Perguntas sobre as existências passadas e futuras

15. Os Espíritos podem revelar-nos as existências passadas?
– Deus, às vezes, permite que elas sejam reveladas, dependendo do objetivo. Se for para a vossa edificação e instrução as revelações serão verdadeiras e, nesse caso, quase sempre feitas espontaneamente e de maneira inteiramente imprevistas. Mas nunca Deus as permite para satisfazer à vã curiosidade.
(10) Note-se a razão do esquecimento do passado, certas lembranças de vidas anteriores seriam grandemente prejudiciais a reabilitação do Espírito na encarnação atual. (N. do T)

 – Porque certos Espíritos nunca se recusam a fazer essas revelações?
 – São Espíritos brincalhões que se divertem a vossa custa. Em geral deveis considerar falsas ou, pelo menos, suspeitas as revelações dessa natureza que não tiverem um fim eminentemente sério e útil. Os Espíritos zombeteiros se divertem lisonjeando a vaidade das pessoas com a revelação de pretensos antecedentes. Há médiuns e crentes que aceitam por legítimo o que lhes dizem a respeito, sem notarem que o estado atual do seu Espírito em nada justifica a posição que pretendem haver ocupado. Vaidadezinha com que os Espíritos zombeteiros se divertem, como o fazem os homens. Seria mais lógico e mais de acordo com a evolução dos seres que eles tivessem subido em vez de descer, o que aliás lhes seria mais honroso. Para se aceitar essas revelações seria necessário que fossem feitas espontaneamente, por diversos médiuns desconhecidos entre si e também daquele que primeiro a fez. Então haveria razão evidente para crer-se.
 – Se não podemos conhecer a nossa individualidade anterior, dá-se o mesmo com o gênero de existência que tivemos, com a posição social que ocupamos e as qualidades e defeitos que predominaram em nós?
– Não, isso pode ser revelado, porque pode servir para vos melhorar. Mas, independente disso, estudando o vosso presente podeis deduzir, por vós mesmos, o vosso passado. (Ver O Livro dos Espíritos: Esquecimento do passado, n° 392).
(11) Muitas revelações têm sido publicadas, em livros e folhetos, sobre encarnações anteriores de pessoas vivas na atualidade. Certos médiuns se deixaram envaidecer com revelações desse tipo, que em nada condizem com sua situação presente, desviando-se do cumprimento humilde de sua missão mediúnica. Além disso, essas atitudes acarretam o descrédito da doutrina e lançam o ridículo sobre o princípio da reencarnação. (N. do T.)

16. Podemos ter alguma revelação sobre nossas existências futuras?
– Não. Tudo o que alguns Espíritos vos disserem a respeito será simples traquinagem. E isso se compreende: vossa futura existência não pode ser percebida antes, pois ela será o que ireis determinar por vós mesmos segundo a vossa conduta na Terra e as resoluções posteriores como Espírito. Quanto menos tiverdes de expiar, mais feliz ela será. Mas saber onde e como será essa existência, ainda uma vez: isso é impossível. Salvo no caso especial e raro dos Espíritos que só estão na Terra para cumprir missão importante, porque então o seu roteiro é de alguma forma traçado com antecedência.
(12) A percepção do futuro tem os seus limites, como todas as coisas. Esse o perigo das profecias audaciosas e também a razão da forma simbólica da maioria delas. O problema do fatalismo e da liberdade se esclarece ao refletirmos sobre essa resposta. (N. do T.)

291. Perguntas sobre interesses morais e materiais.
17. Podemos pedir conselhos aos Espíritos?
 – Sim, não há dúvida. Os Espíritos bons jamais se recusam a ajudar os que os invocam cheios de confiança, principalmente quando se trata de assuntos da alma. Mas repelem os hipócritas, aqueles que fingem buscar a luz e se comprazem nas trevas.
18. Os Espíritos podem aconselhar sobre questões de interesse particular?
– Algumas vezes, conforme o caso. Depende também dos Espíritos interpelados. Os conselhos referentes à vida particular são dados com mais exatidão pelos Espíritos familiares, os que mais se ligam às pessoas e se interessam pelo que lhes concerne. O Espírito familiar é o amigo, o confidente de vossos mais secretos pensamentos. Mas frequentemente o cansais com perguntas tão estúpidas que ele se afasta. Por outro lado seria absurdo interpelar sobre problemas íntimos a Espíritos estranhos, da mesma maneira que propô-los ao primeiro indivíduo que encontrásseis pela frente. É bom não esquecer que a banalidade das perguntas é incompatível com a superioridade dos Espíritos. Necessário também considerar as qualidades do Espírito familiar, que pode ser bom ou mau, segundo os motivos de simpatia que o ligam à pessoa. O Espírito familiar de um homem mau é um mau Espírito, cujos conselhos podem ser perniciosos. Mas ele se afasta e cede o lugar a um Espírito melhor se o homem melhora. O semelhante atrai o semelhante.
(13) Nosso livre-arbítrio cria o nosso determinismo. Se persistirmos no mau caminho determinaremos um mau futuro em más companhias. Se escolhermos o bem e lutarmos contra as nossas más tendências, melhorando-nos, determinaremos a mudança imediata da nossa situação e um futuro melhor, na companhia de Espíritos bons que se afinarão com as nossas decisões. Tudo depende primeiramente de nós. (N. do T.)

19. Os Espíritos familiares podem ajudar nos interesses materiais por meio de revelações?
 – Podem. E o fazem algumas vezes, segundo as circunstâncias, mas os Espíritos bons jamais se prestam a servir à cupidez. Os maus fazem brilhar mil miragens aos vossos olhos para vos excitar e mistificar, levando-vos à decepção. Sabei também que se a vossa prova é sofrer esta ou aquela vicissitude, os Espíritos protetores podem vos ajudar a suportá-la com resignação, às vezes amenizá-la, mas no interesse do vosso próprio futuro não podem afastá-la. É assim que um bom pai não concede ao filho tudo o que este deseja.
OBSERVAÇÃO – Nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias, indicar-nos o melhor caminho, sem entretanto nos levarem a ele. Do contrário perderíamos toda iniciativa e nada mais faríamos sem recorrer a eles, isso em prejuízo do nosso aperfeiçoamento. Para progredir o homem tem sempre necessidade de adquirir experiências a sua própria custa. É por isso que os Espíritos sábios, sempre prontos a nos aconselhar, entregam-nos às nossas próprias forças, como um instrutor hábil faz com seus alunos. Nas circunstâncias ordinárias da vida nos aconselham pela inspiração e nos deixam assim todo mérito do bem, como toda a responsabilidade pelas más escolhas.
Seria abusar da condescendência dos Espíritos familiares e não compreender a sua missão interrogá-los a todo instante sobre as questões mais corriqueiras, como o fazem certos médiuns. Há os que por um sim ou um não tomam o lápis e pedem conselhos para as mais simples decisões. Essa mania revela estreiteza de ideia e ao mesmo tempo a presunção de ter sempre um Espírito serviçal às ordens, sem nada mais a fazer do que se ocupar de nós e de nossos pequeninos interesses. Além disso, equivale a aniquilar seu próprio julgamento e reduzir-se a um papel passivo, sem nenhum proveito no presente e com prejuízo certo para o progresso futuro. Se há infantilidade em interrogar os Espíritos sobre questões fúteis, também é infantil, de parte dos Espíritos, ocuparem-se espontaneamente do que podemos chamar de rotina caseira. Esses Espíritos podem ser bons, mas seguramente estão ainda muito terrenos
.

20. Se uma pessoa deixa, ao morrer seus negócios embrulhados, pode-se pedir ao seu Espírito que ajude a desembaraçá-los e pode-se ainda interrogá-lo sobre os haveres reais que deixou, caso não se saiba o total e seja isso do interesse da Justiça?
 – Esqueceis que a morte é uma libertação das preocupações terrenas. Julgais então que o Espírito, feliz com a sua liberdade, virá de boa vontade retomar a cadeia e ocupar-se de coisas que não mais lhe concernem, para satisfazer o cupidez dos herdeiros, talvez contentes com a sua morte, da qual esperam tirar proveito? Falais de justiça, mas a justiça está na decepção da ganância dos herdeiros; é o começo das punições que Deus reserva para sua avidez dos bens terrenos. Além disso, os embaraços deixados às vezes pela morte de uma pessoa fazem parte das provas da vida e nenhum Espírito tem o poder de afastá-los, pois pertencem aos decretos de Deus.
OBSERVAÇÃO – Essa resposta desapontará certamente os que imaginam que os Espíritos nada têm de melhor a fazer do que servir-nos de auxiliadores clarividentes para guiar-nos, não em direção ao céu, mas na própria Terra. Outra consideração vem apoiar essa resposta. Se um homem deixou em vida os seus negócios atrapalhados por desleixo, não é verossímil que depois da morte tome mais cuidados, deve sentir-se feliz de estar livre das preocupações que lhe causavam. Aliás, por menos elevado que seja, lhes dará menos importância como Espírito do que como homem. Quanto aos haveres não sabidos que possa ter deixado, não há nenhuma razão para se interessar por herdeiros ávidos, que provavelmente nem pensariam nele se não esperassem algum lucro. E se ainda estiver imbuído de paixões humanas poderá mesmo sentir um prazer malicioso com o seu desapontamento.
Se, no interesse da justiça e das pessoas que estima, um Espírito julgar útil fazer dessas revelações, as fará espontaneamente, sem necessidade de que o interessado seja médium ou recorra a um médium. Ele o levará ao conhecimento do assunto por meio de circunstâncias inesperadas, mas nunca em virtude de pedidos que lhe façam, pois os pedidos não podem mudar a natureza das provas que se têm de sofrer. Seriam antes capazes de agravá-las, pois quase sempre revelam cupidez e demonstram ao Espírito que só se pensa nele por interesse, (Ver n° 295).

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