17 julho 2023

Esclarecendo o problema da morte dentro de nova concepção da vida


Desaparecimento dos antigos mistérios que cercavam o fato natural — Morte, simples fase da vida — as palavras do apóstolo Paulo: "Planta-se o corruptível,  nasce o incorruptível".

A compreensão exata do fenômeno da morte, em seu verdadeiro sentido, em sua verdadeira significação, é uma das mais belas contribuições do Espiritismo para o homem dos nossos dias. No passado, principalmente nas grandes civilizações orientais, o homem desfrutou de elevada compreensão do sentido da vida, e consequentemente da morte. Mas essa compreensão era ainda perturbada pela falta do esclarecimento científico do problema. Apresentava-se envolta na ganga mística ou teológica do mistério. A sobrevivência constituía uma certeza, mas uma certeza de tipo enigmático, de consequências imprevisíveis. Os mortos não eram ressuscitados, não eram homens tão somente desprovidos do corpo físico, mas almas de um mundo desconhecido.

O Espiritismo, como explica Allan Kardec em "A Gênese", vindo depois do desenvolvimento científico, trouxe a vantagem de objetivar o problema da sobrevivência, de colocá-lo no plano da observação e da experiência, de submetê-lo aos processos de verificação e pesquisa científicas. Graças a essa nova colocação do problema, a morte foi despojada dos seus aparatos místicos e do seu sentido cabalístico. Passou a ser encarada de maneira natural, como um fato que pertence à ordem natural das coisas, tão sujeito às leis da vida como o próprio nascimento. "Nascer, crescer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei", afirmou Kardec. Nascimento, vida e morte nada mais são do que três fases de um mesmo e único processo, o processo da vida.

Acabando com os chamados "mistérios da morte", o Espiritismo demonstrou, experimentalmente, que o homem se liberta do seu corpo físico de modo tão natural quanto a larva se transforma em borboleta. Lembrando os ensinos de Cristo e dos seus apóstolos, mostrou que a ressurreição, como escreveu o apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios, é de ordem espiritual e não material.
"Planta-se o corruptível, nasce o incorruptível; enterra-se o corpo material, nasce o corpo espiritual." Nem anjo, nem demônio, nem alma do outro mundo, nem entidade misteriosa, o espírito daquele que morreu é o próprio morto que ressurgiu da morte. É o mesmo homem que conhecíamos na Terra, com seus vícios e suas virtudes, apenas desprovido de um envoltório grosseiro, como um escafandrista que, por tirar o escafandro, não deixa de ser o que era.

Essa nova concepção da morte liberta o homem do medo de morrer, ensina-lhe mesmo a conveniência e a necessidade de morrer, quando soar naturalmente a sua hora, e tira aos que ficam os motivos de angústia e desespero. Uma suave compreensão substitui, na mente e no coração das criaturas, o velho temor e a antiga revolta contra as leis naturais. Ernesto Bozzano, o grande pesquisador italiano, entre as suas muitas monografias espíritas, incluiu um estudo sobre "A Crise da Morte", que merece ser lido por todos os que se preocupam com esse problema universal. Um estudo objetivo, sereno, claro e lógico, baseado em observações do momento da morte, realizadas em várias partes do mundo.

Dizia Victor Hugo: "Morrer não é morrer, meus amigos, morrer é mudar-se". E Charles Richet, o grande fisiologista francês, prêmio Nobel de Fisiologia, escreveu a Cairbar Schutel: "A morte é a porta da vida". O Espiritismo prova a realidade desses conceitos. Através da imensa e variada fenomenologia mediúnica, desde as simples manifestações de tiptologia até as de incorporação, de voz-direta e de materialização, o Espiritismo vem demonstrando positivamente a realidade da sobrevivência. Os que se obstinam em ignorar essas experiências, em fechar os olhos para o novo mundo que se abre ante os homens, pagam o duro tributo do sofrimento sem remédio que as velhas concepções lhes impõem.

J. Herculano Pires, do seu livro O Homem Novo.

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