16 janeiro 2024

Soneto II


Novamente a escrever, Musa inconstante,
Desafiando o espírito moderno …
De onde vens, triste Elmano? Vens do inferno?
Dos complicados círculos de Dante?

—Não perturbes o alígero viajante!
Proclama a essência do meu ser eterno!
Depois de atravessar o escuro Averno,
Consterna-me a Verdade alucinante.

O que Elmano chorou ao surdo vento
No Letes se perdeu …  Jamais te conte
O que te agrave o lôbrego tormento!

Basta a certeza, a mitigar-te a fronte,
De que além do cadáver macilento
Contemplarás a luz de outro horizonte …

Espírito de Mel. Mª de Barbosa du Bocage, do livro Volta Bocage..., psicografado por Chico Xavier, em 26-11-1946.

Elmano: Anagrama de Manuel, difundido pelo poeta Bocage.
Averno: Relativo ao averno ou ao inferno.
Letes: Na mitologia grega, Lete é um dos rios do Hades.

As comunicações de além-túmulo provam-nos a sobrevivência do Espírito. Não deve, porém, tal intercâmbio ser utilizado na ociosa indagação, por mera curiosidade, da situação particular de cada pecador no mundo espiritual. Outrossim, a certeza de haver “outro horizonte”, além do qual se estará banhado da luz verdadeira, nos obriga a pensar em que todos os nossos atos serão aí focalizados; daí o cuidado em nosso proceder na Terra, pela responsabilidade com a qual enfrentaremos a Luz Celeste.

L. C. Porto Carreiro Neto.

 

0 Comments:

Postar um comentário