Adversidade
Indagar quanto ao porquê das dificuldades que a vida oferece ao  homem será o mesmo que perguntar relativamente aos motivos pelos  quais o homem corta a pedra para que a pedra venha a servir.  
Abandone-se a enxada ao repouso permanente e, a breve espaço,  se fará imprestável. 
Negue-se a fonte a transitar sobre os percalços do solo e, a tempo  curto, se transformará em tristeza do charco. 
A rigor, a adversidade não existiria no mundo se considerássemos  as tarefas da existência física por lições. 
Fizéssemos isso e todas as provas assumiriam as dimensões que  lhes são características, passando à função de testes indispensáveis ao  exame dos valores que adquirimos. 
Antes de nossa própria reencarnação, muito frequentemente,  sabemos que se tomará novo berço para a recapitulação de  experiências em que não fomos felizes, seja para ressarcir débitos que  largamos à retaguarda, com o objetivo de extinguir enganos  perpetrados por nós mesmos, a fim de nos entregarmos à execução de  compromissos alusivos ao burilamento íntimo ou no sentido de  reencontrar antigos desafetos para transfigurá-los em laços de amor. 
Reestruturadas, porém, as possibilidades de ação e renovação a  nosso benefício, habitualmente, vestimos em pessimismo as melhores  oportunidades de melhoria e de progresso, sem extrair delas o proveito  preciso. 
 
Reflitamos em semelhante realidade para facearmos as lutas do  caminho sem ilusões. 
Aceitemos construtivamente os desafios e problemas que a vida  nos proponha, empenhando-nos a solucioná-los com segurança, sem a  volúpia de retê-los indefinidamente no coração.  
Certifiquemo-nos, sobretudo, de que ninguém evolui sem  mudanças e de que não existem mudanças sem atritos ou  deslocamentos, conflitos ou desajustes. 
 
À vista disso, reconheçamos que as crises da vida aparecem na  estrada de todos em auxílio de todos.  
E de toda grande dificuldade, cada criatura, conforme as reações  que demonstre, se retirará maior para receber encargos sempre  maiores ou novamente ajustados às dimensões de espírito em que  ainda se encontra, a fim de entrar outra vez, em ocasião oportuna, no  clima da adversidade educativa, para realizar renovados tentames de  elevação própria, em cujo trabalho se obriga a revisar-se e recomeçar.
Espírito Emmanuel, do livro Abençoa sempre, psicografado por  Chico Xavier.