Mortos e vivos
Assim como o princípio germinativo da semente é colocado na cova do barro, para desenvolver-se entre as vidas microscópicas que constituem a Terra, o Espírito humano é situado no vaso da carne, entre as forças celulares que lhe tecem o corpo, a fim de criar qualidades sublimes que o erguem, em definitivo, à gloriosa imortalidade.
Contudo, muitas almas fazem do veículo físico simplesmente um sepulcro a que se agregam, enfermiças e indolentes, coladas à morte moral que trazem consigo, à maneira da tartaruga que se algema à carapaça.
E a existência no mundo lhes corre instintiva e obscura, no velho roteiro dos animais…
Alimentam-se.
Bebem.
Dormem.
Procriam.
E obedecem automaticamente às ordens da Natureza…
É por isso que observamos, por toda à parte, homens e mulheres copiando a imobilidade das múmias preciosas e casas solarengas, enobrecidas e bem-postas, semelhantes a mausoléus, em cujo recinto dominam, a inércia renitente e a espiritual…
Aqui, é alguém que adquiriu títulos respeitáveis no santuário acadêmico e apodrece entre bibliotecas geladas e inúteis para a lavoura do bem…
Ali,é alguém que edificou expressiva trincheira de ouro junto à qual levanta todo um oásis de egoísmo fulgurante, cadaverizado sobre o leito de moedas e rosas que o tempo consome…
Mas adiante, é alguém que encontrou a bênção da fé e, a pretexto de escalar o paraíso sem dificuldade, foge ao trabalho e à cooperação, anulando-se na sepultura da contemplação ruinosa e infrutífera…
Acolá, é alguém que se acomodou ao brilho estreito da própria inteligência, construindo para si mesmo o aparatoso féretro da vaidade e do orgulho, no qual prefere a letargia da incompreensão e do isolamento…
Recorda o tempo que, em nome do Senhor, te segue os passos da infância à senectude e aproveita-o na criação do elevado destino que te cabe atingir.
Desperta e vive.
Aprende e serve.
Levanta-te e caminha.
Ouçamos o Cristo e acompanhemo-lo.
As horas que te abriram as rendas do berço, descerrar-te-ão as portas do túmulo.
E, além da sombra terrestre, para que estejas vivo entre os mortos, é preciso tenhas sido, entre os mortos do mundo, um coração vivo e atuante na obra de Deus.
Espírito Emmanuel, do livro Intervalos, psicografado por Chico Xavier.
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