Sua Querida Filha, Seu Anjo e seu estímulo
O querido Seareiro Espírita, integrado à Causa de Jesus, vivia sua Missão afanosa e benéfica no apogeu de sua força mediúnica e da sua bondade sem lindes.
No Lar e nos Consultórios, primeiramente num humilde sobrado da rua Primeiro de Março e, depois, na Farmácia Cordeiro, no Riachuelo, seu Espírito estava atento e os Serviços do Senhor se multiplicavam.
Os chamados eram muitos, todos vindos de criaturas pobres, na maioria de Mães em prantos, fatigadas com os encargos domésticos, vítimas da incompreensão de filhos e maridos rebeldes, todos mais doentes da alma, pedindo-lhe a Medicina do Amor da sua palavra, da sua presença, o afago de suas mãos, os benefícios da sua Prece, a compaixão de seu olhar, a caridade do seu grande coração!
Numa tarde, depois de haver vivido um dia cheio de sua Tarefa Diferente, em que consolou e esclareceu, medicou e apaziguou infinidades de Irmãos, chegou ao Lar sentindo-se cansado e preocupado, tanto mais que sua Filha, parece-nos, de nome Evangelina, apelidada docemente por Nhanhan, achava-se febril, abatida, desassossegada.
Descansa, depois de haver tomado seu banho e jantado.
À sua porta chega uma senhora aflita e lhe pede, entre soluços, em nome de Jesus, para ir ver sua filhinha que se achava febril, abatida, desassossegada.
Bezerra se comove com as lágrimas maternais. Pensa na sua filha também doente, a quem dera assistência e de cuja enfermidade não encontrava a causa.
Sente-se também cansado e com as pernas inchadas.
Mas a Irmã, à sua frente, era uma estátua viva de dor e aflição e o chamava em nome de Jesus.
Não podia deixar de atendê-la.
E diz para sua querida esposa, que o observava atenta e também aflita, procurando adivinhar sua solução e pedindo-lhe, pelo olhar, que não fosse:
— Minha Filha ficará sob os cuidados de Jesus. E, em Seu nome, vou cuidar de outra Filha. Até já...
E segue com a mãe aflita.
Sobe e desce morros.
Depois de caminhada exaustiva, chega.
Realiza sua tarefa, medicando a doentinha, dando-lhe passes, receitando-lhe alguns medicamentos e colocando-lhe à mesa algum dinheiro.
E sai, deixando a doente melhor e a Mãe consolada e agradecida, a dizer-lhe:
Vá com Deus, Dr. Bezerra! Que Deus lhe pague o Bem que me fez! Que possa encontrar sua Filha melhor!
Chega ao lar tarde da noite.
Encontra tudo aquietado...
E, receoso, pensando haver a filha piorado e até desencarnado, entra às pressas...
E encontra a esposa dormindo numa cama, e, noutra, sua Filha também dormindo e sem febre.
Ali mesmo, em silêncio, ajoelha a alma e agradece ao Divino Mestre por lhe haver sentido o testemunho e medicado a Filha, aquela que, mais tarde, em plena primavera de seus 18 anos seria chamada à Espiritualidade para ser, de mais Alto, seu Anjo e seu Estímulo!