20 novembro 2019

No Limiar do Túmulo



Já pensastes na paz do último dia na Terra?
Há na alma prestes a regressar à sua eterna pátria um modo de sensações desconhecidas.
Nesses olhos nublados de pranto, num corpo lavado pelo copioso suor da agonia, gangrenado e semiapodrecido, onde os órgãos rebeldes, em conflito, são centros das mais violentas e rudes dores, existe todo um amontoado de mistérios indecifráveis para aqueles que ficam.
Nesses rápidos minutos, um turbilhão de pensamentos represa-se nesse cérebro esgotado pelos sofrimentos… 
O Espírito, no limiar do túmulo, sente angústia e receio; e, nos estertores de sua impotência, vê numa continuidade assombrosa de imagens movimentadas, toda inutilidade das ilusões da vida material. Todas as suas vaidades e enganos tombam furiosamente, como se um ciclone impiedoso os arrancasse do seu íntimo, e os que somente para esses enganos viveram sentem-se, na profundeza de suas consciências, como se atravessassem um deserto árido e extenso; todos os erros do passado gritam nos seus corações, todos os deslizes se lhes apresentam, e nessa quietude aparente de lábios que se cerram no doloroso rito da morte, existem brados de blasfêmia e desesperação, que não escutais, em vosso próprio benefício.

Emmanuel, do livro homônimo, psicografado por Chico Xavier

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