Palavras de um médico
Há momento em que precisamos confiar ao Senhor a essência dos nossos mais íntimos cuidados.
A vida não é patrimônio do nosso capricho individual e o caminho em que nos cabe marchar para a frente é, sobretudo, traçado pela Divina Sabedoria.
Nem sempre sabemos o que desejamos, contudo o Mestre conhece aquilo de que realmente carecemos.
Quando seja possível ao nosso sentimento, inclinemo-nos perante os Desígnios Superiores que nos alteram os planos e prossigamos para a vanguarda de luz em que devemos situar o coração de trabalhadores do bem.
Ao médico é concedido o mais alto dos títulos na esfera de assistência à vida na Terra. Se os sacerdotes do pensamento religioso semeiam a luz de Deus nas Almas, os médicos são os missionários do equilíbrio da existência humana, garantindo a harmonia do campo em que a fé renovadora conseguirá brilhar.
Sem dúvida, contam-se por milhares aqueles que, desviados do verdadeiro sentido do trabalho que lhes compete, se arrojam aos despenhadeiros da indiferença, traindo o mandato recebido de Mais Alto, entretanto, não ignoramos o imperativo de nossas responsabilidades e sabemos que, acima de tudo, é necessário saibamos agir e servir, nas fileiras dos que se devotam à felicidade de todos.
Para nós, o sacrifício pessoal e a renúncia constante serão o clima inevitável das mínimas cogitações. Por isso mesmo, olvidar os deveres que a luta nos impõe seria menosprezar a nossa mais valiosa oportunidade de elevação.
Não permitamos que a sombra da dúvida nos invada o espírito.
Levantemo-nos espiritualmente e prosseguimos.
Recordemos que a morte é simples ilusão. Exige-se de nós outros, na atualidade, mais senso e compreensão dos nossos serviços nos círculos médicos, a fim de que os nossos princípios se refaçam.
Realmente, os nossos arraiais acadêmicos ainda se acham minados pelo materialismo da semiciência e o soro frio enregela preciosas formações nascentes, no campo de nossas manifestações culturais, mas, a pouco e pouco, amparados na coragem dos colegas que nos continuam os esforços, esperamos criar novos valores para o futuro glorioso que nos cabe atingir.
Não esmoreçamos!
Podemos fazer muito pela classe a que pertencemos e pela comunidade a que servimos. Dispomos de recursos, de influências, de meios espirituais que facilitam a ascensão.
Estudemos! Temos um mundo novo à frente do raciocínio.
Urge o tempo!
Hoje a estrada se descortina cheia de luz. Amanhã, se soubermos semear, a colheita será rica de bênçãos.
Defendamos a oportunidade de triunfar no labor esposado na Terra, a fim de que nossas experiências se dirijam no rumo do porvir, enriquecendo a senda de muitos.
Para a verdade, não importam os títulos externos da criatura.
A roupagem dos pontos de vista é igualmente transitória como a indumentária do corpo. A realidade pede substância prática, riqueza intrínseca.
Não nos propomos converter a personalidade nisso ou aquilo, na rotulagem das ideias ou das confissões variadas a que se filiam os ideais das igrejas terrestres.
Pretendemos, simplesmente, a posição de portadores do bom ânimo e da coragem, a fim de que o remédio não se perca nos desvãos da incerteza e da sombra.
Sigamos à frente. A nossa família não se circunscreve às quatro paredes do nosso movimento doméstico.
Estende-se em todos os lugares, onde um doente chama por nós, confiando-nos a esperança.
Sejamos fortes e restauremos as energias para a batalha do bem, em que sempre nos colocamos, nas linhas da abnegação e da frente.
Nossa responsabilidade é maior que nós. Nossos deveres superam nossas dores. O interesse de todos compele-nos ao esquecimento de “eu”, que tanto nos empenhamos em adorar e conservar.
Recordemos que o Cristo foi o Mestre da Verdade, mas foi também, entre as criaturas, o Divino Médico da Saúde e da Alegria.
Sigamo-Lo na faina abençoada de materializar-se as lições de amor e estejamos certos de que a Sua proteção jamais nos faltará.
Pelo Espírito Francisco Fajardo, psicografado por Chico Xavier. Livro Cartas do Coração.
Trecho da mensagem particular, dirigida a um médico presente à reunião de 17.1.1952, em Pedro Leopoldo.
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