Como nasceu a escola Carvalho Araújo
Lecionávamos a 10 inteligentes e esforçados moços, que nos foram procurar e insistir conosco para que lhes ensinássemos Português e Matemática e os preparássemos para os Concursos na Estrada de Ferro Central do Brasil.
Aceitamos.
Pedimos-lhes, no entanto, que não nos arranjassem novos alunos, porque somente poderíamos ser bem sucedido com uma Turma de 10.
Concordaram.
Toda noite, terminada a aula, íamos com a esposa para o treino mediúnico.
E, numa das comunicações recebidas pela nossa canhestra mediunidade psicográfica consciente, recebemos este estranho aviso:
— Prepare-se, porque não vai ensinar apenas a 10 alunos mas a cento e muitos. E, sob o pretexto de ministrar-lhes noções das disciplinas ginasiais, dar-lhes-á lições valiosas sobre o Evangelho de Jesus, Segundo o Espiritismo.
Padre Germano e Bezerra.
Ficamos perplexo.
E acabamos desconfiado de nossos dons mediúnicos e dos exercícios psicográficos que fazíamos...
Numa manhã, um mês depois do acontecido, recebemos a visita de dois Diretores da Caixa Geral do Pessoal Jornaleiro da E. F. C. B., que vieram oferecer-nos a direção de uma Escola, cujo objetivo era o de preparar candidatos para Concursos Ferroviários.
Ficamos indecisos. Não desejávamos atendê-los...
Mas insistiram tanto, dando-nos ampla liberdade para agirmos, oferecendo-nos tudo de que necessitássemos para vitoriar seu desiderato, que acabamos aceitando a pesada Tarefa.
E, em 14 de abril de 1932, inauguramos a Escola com 120 alunos, todos adultos, dando-lhe o nome de Carvalho Araújo, em homenagem ao Espírito desse bondoso irmão, que fora Diretor de nossa principal via férrea, a contento geral, e muito amigo da Instrução. Abrimos a reunião e procuramos explicar nosso desejo, o que iríamos tentar fazer, a fim de conseguirmos a confiança de tantos amigos e desempenharmos nossa árdua missão.
O vozerio, a indisciplina, tudo concorreu para não sermos atendido como esperávamos.
E encerramos a reunião sentindo nossa derrota, nossa incapacidade para tão vultoso trabalho...
Regressamos ao lar e colocamos a esposa a par do sucedido. E, ela, querendo animar-nos, aconselhou:
— Vamos fazer nossos treinos mediúnicos, pois há um mês que não os fazemos. Talvez, nossos amigos da Espiritualidade nos orientem.
Atendemo-la.
Oramos, pedindo orientação aos queridos Benfeitores do Além.
E, pelas nossas mãos desconfiadas, trêmulas, recebemos, a contragosto, este expressivo bilhete:
— Releia a comunicação que lhe demos há um mês e verificará que está com um trabalho do Senhor para, de fato, lecionar a cento e muitos adultos e lhes dar o Roteiro Salvador do Evangelho.
Padre Germano e Bezerra.
Procuramos a comunicação lembrada e, emocionado, começamos a acreditar em nossa acanhada mediunidade e na ajuda sincera e boa dos Amigos e Benfeitores: Padre Germano e Bezerra.
Fizemos-lhe, então, uma pergunta:
— Por que falhamos na inauguração da Escola?
— Porque, responderam-nos, não foi ela inaugurada com uma Prece, indispensável ao triunfo de todo Trabalho cristão. Continue seu Trabalho, levando o livro Memórias do Padre Germano e, depois da Prece, leia-lhe uma das páginas e tudo há de correr bem.
Mais confiante, comparecemos, na tarde seguinte, à Escola.
Sob surpresa de cento e muitos alunos adultos, todos de pé, oramos ao Senhor, pedindo-lhe proteção, inspiração, a fim de realizar, com êxito, nossa Missão.
Depois, num meio de respeito e até de emoção, lemos a página do livro — Memórias do Padre Germano — O Bem é a melhor semente de Deus, que nos caiu por sorte.
Em seguida, demos uma aula sobre noções gerais, revelando-lhes o nosso programa, o nosso desejo de dividi-los em várias turmas e com determinados horários.
Quando terminamos, notávamos lágrimas doces de alegria e comoção nos olhos de todos os alunos adultos.
Os nossos olhos também choravam.
E, dentro de um ambiente assim, até o ano de 1943, por longos anos seguidos, lecionamos as matérias básicas dos Concursos e muito do Evangelho a uns dois mil alunos adultos.
O livro do Padre Germano constituiu-se, a pedido dos alunos, o livro de leitura permanente.
Através dele e dos Casos Lindos de Bezerra de Menezes, distribuímos-lhe noções do Livro da Vida, maneiras cristãs de viver e servir, os conselhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, com vistas à nossa reforma íntima e à batalha sobre nós mesmos.
E, hoje, quando vamos a Três Rios, temos o melhor dos pagamentos, recebendo nos abraços de tantos irmãos e amigos, com seus lares constituídos e triunfantes, o testemunho de amizades eternas, que, multímodo, nos comovem e alegram.
Com a graça de Deus, sob as Bênçãos de Jesus, os Espíritos Amigos de Padre Germano e de Bezerra de Menezes, continuamente, nos ajudaram, possibilitando-nos vencêssemos uma Tarefa enorme, muito além de nossas pobres forças espirituais.