caminho das horas


Não te digas inútil.
Nem fujas de servir.
Deus é o Sol Supremo, no entanto, podes exercer a função da vela humilde, quando se faz pequena chama arredando as trevas.
Em Deus brilha a eterna alegria, mas dispões de recursos para ser o sorriso que reanima a esperança em corações desalentados.
Deus é a sabedoria, entretanto, guardas a possibilidade de construir a frase renovadora em auxílio aos irmãos em desespero.
Deus é a misericórdia integral, contudo, nada te impede de sustentar o perdão das ofensas.
Deus é todo poder; trazes, porém, força bastante a fim de prestar esse ou aquele serviço, em favor de alguém.
Não te emaranhes no cipoal do tempo perdido.
Prossegue abençoando e servindo.
Sigamos a luz do bem.
Deus é o amor infinito, no entanto, aqui e além, hoje e sempre, podes ser a migalha.


Espírito Meimei, do livro Amizade, psicografado por Chico Xavier.

23 abril 2025

Companheiros de jornada


Talvez que um dos mais belos espetáculos ante a Espiritualidade Superior, seja o de anotar a persistência dos companheiros enfaixados na Vida Física, sempre que se mostrem decididamente empenhados a lutar pela vitória do bem.
Companheiros que, em muitas ocasiões comparecem nas tarefas do bem, vergados ao peso do sofrimento; que se reconhecem constantemente visitados por forças contrárias aos compromissos que abraçam a lhes testarem a resistência; que, não raro, suportam tempestades ocultas na própria alma: que, às vezes, se sentem espancados por injúrias nascidas de muitos daqueles aos quais se afeiçoaram com os mais altos valores da própria vida e, que, no entanto, renovam as próprias forças na oração, através da qual confiam em Deus e em si mesmos, prosseguindo adiante nos encargos construtivos que lhes dizem respeito.
Em outras circunstâncias, eles próprios caem no erro, sempre natural naqueles que ainda caminham sob os véus da existência física, mas sabem reerguer-se, de imediato, com suficiente humildade para o recomeço da marcha.
E trabalham. E se esfalfam na própria melhoria, respeitando a estrada dos outros, da qual recolhem exemplos edificantes, sem procurarem qualquer motivação à censura, evitando congelar a seara alheia.

Se te propões a colaborar no levantamento do bem de todos, não desistas de agir e servir.
Momentos sobrevirão em que o teu campo de atividades parecerá coberto de sombras e sentirás talvez o coração transido de lágrimas.
Ainda assim, não te marginalizes.
Chora, mas prossegue lutando e trabalhando pelo bem comum.
Se tropeças, reajusta-te.
Se cais, levanta-te e continua em serviço.
Se desenganos te requisitam, torna ao replantio de esperanças maiores e segue adiante, amando e auxiliando no melhor a fazer.
Relacionando as dificuldades que todos trazemos, por enquanto, nos recessos do ser, é justo considerar que a vitória em nós e sobre nós ainda nos custará muito esforço de construção e reajuste, entretanto, para altear-nos ao ideal do bem, fixando energias para sustentá-lo, recordemos o Cristo de Deus; regressando, depois da morte, à convivência dos discípulos, Jesus nem de longe lhes assinala as deficiências e as fraquezas e sim lhes reafirma em plenitude de confiança: – “Estarei convosco até o fim dos séculos.”

Espírito Emmanuel, do livro Amigo psicografado por Chico Xavier.