Desfalecimento e arrastamento

A página abaixo, tirada do belo livro — Loucura sob novo prisma, é de oportunidade e valia e digna de meditação particular por parte de todos nós que, como Espíritas, temos obtido muitas graças e expressivas e esclarecedoras lições.
Cada um de nós forma sua atmosfera moral, dentre a qual somente podem penetrar Espíritos da nossa natureza que são os únicos que a podem respirar, se nos permitem a pressão.
Assim, ao que modela suas ações, seus pensamentos e sentimentos pelas normas do dever e do bem, não podem chegar senão Espíritos adiantados, jamais os maléficos.
Vice-versa, ao que leva vida desregrada, mais preocupada com a satisfação de seus instintos carnais do que com o cumprimento de seus deveres, segundo o bem, não podem chegar senão Espíritos atrasados, que só arrastam para o mal; jamais os benéficos, salvo os que vieram para a missão de caridade. Entre estes extremos, uma infinita variedade propendendo mais ou menos para a resistência, ou mais ou menos para a submissão. Se o homem bom que é por isto assistido pelos bons Espíritos, desfalece na prática do bem, porque seu livre arbítrio é incoercível, rompe por suas mãos o cordão sanitário que o isolava dos maus Espíritos.
Se a fraqueza é transitória e o reerguimento pronto, o eclipse apenas visível aos habitantes do mundo espiritual, será um ponto negro no livro de sua vida, de que o acusará a própria consciência.
Se, porém, o infeliz, longe de reagir sobre si mesmo, entrega-se ao desânimo, seus amigos invisíveis se afastarão e os inimigos o tomarão a si.
Dá-se, então, um desses descalabros morais, que tantas vezes nos compungem e escandalizam de ver-se um homem, sempre respeitável por seu caráter, descer à maior baixeza. Estudai esses desastres, e reconhecereis que são sempre devidos a um desfalecimento seguido de um arrastamento.
O homem bom, que caiu, tinha nos seios da alma uma paixão que subjugava; mas que, um dia, por circunstâncias imprevistas, ergueu-se energicamente, e fê-lo esquecer o dever. Despertado, quando o mal já estava feito, em vez de vomitar o veneno, procurou encobrir a falta, e o gérmen da perdição fecundou-se em seu seio.
Eis o desfalecimento.
Com ele abriu a porta aos maus Espíritos, que o provocam a saciar aquela paixão, já uma vez superior à sua vontade, e um pouco por já ter a alma desvirginada, e, ainda, da influência do inimigo, senhor da praça, ei-lo impelido pelo plano inclinado.
Começa tremendo, como quem foi surpreendido, vai-se paulatinamente acostumando à falta, para a qual descobre escusas, e acaba desprezando o que sempre teve por sagrado como sagrado o que sempre teve por desprezível.
Isto é obra do Arrastamento.

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