10 janeiro 2021

Pureza de coração


Não te prendas tão-somente aos imperativos da pureza exterior. 

Aparência, muita vez, é contraste e ilusão. 

Há pessoas que trajam linho alvo, carregando lodo na consciência. 

Há sacerdotes envergando hábitos irrepreensíveis trazendo consigo impiedade e negação. 

Há juízes de mãos corretamente lavadas, cujo espírito é um espinheiro de venalidade cruel. 

Há tribunos de frases perfeitas na sagração do bem, cujos sentimentos se nutrem com as venenosas raízes do mal. 

Há crentes que reverenciam a caridade nos templos em que se aproximam das bênçãos do Céu, mal dissimulando o chavascal de ódio e exclusivismo em que se comprazem. 

Não basta a feição externa da vida para que os problemas do mundo se resolvam. 

A beleza vitoriosa, no campo físico, quase sempre pode ser simplesmente máscara que o tempo arrebata e consome. 

A impecabilidade do traje, em muitas ocasiões, pode reduzir-se a dourado esconderijo dos interesses inferiores. 

Lembremo-nos de que o Senhor se referia à pureza de coração e procuremos cultivá-la conosco, em primeiro lugar. 

O coração limpo clareia os olhos e os ouvidos que, inspirados nele, não conseguem ver e ouvir senão o bem por onde caminham. 

Do coração puro sobe a Luz Celeste ao cérebro que raciona, sublimando no espírito os pensamentos que arroja de si mesmo, na modelagem do destino que lhe cabe realizar. 

Esforcemo-nos por encontrar a “parte melhor” onde estivermos. 

O Sopro Divino alenta na Criação todas as cousas e as criaturas. 

Não vale reprovar, criticar, condenar ou destruir. 

Em todos os lugares, surpreenderemos o apelo do Todo-misericordioso, induzindo-nos a cooperar na exaltação de seu Amor Infinito. 

Busquemos auxiliar a todos, totalizando em nossa fraternidade, os velhos e os jovens, os bons e os menos bons, os felizes e os infelizes, os sábios e os ignorantes, os ricos de Luz e os podres de entendimento, e, nessa faina bendita de louvar o bem, lavaremos o tecido sutil de nossas almas para que o nosso coração se faça puro, nele erguendo o santuário em que contemplaremos, um dia, em 

Espírito e Verdade, a Divina Presença de Deus. 


Emmanuel, do livro Refúgio, psicografado por Chico Xavier

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