22 janeiro 2020

Iluminação interior


No dia seguinte, a pequena comunidade se punha a caminho, vivamente impressionada com as revelações da véspera. Simão seguia humilde e cabisbaixo. Não conseguia compreender por que motivo fora Jesus tão severo para com ele. Em verdade, ponderara melhor suas expressões irrefletidas e reconhecera que o Mestre lhe perdoara, pois observava que eram sinceros o sorriso e o olhar compassivo que o envolviam numa alegria nova. Mas, sem poder sopitar suas emoções, o velho discípulo aproximou-se novamente de Jesus e interrogou:
 – Mestre, por que razão mandastes retirar as palavras em que vos demonstrei o meu zelo de discípulo sincero? Alguns minutos antes, não havíeis afirmado que eu trazia aos companheiros a inspiração de Deus? Por que motivo, logo após, me designáveis como intérprete dos inimigos da luz?
 – Simão – respondeu o Messias, bondosamente –, ainda não aprendeste toda a extensão da necessidade de vigilância. A criatura na Terra precisa aproveitar todas as oportunidades de iluminação interior, em sua marcha para Deus. Vigia o teu espírito ao longo do caminho. Basta um pensamento de amor para que te eleves ao céu, mas, na jornada do mundo, também basta, às vezes, uma palavra fútil ou uma consideração menos digna, para que a alma do homem seja conduzida ao estacionamento e ao desespero das trevas, por sua própria imprevidência! Nesse terreno, Pedro, o discípulo do Evangelho terá sempre imenso trabalho a realizar, porque, pelo Reino de Deus, é preciso resistir às tentações dos entes mais amados na Terra, os quais, embora ocupando o nosso coração, ainda não podem entender as conquistas santificadas do céu.
Acabando o Cristo de falar, Simão Pedro calou-se e passou a meditar.

Chico Xavier/Humberto de Campos, do livro Boa Nova

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