Uma operação sem anestesia

D. Francisca Porcina das Neves, mãe dedicada de oito filhos, alguns dos quais conhecemos, como Anice, Iracema e Antônio Francisco, depois de relevantes serviços prestados ao Senhor, vive hoje, na espiritualidade.
Seu marido, homem probo e bom, a antecedeu no desencarne, e ela, conhecidíssima como D. Chiquinha, ficou só e com a incumbência de fazer, como fez, do seu matriarcado um apostolado cristão.
Como parteira e médium, possuidora dos dons da vidência e da intuição, possibilitou consolações imensas aos seus irmãos de provas aflitivas e isto ajudada pelo Espírito do venerando Bezerra de Menezes, de quem fora sempre devota humilde e sincera.
Seus Familiares aprenderam, pois, a adorar o Espírito do Médico dos Pobres, tanto mais que, por intermédio de D. Chiquinha, também receberam graças quantiosas, inesperadas.
Antônio Francisco de Oliveira Júnior, que se tornou um abnegado Farmacêutico, quando moço, foi vítima de uma pneumonia dupla, e isto numa época em que não haviam antibióticos para debelarem tão ingrata enfermidade.
Sua progenitora, em momento de desespero, quando tudo lhe falhava através da Medicina da Terra, apelou para o Espírito do querido Seareiro e esse lhe deu presença e, junto com o Espírito do Dr. Chapot-Prévost, ambos vistos pelo Irmão Antônio Francisco, operou os pulmões do doente desenganado, salvando-o de morte iminente.
Antônio Francisco convalesceu-se rapidamente e tomou-se um admirador leal do Apóstolo Espírita Brasileiro, de tal forma que, como nos afirmou, mais tarde, na sua Missão de Farmacêutico e realizando, por necessidade, até operações, tanto chamava pelo Espírito do venerando velhinho que, esse, sofria com seus chamados...
Formou-se em Farmácia e foi residir em Glória de Cataguases, onde montou uma pequena Botica.
Por cerca de oito anos realizou ali algo de que se surpreende até hoje, graças ao auxílio do Médico dos Pobres. Ora, era um parto difícil, em que a parturiente se achava vários dias perdendo forças sem solução para seu caso. Chamado à hora extrema, verificou a gravidade do parto. Deveria ser algum feto anormal. Medicou-a, fez o que achou  cabível naquela conjuntura. E nada se lhe mostrava favorável senão a morte certa da parturiente e do feto.
Foi quando, entre lágrimas, orou ao Divino Mestre, pedindo-lhe que permitisse que o Espírito de Bezerra o auxiliasse. E esse veio por graças de Jesus.
Sentiu as mãos quentes, alguma coisa intuindo-lhe a mente. E agiu como impulsionado por algo invisível.
E a parturiente concebeu uma criança, morta, com uma cabeça descomunal e tendo um só olho na testa...
E acrescentou-nos o caro Irmão Antônio, e foi bom que isso acontecesse senão a coitada da mãe iria passar o fim da vida em sofrimento permanente, indescritível com aquele ser teratológico, que mesmo assim, neste transe em que sofreu e fez sofrer sua progenitora, pagou alguma dívida do passado.
A mãe recuperou-se e vive feliz até hoje, tendo tido outros filhos, normalmente.

Ora, era, ainda, atendendo a duas crianças atacadas de crupe, quando apenas possuía 50 mil unidades de soro específico para o seu tratamento. Mas, com auxílio do Espírito amigo, chamado em momento de angústia e humildade, tudo resolveu, porque com aquela mesma quantidade de água fluida, conseguiu restabelecer as crianças, salvando-as da morte.

Em andanças longas pelos arredores de Glória de Cataguases, atendendo a pobres necessitados, montado em cavalos bravos e empacadores, e sempre através de noites tempestuosas, passou muitos momentos críticos em que pensou não sobreviver.
É o caso em que montado em cavalo passarinheiro, desconfiado, apanhou, de uma feita, com ele, uma forte tempestade, em pleno morro escorregadio e repleto de unhas de gato. Vinha de uma fazenda, acabara de atender a um doente e regressava ao seu lar, quando o aguaceiro o pegou na estrada do morro.
O cavalo escorregava e estava quase a cair com ele montanha abaixo...
Desceu. A lanterna que levava apagou-se, inutilizada pelos relâmpagos. A água barrenta, em grande quantidade, invadia o caminho e despencava-se pelos declives, levando de roldão o que encontrava...
Orou ao Senhor, pensando no auxílio do Espírito de Bezerra. E veio-lhe a intuição, esquisita, parecendo-lhe até desaconselhável. Mas resolveu fazê-la.
Acarinhou o cavalo. Dialogou com ele como se fosse um amigo, alguém que o entendesse. Pediu-lhe uma das patas e este o atendeu. Limpou-a das unhas de gato. Fez o mesmo com as outras. E depois montou. Não escorregou mais. E pôde descer o morro sem cair, sem resvalar-se para o abismo… 

Terminamos, citando-lhe o Lindo Caso abaixo:
Um fazendeiro rico e poderoso, quando nosso Irmão Antônio Francisco passava, a cavalo, pelos caminhos da sua fazenda, chamou-o com urgência.
Tratava-se de um caso grave, que não poderia ser solucionado senão ali mesmo, naquele momento. Um caboclo da Fazenda tivera o pé direito atravessado por uma enorme farpa de madeira. Ardia em febre, suava de dores.
Antônio Francisco levava na malinha de mão apenas iodo, algodão, alguma gaze e ampolas de água destilada. Nenhum analgésico. Nenhuma injeção antitetânica.
Nenhuma pinça. Apenas um bisturi e mesmo assim quase cego. . .
Penetrou num dos quartos da Fazenda e lá estava o caboclo gemendo, febril, deitado numa esteira com a farpa num dos pés. A enorme farpa penetrara-lhe pela sola do pé direito e fora até o osso do tornozelo, não deixando nenhum apoio para ser puxada... Era-lhe impossível, com o material que possuía, fazer a operação com êxito e sem dor... E imaginava: se o caboclo morrer...
Orou. Pediu a Bezerra, em nome de Jesus, da Virgem e de Deus, que o atendesse naquela grave situação. E veio-lhe a intuição. E começou a agir. Encheu a seringa com água destilada, afirmando, para que todos ouvissem inclusive o doente, que aquilo era o analgésico.
Deu a injeção e começou a operar com o bisturi cego. Agia como se força estranha o guiasse. O doente parou de gemer. Não sentia o bisturi penetrar-lhe na carne à procura da farpa... Era de admirar, de emocionar… Durante duas horas, Antônio Francisco trabalhou, auxiliado pelo Espírito querido dr. Bezerra.
Conseguiu tirar a enorme farpa. Grande abertura foi preciso fazer no pé do caboclo, que nada sentia. Inundou de iodo a brecha. Envolveu o pé em gaze. E deu por concluído o serviço, afirmando:
— Amanhã, você estará bom, se Deus quiser!
— Se Deus quiser, repetiu o caboclo, pois Dr., eu não senti nenhuma dor. Sua injeção é mesmo milagrosa...
Saiu, pensando: e se o doente piorasse...
No dia seguinte, foi vê-lo e o encontrou de pé, sem febre e com o pé desinchado… Daí a alguns dias, começou a trabalhar. Não tinha mais nada.
Graças a Deus! Abençoado seja Bezerra de Menezes!

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