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Mostrando postagens de novembro, 2023

Meu lar

Meu lar é um ninho quente, belo e doce, Meu generoso e abençoado asilo, Onde meu coração vive tranquilo Na sacrossanta paz que Deus me trouxe. Meu refúgio sereno de esperança, Nele encontro essa luz terna e divina Do amor que aperfeiçoa, ampara e ensina Minh'alma ingênua e frágil de criança. O lar é a minha escola mais querida, Doce escola em que nunca me confundo, Onde aprendo a ser nobre para o mundo E a ser alegre e forte para a vida. Espírito João de Deus, do livro Luz no Lar, psicografado por Chico Xavier.

Tudo relativo

Quando o espírito comunicante, cheio de boa vontade, se referiu ao domicílio na vida extrafísica, Rafael, um irmão que se caracterizava pelos primores da inteligência, objetou, mordaz: —Casas no Além? que contrassenso!… O mensageiro, não obstante desapontado, registrou impressões da vida social no “outro mundo”. Então, o mesmo cavalheiro ironizou sem pestanejar: —Ora esta! sociólogos além-túmulo? era o que nos faltava. O emissário não desanimou. Aludiu aos jardins que lhe cercavam a residência. —Que é isso? — indagou o investigador que apreciava os sarcasmos sem fim — serão os jardins suspensos de Semíramis? qual! Tudo mera ilusão!… Depois de nossas roseiras  espinhosas e de nossos adubos desagradáveis, não há canteiros de fluidos. A entidade perseverante reportou-se aos institutos de ensino que frequentava. No entanto, o mau obreiro deu-se pressa em considerar: —Se os “mortos” estiverem sujeitos à luta estudantil, estamos francamente perdidos. O comunicaste não desistiu. Passou a ...

Ante o livre arbítrio

“Nada te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo.” JESUS, João, 3:7.  “Não há, pois, duvidar de que sob o nome de ressurreição o princípio da reencarnação era ponto de uma dos crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e as profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.” Cap. IV, 16.  Surgem, aqui e ali, aqueles que negam o livre arbítrio, alegando que a pessoa no mundo é tão independente, quanto o pássaro no alçapão. E, justificando a assertiva, mencionam a junção compulsória do espírito ao veículo carnal, os constrangimentos da parentela, as convenções sociais, as preocupações incessantes na preservação da energia corpórea, as imposições do trabalho e a obediência natural aos regulamentos constituídos para a garantia da ordem terrestre, esquecendo-se de que não há escola sem disciplina Certamente, todos os patrimônios da civilização foram erigidos pelas criaturas que usaram a própria lib...

Caminho da luz

Além do mundo amargo e miserando Há na morte um caminho florescente, Onde a alegria mora eternamente Entre flores e pássaros cantando. Estrada de ouro e luz ignescente, Onde passam espíritos em bando, Suaves corações glorificando Os triunfos da lágrima pungente. Nesse caminho, as almas vencedoras Guardam consigo as joias da ventura, Sem que os séculos possam desfazê-las. Esplendores de sóis, clarões de auroras, Flores de amor e paz risonha e pura, Há nessa estrada fúlgida de estrelas!… Espírito Olavo Bilac, do livro Lira Imortal, psicografado por Chico Xavier.

Na luta contra a morte

Anos a fio gastou Pasteur na preparação da vacina contra a raiva. O grande sábio observava camponeses e citadinos vitimados pela hidrofobia e, aliando à perseverança o trabalho, venceu o flagelo, convertendo-se em benfeitor da Humanidade. Edison lutou contra a velha iluminação a gás, a fim de expulsar efetivamente as sombras noturnas. Suou, esforçou-se, sofreu decepções e desenganos; muita vez conheceu a iminência do soçobro de seus ideais. Contudo, terminou a batalha, conquistando a lâmpada incandescente, que transformou as cidades terrestres em paraísos de luz. A história das grandes missões de benemerência no mundo está repleta de sofrimentos e desilusões. Não raro, torturam-se os missionários, quando não se pode consumi-los pelo fogo. Onde, porém, a conquista evolutiva se torna mais difícil e dolorosa é justamente no setor da renovação íntima, espiritual. A vaidade humana fez da religião um terreno proibido, onde toda expressão progressista se efetua ao preço de dobradas angústias....

No grande adeus

Cerraste os olhos dos entes amados, orvalhando-lhes o rosto inerte com as lágrimas que te corriam da ternura despedaçada, e inquiriste, sem palavras, para onde se dirigiam no grande silêncio. Disseste adeus, procurando debalde aquecer-lhes as mãos frias, desfalecentes nas tuas, e colaste neles o ouvido atento, no peito hirto, indagando do coração prostrado a razão porque parou de bater. Entretanto, o vaso impassível nada pode informar, quanto à destinação do perfume. Ergue as antenas da prece, no santuário da tua alma, e perceberás o verbo inarticulado dos que partiram… Saberás, então, que te comungam a dor, estendendo-te as mãos ansiosas. Arrojados à vida nova, querem dizer-te que ressurgiram. Extasiados, perante o sol que a imortalidade lhes apresenta, suspiram por transfundir a saudade e o amor, no cálice da esperança, para que não desfaleças. Libertos do cárcere em que ainda te encontras, rogam-te paz e conformação, para que possam, enfim, demandar a renascente manhã que lhes acena...

Em torno do futuro

Não precisas procurar adivinhos para saber o que te espera, nem necessitas daqueles outros que te descubram o passado que já conheces pelas próprias tendências. A vida é o presente vivo e imperecível. Na tela das horas, somos o ontem que se foi e seremos o amanhã que virá. A semente plantada resume todas as nossas cogitações em torno do porvir. Terás o que cultivas. Não colherás figos na macieira e vice-versa. Ciente de que todos os pensamentos e atos são sementeiras de destino, seleciona o material que consideres adequado à tua felicidade e centraliza-o no serviço do bem aos semelhantes. Do que deres presentemente, recolherás os resultados depois. O futuro começa agora. Cede hoje à vida o que possuas de melhor e, amanhã, aquilo que a vida tenha de melhor te responderá. Espírito Emmanuel, do livro Joia, psicografado por Chico Xavier.

Aproveite o ensejo

Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata, é aquele que ainda luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito. Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis. É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração. Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita seu cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto. Não é a criatura que respire no trabalho normal que requisita socorro urgente. É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio. É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo. Espírito André Luiz, do liv...

Almas em prova

É possível estejas atravessando a provação de observar criaturas queridas, nas sombras de provação maior. Almas queridas anestesiadas no esquecimento de obrigações que lhes dizem respeito; companheiros dominados por enganos que lhes furtam a paz; filhos que se terão marginalizado em desequilíbrio e amigos que se afirmam cansados de esperar pela vitória do bem para abraçarem, depois, larga rede de equívocos que se lhes farão caminhos dolorosos… Em vez de reprová-los, compadece-te deles e continua fiel ao trabalho de elevação que esposaste. Se permanecem contigo, tolera-lhes com bondade os impulsos de incompreensão, auxiliando-os, quanto puderes, a fim de que se retomem na segurança de que se distanciam. Se te abandonam, não lhes impeças a marcha, no rumo das experiências para as quais se dirigem. Sobretudo, abençoa-os com os teus melhores pensamentos de proteção. Recorda que se consegues ajuizar quanto às necessidades de alma que patenteiam, é forçoso reconhecer que são eles doentes per...

Mortos e vivos

Assim como o princípio germinativo da semente é colocado na cova do barro, para desenvolver-se entre as vidas microscópicas que constituem a Terra, o Espírito humano é situado no vaso da carne, entre as forças celulares que lhe tecem o corpo, a fim de criar qualidades sublimes que o erguem, em definitivo, à gloriosa imortalidade. Contudo, muitas almas fazem do veículo físico simplesmente um sepulcro a que se agregam, enfermiças e indolentes, coladas à morte moral que trazem consigo, à maneira da tartaruga que se algema à carapaça. E a existência no mundo lhes corre instintiva e obscura, no velho roteiro dos animais… Alimentam-se. Bebem. Dormem. Procriam. E obedecem automaticamente às ordens da Natureza… É por isso que observamos, por toda à parte, homens e mulheres copiando a imobilidade das múmias preciosas e casas solarengas, enobrecidas e bem-postas, semelhantes a mausoléus, em cujo recinto dominam, a inércia renitente e a espiritual… Aqui, é alguém que adquiriu títulos respeitáveis...

Perdão e vida

Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz. Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a desculpar “setenta vezes sete vezes” unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo, entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida. Se somarmos as inquietações e sofrimentos que infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos fossem, surpreenderemos conosco volumosa carga de ressentimento que nada mais é senão peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero. Isso ocorre em todas as posições da vida. Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do tempo e não relevamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a modificar-nos diante deles. Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições...

A novidade maior

Inegavelmente o mundo progride, embora com lentidão. A vista disso, em cada dia, é natural que a Terra surja, de algum modo, renovada em si mesma. Entretanto, forçoso convir que no lado externo das situações e das cousas, com leves modificações, aquilo que vemos agora é o que já vimos. O sol cuja marcha Josué supôs haver paralisado no combate contra o rei de Jerusalém, é o mesmo que clareia a estrada do deserto para o beduíno de hoje. A luz que afagava a cabeça de Sócrates não sofreu diferenças. O mar que Tibério fitava das alturas de Capri oferece atualmente o mesmo espetáculo de imponência e beleza. As grandes cidades da era moderna são herdeiras das grandes cidades que o tempo sepultou em valas de cinzas. As tricas políticas que criam a guerra, nos dias que passam, não obstante mais espaçadas, são idênticas às que faziam a guerra no tempo dos faraós. Os escritores de inspiração infeliz que há milênios envenenavam a cabeça do povo são substituídos na época presente pelos escritores i...

Pensemos nisso

Exaltemos a indulgência não apenas qual lâmpada que deve brilhar nos vizinhos, mas, acima de tudo, por luz viva que nos cabe trazer no coração, de maneira a clarear o próprio caminho. Pensemos nisso, observando as dificuldades do próximo, como se as dificuldades do próximo, em verdade, nos pertencessem. Viste o companheiro embriagado, na via pública, e, instado a prestar-lhe breve momento de apoio desapareceste na esquina, desistindo conscientemente de auxiliá-lo. Reflete, porém, nos suplícios da esposa digna que o suporta, incessantemente, dentro de casa. Percebeste as manifestações desagradáveis da irmã irrefletida e lhe atiraste em rosto reprovações e críticas, através de advertências amargas. Recorda, no entanto, a luta do homem correto que a sustenta do lar, por mãe dos próprios filhos. Registraste a presença do irmão obsidiado e fugiste à sorrelfa, temendo a obrigação de socorrê-lo, no espaço de algumas horas. Medita, contudo, nos sacrifícios do coração materno que o carrega sem ...

Kardec, obrigado

Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exaltam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual. Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do tempo. Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos faustos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente o exato valor de teus créditos humanos. Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a l...

Na pregação

“Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 12:15.) Há numerosos companheiros da pregação salvacionista que, de bom grado, se elevam a tribunas douradas, discorrendo preciosamente sobre os méritos da bondade e da fé, mas, se convidados a contribuir nas boas obras, sentem-se feridos na bolsa e recuam apressados, sob disparatadas alegações. Impedimentos mil lhes proíbem o exercício da caridade e afastam-se para diferentes setores, onde a boa doutrina lhes não constitua incômodo à vida calma. Efetivamente, no entanto, na prática legítima do Evangelho não nos cabe apenas gastar o que temos, mas também dar do que somos. Não basta derramar o cofre e solucionar questões ligadas à experiência do corpo. É imprescindível darmo-nos, através do suor da colaboração e do esforço espontâneo na solidariedade, para atender, substancialmente, as nossas obrigações primárias, à frent...

Visão nova

Você pergunta quais as primeiras sensações do “eu”, além da morte, e eu devo dizer, antes de tudo, que é muito difícil entender, na carne, o que se passa na vida espiritual. As ilusões da vida comum são demasiado espessas para que o raio da verdade consiga varar, de pronto, a grossa camada de véus que envolvem a mente humana. Há vastíssima classe de pessoas que se agarram às situações interrompidas pelo túmulo com o desespero somente comparável às crises da demência total. Para nós, entretanto, que possuímos algum discernimento, por força da autocrítica, que não somos nem santos nem criminosos, as impressões iniciais de além-túmulo são de quase aniquilamento. Só então percebemos a nossa condição de átomos conscientes. A nossa frente, os valores diferem numa sucessão de mudanças imprevisíveis. Há transformações fundamentais em tudo o que nos cerca. O que nos agradava é, comumente, razão para dissabores, e o que desprezávamos passa a revestir-se de importância máxima. A intimidade com os...

Lugar para ela

Todos nós precisamos da verdade, porque a verdade é a luz do espírito, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela a fantasia é capaz de suscitar a loucura, sob o patrocínio da ilusão. Entretanto, é necessário que a caridade lhe comande as manifestações para que o esclarecimento não se torne fogo devorador nas plantações da esperança. Todos nós precisamos da justiça, porque a justiça é a lei, em torno de situações, pessoas e coisas: fora dela, a iniquidade é capaz de premiar o banditismo, em nome do poder. Entretanto, é necessário que a caridade lhe presida as manifestações para que o direito não se faça intolerância, impedindo a recuperação das vítimas do mal. Todos nós precisamos da lógica, porque a lógica é a razão em si mesma, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a paixão é capaz de gerar crime, à conta de sentimento. Entretanto, é necessário que a caridade lhe inspire as manifestações, para que o discernimento não se converta em vaidade, obstruindo os serviço...

Aflição vazia

TEMA — O problema da ansiedade. Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos. Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas oportunidades de serviço. No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma. De nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a organização emotiva. Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova, evidenciando consciência tranquila. Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfer...

Emmanuel e a unificação do espiritismo

A unificação espiritualista constitui problema, credor da mais legítima cooperação de quantos colaboram nas obras da verdade e do bem no plano espiritual. Difícil padronizar a interpretação, de vez que ninguém pode trair o degrau evolutivo que lhe é próprio. Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências.   Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese. É questão de fraternidade sentida e vivida, portas a dentro da organização doutrinária, para que as obras não se esterilizem, à míngua de fé e para que a fé não pereça sem obras. Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral. Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito...

Anotação Necessária

DECLARA-SE você extremamente surpreendido com o tratamento carinhoso que os amigos desencarnados dispensam a determinados amigos do mundo. A acrescenta: – “Aqui vemos um homem de maus propósitos a quem vocês classificam por meu querido irmão”, ali, notamos a presença de um ladrão medalhado a quem chamam “meu caro amigo” e, acolá, não raro, encontramos um malfeitor confesso, a quem se dirigem, usando as doces palavras “meu filho…” “Será isto razoável? – pergunta você, com desapontamento – não será encorajar a má fé e o crime? Por que não convidar semelhantes pessoas ao reconhecimento das nódoas e sombras que lhe afeiam a vida?”  Se você estivesse aqui conosco, no mundo da realidade maior, observaria, decerto, como é difícil manobrar a verdade. Não que a desestimemos, mas, porque a verdade, para nós, traz consigo, com a evidência dos fatos, a responsabilidade de enobrecer o caminho. Não basta verificar se o fruto está pobre. É preciso aproveitar a boa semente. No turbilhão da carne, ...

Tiradentes

21 de abril de 1937 Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira, no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto, a fim de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes. Nessas assembleias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os pleitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais. Ainda agora, compareci a essa festividade de corações, integrando a caravana de alguns brasileiros desencarnados, que para lá se dirigiu se associando às comemorações do protomártir da emancipação do País. Nunca tive muito contato com as coisas de Minas Gerais, mas a antiga Vila Rica, atualmente elevada à condição de Monumento Nacional, pelas suas relíquias prestigiosas, sempre me impressionou pela sua beleza sugestiva e legendária. Nas su...

Provas

Não olvides a fé Quando as provas te busquem. A dor onde aparece É formação de luz. A terra golpeada Enriquece a lavoura. A árvore sob a poda Abre-se em novos frutos. A lágrima na vida É um guia no caminho. Sofre, mas age e serve, Entregando-te a Deus. Espírito Emmanuel, do livro Crer e Agir, psicografado por Chico Xavier. O aperfeiçoamento íntimo se fundamenta no cumprimento das obrigações de cada dia. Espírito Irmão José, do livro Crer e Agir, psicografado por Chico Xavier.

O sol e a neblina

Enquanto se desfazia A neblina da manhã, A pequena Carolina Ouviu a voz da mamã. Falava Dona Cacilda Com desvelos maternais; Existem no sol, filhinha, ensinos celestiais. Não vias o véu da noite Na estrada brumosa e fria? Entretanto, a grande sombra Foge, agora, em correria. Todo o campo transformou-se No milagre dum momento, Bastando que o sol brilhasse No lençol do firmamento. E enquanto a pausa materna Se fazia demorada, A menina carinhosa Perguntou, interessada: “Onde os ensinos, mamã? Quero ouvi-los, quero tê-los!” Respondeu a mãe bondosa, Afagando-lhe os cabelos: “Medita apenas num deles, Muito simples, mas profundo…   A mentira, minha filha, É a neblina deste mundo. Mas os seus véus de ilusão Só perturbam a existência, Até que o Sol da Verdade Ressurja na Consciência”.  Espírito João de Deus, do livro Coletâneas do Além, psicografado por Chico Xavier.

Intercessão

“Irmãos, orai por nós.” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:25.)  Muitas criaturas sorriem ironicamente quando se lhes fala das orações intercessórias.  O homem habituou-se tanto ao automatismo teatral que encontra certa dificuldade no entendimento das mais profundas manifestações de espiritualidade. A prece intercessória, todavia, prossegue espalhando benefícios com os seus valores inalterados. Não é justo acreditar seja essa oração o incenso bajulatório a derramar-se na presença de um monarca terrestre a fim de obtermos certos favores.  A súplica da intercessão é dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emissão de forças benéficas e iluminativas que, partindo do espírito sincero, vão ao objetivo visado por abençoada contribuição de conforto e energia. Isso não acontece, porém, a pretexto de obséquio, mas em consequência de leis justas. O homem custa a crer na influenciação das ondas invisíveis do pensamento, contudo, o espaço que o cerca está cheio de ...

Terceiro milênio / Third millennium

“Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: – Mestre! Que pedras, que construções! Mas Jesus lhe disse: – Vês estas construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.” - Jesus. Marcos, 13: 1-2. Jesus foi claro ao se referir à transitoriedade das coisas no mundo físico. Segundo a sua palavra, mesmo as edificações consagradas à fé, haverão de passar… Isso porque, a marcha do progresso é inevitável. A Verdade revela-se gradativamente e nada pode se lhe opor. Uma ideia é o germe de uma ideia maior ainda. As leis que vigem na sociedade serão, a pouco e pouco, substituídas por leis que a mente humana não consegue conceber agora. Tudo obedece a um plano sabiamente elaborado. O Tempo é o artífice divino. Dentro do homem-matéria, encontra-se em gestação o homem-espírito. O materialismo cederá de vez lugar ao espiritualismo. Os preconceitos rolarão por terra, inapelavelmente. Uma nova ordem social se levantará entre os povos, alicerçada no “amai-vos uns aos outros”...

Em torno da humildade

“Toda boa dádiva a todo Dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. - TIAGO. (Tiago, 1:17.).  Afinal, que possuímos que não devemos a Deus? A própria vida de que dispomos se reveste de tanta grandeza e de tanta complexidade, que só a loucura ou a ignorância não reconhecem a Divina Sabedoria em seus fundamentos. Para a consideração disso, basta que o homem reflita no usufruto inegável de que se vale na mobilização dos bens que o felicitam no mundo. O corpo que lhe serve de transitória moradia é uma doação dos Poderes Superiores, por intermédio do santuário genético das criaturas. Os familiares se lhe erigem como sendo apoios de empréstimo. A inteligência se lhe condiciona a determinados fatores de expressão. O ar que respira é patrimônio de todos. As conquistas da ciência, sobre as quais baseia o progresso, são realizações corretas, mas provisórias, porquanto se ampliam consideravelmente, de século para século. Os se...

Velhos rifões

Que a maravilha dos grandes Não te sirva de embaraço. A jornada por mais longa, Começa sempre de um passo. Sem vida nova em Jesus Nossa crença é muito estranha…   A raposa muda a pele Conservando a velha manha. Benefício acompanhado De censura ou de papel É bebida indesejável Que sabe a vinagre e fel. Na verdade, Deus é bom Mas se o filho é rude e mau, Por vezes, descem do céu Pedra e fogo, corda e pau. A ventura de quem vive De maldade e vilipêndio É como a luz passageira Que nasce de um grande incêndio. Evita imitar no mundo Os homens apaixonados Que tratam alguns por filhos E aos outros por enteados Não te esqueces da prudência E aprende a falar talvez. Crendo em tudo quanto escutas Tropeçarás muita vez. No serviço alegre e são A tua força concentra. À porta de quem trabalha A fome espreita e não entra. Fala pouco de ti mesmo, Pois saúde e geração Se forem muito apurados Só trazem perturbação. Não te rias de quem chora. Toda dor faz ida e vinda E a botija de vinagre Tem muito vi...

Sou Eu

Hora noturna sobre Leopoldina, A terra amiga que me acolhe os restos. E no templo de júbilos honestos Procuro a paz da inspiração divina. Ante os irmãos do Mestre na Doutrina Que ama e perdoa nos menores gestos, Trago comigo os traços manifestos Da desventura que desilumina. Sou eu, na velha angústia em que me perco, Voltando, triste, ao túmulo de esterco, De outras faixas vitais que o mundo encerra… Sou eu gritando a vossa luz bastarda Que sem Cristo brilhando na vanguarda, Tudo é vaidade e cinza sobre a Terra. Espírito Augusto dos Anjos, soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em sessão pública do Centro Espírita “Amor ao Próximo”, na cidade de Leopoldina, MG, na noite de 28.6.1950..