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Mostrando postagens de janeiro, 2020

A negação de Pedro II

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Translator Pedro não quis acreditar nas afirmações do Messias e tão logo se verificara a sua prisão, no pressuposto de demonstrar o seu desassombro e boa disposição para a defesa do Evangelho do Reino, atacou com a espada um dos servos do sumo sacerdote de Jerusalém, compelindo o Mestre a mais severas observações. Consoante as afirmativas de Jesus, o colégio dos apóstolos se dispersara naquele momento de supremas resoluções. A humildade com que o Cristo se entregava desapontara a alguns deles, que não conseguiam compreender a transcendência daquele Reino de Deus, sublimado e distante. Pedro e João, o...

Jesus Mestre e Senhor

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As sensações de estranheza perduravam em toda a assembleia. Jesus, então, levantou-se e, oferecendo a cada companheiro um pedaço de pão, exclamou: Tomai e comei! Este é o meu corpo. Em seguida, servindo a todos de uma pequena bilha de vinho, acrescentou: Bebei! Porque este é o meu sangue, dentro do Novo Testamento, a confirmar as verdades de Deus. Os discípulos lhe acolheram a suave recomendação, naturalmente surpreendidos, e Simão Pedro, sem dissimular a sua incompreensão do símbolo, interrogou: Mestre, que vem a ser isso? Amados, disse Jesus com emoção –, está muito próximo o nosso último instante de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no mundo até o último dia. Todos os que partilharem...

Amor purificado e ardoroso

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Dois dias eram passados sobre o doloroso drama do Calvário, em cuja cruz de inominável martírio se sacrificara o Mestre, pelo bem de todos os homens. Penosa situação de dúvida reinava dentro da pequena comunidade dos discípulos. Quase todos haviam vacilado na hora extrema. O raciocínio frágil do homem lutava por compreender a finalidade daquele sacrifício. Não era Jesus o poderoso Filho de Deus que consolara os tristes, ressuscitara mortos, sarara enfermos de doenças incuráveis? Por que não conjurara a traição de Judas com as suas forças sobrenaturais? Por que se humilhara assim, sangrando de dor, nas ruas de Jerusalém, submetendo-se ao ridículo e à zombaria? Então, o emissário do Pai Celestial deveria ser crucificado entre dois ladrões?! Enquanto essas questões eram examinadas, de boca em boca, a lembrança do Messias ficava relegada a plano inferior, olvidada a sua exemplificação e a grandeza dos seus ensinamentos. O barco da fé não soçobrara inteiramente, porque ali estavam as l...

Iluminação interior

No dia seguinte, a pequena comunidade se punha a caminho, vivamente impressionada com as revelações da véspera. Simão seguia humilde e cabisbaixo. Não conseguia compreender por que motivo fora Jesus tão severo para com ele. Em verdade, ponderara melhor suas expressões irrefletidas e reconhecera que o Mestre lhe perdoara, pois observava que eram sinceros o sorriso e o olhar compassivo que o envolviam numa alegria nova. Mas, sem poder sopitar suas emoções, o velho discípulo aproximou-se novamente de Jesus e interrogou:  – Mestre, por que razão mandastes retirar as palavras em que vos demonstrei o meu zelo de discípulo sincero? Alguns minutos antes, não havíeis afirmado que eu trazia aos companheiros a inspiração de Deus? Por que motivo, logo após, me designáveis como intérprete dos inimigos da luz?  – Simão – respondeu o Messias, bondosamente –, ainda não aprendeste toda a extensão da necessidade de vigilância. A criatura na Terra precisa aproveitar todas as oportunidades de ...

A solidão de Maria de Magdala

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Mais tarde, depois de sua gloriosa visão do Cristo ressuscitado, Maria de Magdala voltou de Jerusalém para a Galileia, seguindo os passos dos companheiros queridos. A mensagem da ressurreição espalhara uma alegria infinita. Após algum tempo, quando os apóstolos e seguidores do Messias procuravam reviver o passado junto ao Tiberíades, os discípulos diretos do Senhor abandonaram a região, a serviço da Boa Nova. Ao disporem-se os dois últimos companheiros a partir em definitivo para Jerusalém Maria de Magdala, temendo a solidão da saudade, rogou fervorosamente lhe permitissem acompanhá-los à cidade dos profetas; ambos, no entanto, se negaram a anuir aos seus desejos. Temiam-lhe o pretérito de pecadora, não confiavam em seu coração de mulher. Maria compreendeu, mas lembrou-se do Mestre e resignou-se. Humilde e sozinha, resistiu a todas as propostas condenáveis que a solicitavam para uma nova queda de sentimentos. Sem recursos para viver, trabalhou pela própria manutenção, em Magdala...

O Cristão ativo

…O Messias fixou nele o olhar translúcido e, deixando perceber que não poderia ser mais explícito com o recurso das palavras, disse apenas: –Eu to prometo… A conversação que acabamos de narrar verificara-se nas cercanias de Jerusalém, numa das ausências eventuais do Mestre do círculo bem-amado de sua família espiritual em Cafarnaum. No dia seguinte, Jesus e João demandaram Jericó, a fim de atender ao programa de viagem organizado pelo primeiro. Na excursão a pé, ambos se entretinham em admirar as poucas belezas do caminho, escassamente favorecido pela Natureza. A paisagem era árida e as árvores existentes apresentavam as frondes recurvadas, entremostrando a pobreza da região, que não lhes incentivava o desenvolvimento. Não longe de uma pequena herdade, o Mestre e o apóstolo encontraram um rude lavrador, cavando grande poço à beira do caminho. Bagas de suor lhe desciam da fronte, mas, seus braços fortes iam e vinham à terra, na ânsia de procurar o líquido precioso. Ante aquele q...

O Caminho do Reino

… Por isso, venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e o seu Criador! Suave silêncio se fez entre ambos. Enquanto Jesus parecia sondar o invisível com o seu luminoso olhar, a samaritana meditava… Daí a alguns instantes, acompanhados de grande número de populares, chegavam os discípulos, admirando-se todos de encontrarem o Messias em conversação íntima com uma mulher. Nenhum deles, todavia, aventurou qualquer observação menos digna ou imprudente. Observando que o Messias se preparava para retirar-se em busca da aldeia mais próxima, a samaritana, eminentemente impressionada com as suas revelações, solicitou a presença de todos os seus familiares e vizinhos, a fim de que o conhecessem e lhe ouvissem a palavra. Tiago e André haviam trazido pão e algumas frutas e insistiam com Jesus para que se alimentasse. O Mestre, porém, aproveitou o instante para mais uma vez ensinar o caminho do Reino, com as suas palavras a...

O sinal do céu

... Desde esse dia, o apóstolo Tomé reformou a sua concepção sobre as mensagens do céu, no capítulo dos milagres; entretanto, não conseguia escapar a pequeninas indecisões, em matéria de fé. Não podia excluir de sua imaginação o desejo de uma vitória ampla e fácil do Evangelho, pela renovação imediata do mundo. Dentro em pouco, porém, a onda das perseguições vinha desfazer a suave e divina ventura. O Mestre fora preso. Com exceção de João, que se conservara junto de sua mãe, todos os discípulos se afastaram espavoridos. Também ele não resistiu às grandes vacilações do triste momento. Debandara. Todavia, depois, sentira o coração pungido de remorsos acerbos. Almejava contemplar o Mestre querido, ouvir, se possível, pela última vez, uma palavra de exprobração dos seus lábios divinos. Disfarçando-se, então, de maneira a tornar-se irreconhecível, a fim de se livrar das iras da multidão, incorporou-se, nas ruas movimentadas, ao ruidoso cortejo. Seu coração batia acelerado. Rompeu a mass...

Joana de Cusa I

Translator Translator Continuação   …Enviando a Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras: —Vai, filha!… Sê fiel! Desde esse dia, memorável para a sua existência, a mulher de Cusa ex...

Joana de Cusa

Translator Translator Parte I   Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Ca...

Entendendo o renascimento

Jerusalém quase dormia sob o véu espesso da noite alta. Silêncio profundo se fizera sobre a cidade. Jesus , no entanto, e aqueles dois discípulos continuavam presos à conversação particular que haviam entabulado. Desejavam eles ardentemente penetrar o sentido oculto das palavras do Mestre . Como seria possível aquele renascimento? Não obstante os seus conhecimentos, também partilhavam da perplexidade que levara Nicodemos a se retirar fundamente surpreendido. —Por que tamanha admiração, em face destas verdades? perguntou-lhes Jesus, bondosamente. As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo. O corpo é uma veste . O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus , encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, at...

O grande reformador

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Muito tempo ainda não transcorrera depois desse acontecimento, quando Jesus subiu de Cafarnaum para Jerusalém, acompanhado por alguns de seus discípulos. Celebravam-se festas tradicionais entre os judeus. O Messias chegou num sábado, sob a fiscalização severa dos espíritos rigoristas de sua época. Não foram poucos os paralíticos que o cercaram, ansiosos pelo benefício de sua virtude salvadora. Escandalizando os fanáticos, o Mestre curava e consolava, na sua jornada de gloriosa redenção. Explicando que o sábado fora feito para o homem e não o homem para o sábado, enfrentava sorridente as preocupações dos mais exigentes. Vendo tantos cegos e aleijados aglomerados à passagem, Tiago o interpelou: —Mestre, sendo Deus tão misericordioso, por que pune seus filhos com defeitos e moléstias tão horríveis? —Acreditas Tiago, respondeu Jesus, que Deus desça de sua sabedoria e de seu amor para punir seus próprios filhos? O Pai tem o seu plano determinado com respeito à criação inteira; mas, ...

Bodas de Caná

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O manto da noite caía de leve sobre a paisagem de Cafarnaum e Jesus, depois de uma das grandes assembleias populares do lago, se recolhia à casa de Pedro em companhia do apóstolo. Com a sua palavra divina havia tecido luminosos comentários em torno dos mandamentos de Moisés; Simão, no entanto, ia pensativo como se guardasse uma dúvida no coração. Inquirido com bondade pelo Mestre, o apóstolo esclareceu: Senhor, em face dos vossos ensinamentos, como deveremos interpretar a vossa primeira manifestação, transformando a água em vinho, nas bodas de Caná? Não se tratava de uma festa mundana? O vinho não cooperaria para o desenvolvimento da embriaguez e da gula? Jesus compreendeu o alcance da interpelação e sorriu. Simão, disse ele, conheces a alegria de servir a um amigo? Pedro não respondeu, pelo que o Mestre continuou: As bodas de Caná foram um símbolo da nossa união na Terra. O vinho, ali, foi bem o da alegria com que desejo selar a existência do Reino de Deus nos corações. Esto...