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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Prêmio ao sacrifício

Três irmãos dedicados a Jesus leram no Evangelho que cada homem receberá sempre, de acordo com as próprias obras, e prometeram cumprir as lições do Mestre. O primeiro colocou-se na indústria do fio de algodão e, de tal modo se aplicou ao serviço que, em breve, passou à condição de interessado nos lucros administrativos. Dentro de vinte e cinco anos, era o chefe da organização e adquiriu títulos de verdadeiro benfeitor do povo. Ganhava dinheiro com imensa facilidade e socorria infortunados e sofredores. Dividia o trabalho equitativamente e distribuía os lucros com justiça e bondade. O segundo estudou muito tempo e tornou-se juiz famoso. Embora gozasse do respeito e da estima dos contemporâneos, jamais olvidou os compromissos que assumira à frente do Evangelho. Defendeu os humildes, auxiliou os pobres e libertou muitos prisioneiros perseguidos pela maldade. De juiz tornou-se legislador e cooperou na confecção de leis benéficas e edificantes. Viveu sempre honrado, rico, feliz, correto e d...

Prisão ou absolvição

A porta do foro, o juiz Carmo Neto dizia ao advogado Luís Soeiro : – Você poderá, sem dúvida, funcionar na defesa, mas, na condição de juiz e de espírita mais experiente, não posso compreender a maneira pela qual você observa o caso… O réu é homicida e ladrão, abateu o próprio tio para roubar… Não sou a favor da pena de morte, nem posso aprovar a prisão perpétua. Deus nos livre de semelhantes flagelos! Mas entendo que esses delinquentes são enfermos do espírito, requisitando segregação. Alguns anos de escola e de tratamento reajustam os doentes dessa espécie… Não podemos libertar loucos furiosos… A própria Lei Divina nos concede na reencarnação os meios precisos de reajuste. Contudo, o advogado, espírita recentemente chegado à Doutrina, observava: – Doutor, mesmo assim defendê-la-ei gratuitamente, com todas as minhas forças, acreditando servir à caridade… Não concordo absolutamente com prisão para ninguém… – Aprecio a sua atitude – volveu o magistrado –, como espírita, igualmente não a...

Anotações da esperença

Se caíste em algum obstáculo, ergue-te e anda. Ninguém toma forma no corpo físico para estações de repouso. Todos somos no mundo ou no Mais Além devidamente chamados a colaborar na vitória do Bem. E o Bem aos outros será sempre a garantia de nosso próprio Bem. Se dificuldades repontam da estrada, não te omitas. Trabalha para extingui-las. Segue adiante, reconhecendo que nos cabe a todos desenvolver o esforço máximo para que, junto de nós ou longe de nós se realize o melhor. Não pares. A estagnação é ponto obscuro em que os mais substanciosos valores se corrompem. Não recorras à ideia de fatalidade para justificar o mal, porquanto o Bem de todos triunfará sempre. Os únicos derrotados no movimento criativo da vida são aqueles que atravessam a existência, perguntando o porquê das ocorrências e das cousas sem se darem ao trabalho de conhecer-lhes a origem; aqueles que descreram de Deus e de si mesmos, apagando-se no vazio do “nada mais a fazer”;   aqueles que choram inutilmente as...

Donativo do coração

Todos nós possuímos algo para dar, seja dinheiro que alivie a penúria, instrução que desterre a ignorância, auxilio que remova a dificuldade ou remédio que afaste a doença. Existe, porém, uma dádiva que todos podemos compartilhar, indistintamente, com absoluta vantagem para quem recebe e sem a mínima perda para quem dá. Referimo-nos a bênção da coragem. Quantos terão caído de altos degraus do bem, no ápice da resistência ao mal, por lhes faltar calor humano, através de uma frase afetuosa e compreensiva? Quantos terão desertado de suas tarefas enobrecedoras, com evidente prejuízo para a comunidade, precisamente na véspera de vitorioso remate, unicamente por lhes haver faltado alguém que lhes suplementasse as forças morais periclitantes com o socorro de um gesto amigo? E quantos outros tombam diariamente na frustração ou na enfermidade, tão só porque não encontram senão azedume e pessimismo na palavra daqueles de quem estão intimados à convivência? Não te armes apenas de recursos materia...

Alma e coração

A ti, leitor amigo, uma ligeira explicação quanto às páginas deste livro. Não resultam de constantes estudos, no recinto de bibliotecas preciosas, porque todas nasceram na fonte da experiência. Reunidos à luz da oração — os companheiros encarnados e nós outros, os amigos domiciliados do Mais Além, — grafamo-las no curso de reflexões e debates sobre milenares problemas do destino e do ser, da indagação e da dor. Após destacar esse ou aquele tópico da Doutrina Espírita que nos revive o Evangelho de Jesus, permutávamos impressões e comentários acerca das verdades fundamentais e simples do Universo. À face disso, são elas fragmentos de amor, colhidos em diálogos fraternos, no tentame de ajustar-nos às realidades do Espírito. Muitas vezes, os generosos interlocutores que nos honravam com atenção a palavra procediam não só de círculos laureados de conquistas acadêmicas, mas igualmente de laboriosas oficinas da vida prática; não apenas de austeros deveres do lar, mas também dos torturados dis...

Hoje é o tempo

Ontem, foste o que eras.  Amanhã, serás o que fizeres de ti.   Hoje, porém, és o que és.   Por isso mesmo, não te detenhas.   Aproveita agora para realizar o   Bem que deves e já possas fazer. Espírito Emmanuel, do livro Agora é o tempo, psicografado por Chico Xavier.

Momentos graves

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Use calma. A vida pode ser um bom estado de luta, mas o estado de guerra nunca será uma vida boa. Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Desígnios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto. Evite lágrimas inoportunas. O pranto pode complicar os enigmas em vez de resolvê-los. Se você errou desastradamente, não se precipite no desespero. O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai. Tenha paciência. Se você não chega a dominar-se, debalde buscará o entendimento de quem não o compreende ainda. Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la. O tempo não passa em vão. A pretexto de defender alguém, não penetre o círculo barulhento. Há pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto. Seja comedido nas resoluções e atitudes. Nos instantes graves, nossa realidade espiritual é mais visível. Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras pessoas, tenha cuidado....

Adversidade

Indagar quanto ao porquê das dificuldades que a vida oferece ao  homem será o mesmo que perguntar relativamente aos motivos pelos  quais o homem corta a pedra para que a pedra venha a servir.   Abandone-se a enxada ao repouso permanente e, a breve espaço,  se fará imprestável. Negue-se a fonte a transitar sobre os percalços do solo e, a tempo  curto, se transformará em tristeza do charco. A rigor, a adversidade não existiria no mundo se considerássemos  as tarefas da existência física por lições.  Fizéssemos isso e todas as provas assumiriam as dimensões que  lhes são características, passando à função de testes indispensáveis ao  exame dos valores que adquirimos. Antes de nossa própria reencarnação, muito frequentemente,  sabemos que se tomará novo berço para a recapitulação de  experiências em que não fomos felizes, seja para ressarcir débitos que  largamos à retaguarda, com o objetivo de extinguir enganos  perpetrados p...

Rendição

Tudo fizera para pagar o quinhentos mil cruzeiros…   Desesperava-se. Tudo debalde…   O desejo de autoeliminação escaldava-lhe o crânio. Sentia a necessidade de orar…  Mas, como? Abnegado amigo dispôs-se a conduzi-lo a determinado templo espírita, a fim de que pudesse recolher algum esclarecimento e consolo. Apreensivo, recebeu a palavra de generoso Mentor, que lhe dizia, em página breve: “– Irmão Avelino. Deus esteja conosco. Não desespere. Simples quarto de hora está revestido de imenso valor e, por vezes, modifica inteiramente o destino. Volte ao lar e ouça Jesus no Evangelho. Somente o Evangelho guarda bastante luz para a solução de nossos problemas.” Terminada a reunião, afastou-se Avelino, sem dar-se por satisfeito. Estava desapontado e desgostoso. Fugiria do mundo. Ninguém lhe evitaria semelhante propósito. Ao retornar a casa, inquieto em suas cogitações, reparou que os faróis do ônibus incidiram sobre a frente de um transportador de carga, a movimentar-se em sentid...

A prece recompõe

“E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos.” - ATOS, 4: 31. Na construção de simples casa de pedra, há que despender longo esforço para ajustar ambiente próprio, removendo óbices, eliminando asperezas e melhorando a paisagem. Quando não é necessário acertar o solo rugoso, é preciso, muitas vezes, aterrar o chão, formando leito seguro, à base forte. Instrumentos variados movimentam-se, metódicos, no trabalho renovador. Assim também na esfera de cogitações de ordem espiritual. Na edificação da paz doméstica, na realização dos ideais generosos, no desdobramento de serviços edificantes, urge providenciar recursos ao entendimento geral, com vistas à cooperação, à responsabilidade, ao processo de ação imprescindível. E, sem dúvida, a prece representa a indispensável alavanca renovadora, demovendo obstáculos no terreno duro da incompreensão. A oração é divina voz do espírito no grande silêncio. Nem sempre se caracteriza por sons articulados na conceituação verbal, mas...

Divino Amigo, vem

Senhor, Tu que nos deste no Tempo, o sábio condutor de nossos destinos, faze-nos entender a bênção dos minutos, a fim de não perdermos o tesouro dos séculos… Porque o Tempo, Senhor, guardando-nos a alma, nos braços das horas incessantes, embora nos amadureça o entendimento, não nos ergue da Terra, ao encontro de Ti. Por ele temos a hora do berço, e a hora do túmulo, a hora de semear, e a hora de colher, a hora de rir, e a hora de chorar… Com ele temos a experiência da dor e da alegria, da ilusão e da realidade, do conforto e da angústia, que, em nos transformando o raciocínio, não nos alteram o coração. É por isso, Senhor, que Te rogamos assistência e socorro!… Ajuda-nos a cooperar com os dias, para que os dias colaborem conosco. Ensina-nos a hora de buscar-Te, no respeito aos Teus desígnios, no trabalho bem vivido, no estudo de Tuas leis, nos serviços aos semelhantes, na contemplação de Tua grandeza, e na ação constante do bem. Livra-nos da inércia, porque sem Tua bênção a r...

Oração III

Senhor Jesus! Agradecendo-Te o amparo de todos os dias, eis-nos aqui, de espírito ainda em súplica, no campo em que nos situaste. Ensina-nos a procurar na vida eterna a beleza e o ensinamento da temporária vida humana. Apesar de amadurecidos para o conhecimento, muitas vezes somos crianças pelo coração. Ágeis no raciocínio, somos tardios no sentimento. Em muitas ocasiões, dirigimo-nos à Tua infinita Bondade, sem saber o que desejamos. Não nos deixes, assim, em nossas próprias fraquezas! Nos dias de sombra, sê nosso apoio e segurança! Mestre Divino! Guia-nos o passo na senda reta. Dá-nos consciência da responsabilidade com que nos enriqueces o destino! Auxilia-nos para que o suor do trabalho nos alimente o lume da fé. Não admitas que o verme do desalento nos corroa o ideal e ajuda-nos para que a ventania da perturbação não nos inutilize a sementeira. Educa-nos para que possamos converter os detritos do temporal em adubo que nos favoreça a tarefa. Ao redor da leira que nos confiaste,...

Primeiros Discípulos

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Daí a algum tempo, depois de haver passado por Nazaré, descansando igualmente em Caná, Jesus se encontrava nas circunvizinhanças da cidadezinha de Cafarnaum, como se procurasse, com viva atenção, algum amigo que estivesse à sua espera. Em breves instantes, ganhou as margens do Tiberíades e se dirigiu, resolutamente, a um grupo alegre de pescadores, como se, de antemão, os conhecesse a todos. Os pescadores entoavam uma cantiga rude e, dispondo inteligentemente as barcaças móveis, deitavam as redes, em meio de profunda alegria. Jesus aproximou-se do grupo e, assim que dois deles desembarcaram em terra, falou-lhes com amizade: Simão e André, filhos de Jonas, venho da parte de Deus e vos convido a trabalhar pela instituição de seu reino na Terra! André lembrou-se de já o ter visto, nas cercanias de Betsaida, e do que lhe haviam dito a seu respeito, enquanto que Simão, embora agradavelmente surpreendido, o contemplava, enleado. Mas, quase a um só tempo, dando expansão aos s...

Maria Santíssima III

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A igreja de Éfeso exigia de João a mais alta expressão de sacrifício pessoal, pelo que, com o decorrer do tempo, quase sempre Maria estava só, quando a legião humilde dos necessitados descia o promontório desataviado, rumo aos lares mais confortados e felizes. Os dias e as semanas, os meses e os anos passaram incessantes, trazendo-lhe as lembranças mais ternas. Quando sereno e azulado, o mar lhe fazia voltar à memória o Tiberíades distante. Surpreendia no ar aqueles perfumes vagos que enchiam a alma da tarde, quando seu filho, de quem nem um instante se esquecia, reunindo os discípulos amados, transmitia ao coração do povo as louçanias da Boa Nova. A velhice não lhe acarretara nem cansaços nem amarguras. A certeza da proteção divina lhe proporcionava ininterrupto consolo. Como quem transpõe o dia em labores honestos e proveitosos, seu coração experimentava grato repouso, iluminado pelo luar da esperança e pelas estrelas fulgurantes da crença imorredoura. Suas ...

Maria Santíssima II

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Após a separação dos discípulos, que se dispersaram por lugares diferentes, para a difusão da Boa Nova, Maria retirou-se para a Bataneia, onde alguns parentes mais próximos a esperavam com especial carinho. Os anos começaram a rolar, silenciosos e tristes, para a angustiada saudade de seu coração. Tocada por grandes dissabores, observou que, em tempo rápido, as lembranças do filho amado se convertiam em elementos de ásperas discussões, entre os seus seguidores. Na Bataneia, pretendia-se manter uma certa aristocracia espiritual, por efeito dos laços consanguíneos que ali a prendiam, em virtude dos elos que a ligavam a José. Em Jerusalém, digladiavam-se os cristãos e os judeus, com veemência e acrimônia. Na Galileia, os antigos cenáculos simples e amoráveis da Natureza estavam tristes e desertos. Para aquela mãe amorosa, cuja alma digna observava que o vinho generoso de Caná se transformara no vinagre do martírio, o tempo assinalava sempre uma saudade maior no mundo e uma esperança...

Maria Santíssima I

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Primeira parte Junto da cruz, o vulto agoniado de Maria produzia dolorosa e indelével impressão. Com o pensamento ansioso e torturado, olhos fixos no madeiro das perfídias humanas, a ternura materna regredia ao passado em amarguradas recordações. Ali estava, na hora extrema, o filho bem-amado. Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranças. Eram as circunstâncias maravilhosas em que o nascimento de Jesus lhe fora anunciado, a amizade de Isabel, as profecias do velho Simeão, reconhecendo que a assistência de Deus se tornara incontestável nos menores detalhes de sua vida. Naquele instante supremo, revia a manjedoura, na sua beleza agreste, sentindo que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cântico de glória daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas, repassou, uma por uma, as cenas da infância do filho estremecido, observando o alarma interior das mais doces reminiscências. Nas menores coisas, reconhecia a intervenção da Providência ce...

Os Quinhentos da Galileia

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Depois do Calvário, verificadas as primeiras manifestações de Jesus no cenáculo singelo de Jerusalém, apossara-se de todos os amigos sinceros do Messias uma saudade imensa de sua palavra e de seu convívio. A maioria deles se apegava aos discípulos, como querendo reter as últimas expressões de sua mensagem carinhosa e imortal. O ambiente era um repositório vasto de adoráveis recordações. Os que eram agraciados com as visões do Mestre se sentiam transbordantes das mais puras alegrias. Os companheiros inseparáveis e íntimos se entretinham em longos comentários sobre as suas reminiscências inapagáveis. Foi quando Simão Pedro e alguns outros salientaram a necessidade do regresso a Cafarnaum, para os labores indispensáveis da vida. Em breves dias, as velhas redes mergulhavam de novo no Tiberíades, por entre as cantigas rústicas dos pescadores. Cada onda mais larga e cada detalhe do serviço sugeriam recordações sempre vivas no tempo. As refeições ao ar livre lembravam o contentamento ...

O bom ladrão 2

Parte II Na hora sombria da cruz, disfarçado com vestes diferentes, Tomé acompanhou, passo a passo, o corajoso Messias. Estranhas reflexões surgiam-lhe no espírito. Sua razão de homem do mundo não lhe proporcionava elementos para a compreensão da verdade toda. Onde estava aquele Deus amoroso e bom, sobre quem repousavam as suas esperanças? Seu amor possuiria apenas uma cruz para oferecer ao filho dileto? Por que motivo não se rasgavam os horizontes, para que as legiões dos anjos salvassem do crime da multidão inconsciente e furiosa o Mestre amado? Que Providência era aquela que se não manifestava no momento oportuno? Durante três anos consecutivos haviam acreditado que Deus guardava todo o poder sobre o mundo; não conseguia, pois, explicar como tolerava aquele espetáculo sangrento de ser o seu enviado, amorável e carinhoso, conduzido para o madeiro infamante, sob impropérios e pedradas. O prêmio do Cristo era então aquele monte da desolação, reservado aos criminosos? Ansioso, o di...

O bom ladrão

Eis aqui uma explicação completa e definitiva sobre a fé, dada por Jesus no livro Boa Nova. Parte I    Alguns dias antes da prisão do Mestre, os discípulos, nas suas discussões naturais, comentavam o problema da fé, com desejo desordenado de quantos se atiram aos assuntos graves da vida, tentando, apressadamente, forçar uma solução. Como será essa virtude? De que modo a conservaremos intacta no coração? Inquiria Levi, com atormentado pensamento. Tenho a convicção de que somente o homem culto pode conhecer toda a extensão de seus benefícios. Não tanto assim aventava Tiago, seu irmão, eu acredito que basta a nossa vontade, para que a confiança em Deus esteja viva em nós. Mas a fé será virtude para os que apenas desejam? Perguntava um dos filhos de Zebedeu… A um canto, como se estivesse distante daqueles duelos da palavra, Jesus parecia meditar. Em dado instante, solicitado ao esclarecimento, respondeu com suavidade: A fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam. Tê...

Valor individual no testemunho

Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação. No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial ao palácio de Antipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria até ao instante derradeiro, todos os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor. O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifí...

A Oração do Horto I

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Jesus retomou o lugar que ocupava à mesa do banquete singelo e, antes de se retirarem, elevou os olhos ao céu e orou assim, fervorosamente, conforme relata o Evangelho de João: Pai santo, eis que é chegada a minha hora! Acolhe-me em teu amor, eleva o teu filho, para que ele possa elevar-te, entre os homens, no sacrifício supremo. Glorifiquei-te na Terra, testemunhei tua magnanimidade e sabedoria e consumo agora a obra que me confiaste. Neste instante, pois, meu Pai, ampara-me com a luz que me deste, muito antes que este mundo existisse!… E fixando o olhar amoroso sobre a comunidade dos discípulos, que, silenciosos, lhe acompanhavam a rogativa, continuou: Manifestei o teu nome aos amigos que me deste; eram teus e tu mos confiaste, para que recebessem a tua palavra de sabedoria e de amor. Todos eles sabem agora que tudo quanto lhes dei provém de ti! Neste instante supremo, Pai, não rogo pelo mundo, que é obra tua e cuja perfeição se verificará algum dia, porque está nos teus desígni...

A negação de Pedro

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O ato do Messias, lavando os pés de seus discípulos, encontrou certa incompreensão da parte de Simão Pedro. O velho pescador não concordava com semelhante ato de extrema submissão. E, chegada a sua vez, obtemperou resoluto: Nunca me lavareis os pés, Mestre; meus companheiros estão sendo ingratos e duros neste instante, deixando-vos praticar esse gesto, como se fôsseis um escravo vulgar. Em seguida a essas palavras, lançou à assembleia um olhar de reprovação e desprezo, enquanto Jesus lhe respondia: Simão, não queiras ser melhor que os teus irmãos de apostolado, em nenhuma circunstância da vida. Em verdade, assevero-te que, sem o meu auxílio, não participarás com meu espírito das alegrias supremas da redenção. O antigo pescador de Cafarnaum aquietou-se um pouco, fazendo calar a voz de sua generosidade quase infantil. Terminada a lição e retomando o seu lugar à mesa, o Mestre parecia meditar gravemente. Logo após, todavia, dando a entender que sua visão espiritual devassava os a...