07 maio 2020

A Religião da revelação



Quem nos há de dar provas convincentes da imortalidade, senão aqueles que já passaram pelo transe da morte? Quem nos há de falar com autoridade da vida do além, senão aqueles que lá se encontram? 
A fé personificada em Jesus Cristo é aquela que se baseia na revelação. Bem-aventurado és tu Simão, porque não foi a carne nem o sangue quem, por ti, acaba de confessar que eu sou o Cristo, mas meu Pai que está no céu. Tu és Pedro e sobre esta pedra (a revelação de que Pedro fora o instrumento) edificarei a minha igreja. (Mateus, 16: 17 e 18)
Revelação quer dizer comunhão com o além, de onde nos é transmitida alguma verdade que nos interessa saber. Daí o testemunho vivo da imortalidade, da vida futura que de lá nos acena em gestos magníficos de solidariedade fraternal.
Há mais júbilo no céu, afirma o Evangelho, por um pecador que se regenera que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento. Isto atesta o fato, para nós importante, de que o Céu não está isolado da Terra, que os de lá acompanham com interesse a vida dos de cá; e tal interesse é tão acentuado e positivo que a vitória do pecador importa em alvoroço festivo na sociedade celeste dos que já triunfaram e usufruem o justo prêmio de suas conquistas.
Céu e Terra, anjos e homens, santos e pecadores acham-se todos entrelaçados pelos liames sagrados do afeto, numa comunhão que nada pode quebrar. Tal é a religião da revelação contra a qual as potências do mal jamais prevalecerão. Tais são as chaves que nos abrem os pórticos dos tabernáculos eternos. Tal é a força que liga na Terra o que está ligado no Céu, e liga no Céu o que está ligado na Terra.
Bem-aventurada seja a consoladora religião da revelação que irmana todos os seres, vinculando-os num soberbo e majestoso amplexo de amor.

Vinícius, do livro em Torno do Mestre, psicografia de Chico Xavier

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