Somente um espírita seria capaz de orar assim

Em 1910. Pedro Richard foi a Barbacena em visita a um parente.
E, passando, certa manhã, pelas ruas sinuosas e íngremes da bela cidade mineira, teve sua atenção voltada para um Internato de meninas, em cujo interior se achavam muitas pessoas velando o corpo de uma jovem de 16 anos, flor ainda em botão, filha única de um estimado e rico casal barbacenense, a qual, ali, inopinadamente, desencarnara.
O ambiente era de tristeza e dor.
Pedro Richard, sensibilizado, entrou. Sentia o compungimento dos irmãos presentes, inclusive dos familiares da linda ave libertada.
E pediu licença à Diretora do Internato para fazer uma Prece.
Atendido, orou e o fez com aquela maneira que o caracterizava, com a voz do coração e do pranto, aprendida com Bezerra de Menezes.
Quando terminou, o ambiente era outro, menos tétrico, menos lamurioso, porque mais consolador, mais compreensível quanto ao que seja a morte, que ele realçou e documentou como sendo a Porta da Vida Verdadeira.
E fundia-se, por isso, de seus corações em velório, uma certeza balsamizadora, positivada pelos conceitos evangélicos que Pedro Richard ali semeara, delicada e serenamente, à moda de gotas de luz.
E todos, unidos por um sentimento superior, revelando gratidão, abraçaram-no, inclusive os pais da jovem desencarnada.
Uma Irmã, com lágrimas nos olhos, aproximou-se dele e, humildemente, perguntou-lhe:
— Qual é a sua Religião?
— Sou Espírita, minha Irmã!
— Já adivinhava. Somente um Espírita, conhecedor das Verdades cristãs, em Espírito e Verdade, sinceramente, seria capaz de orar assim e espargir sobre nós, como o fez, seus sentimentos de bondade e de fé fervorosa.
Richard saiu.
Seus olhos lacrimejavam.
Fora a Natureza, parecia, que também orava e, por tudo e com todos os seres, havia um balbuciar de lábios, mãos enclavinhadas, corações suspensos, reconhecidamente, falando ao Senhor dos Mundos, ao Pai de Infinita Bondade e de Infinito Amor!

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