Olhando consolava e medicava

Manuel Quintão, conforme nos disse, tivera a felicidade de ver Bezerra e lhe obter uma grande Graça apenas uma vez, no seu Consultório da rua Primeiro de Março.
Isto, no começo de 1898.
Quintão era um jovem de seus vinte e poucos anos. Não se considerava um crente convicto, mas um eclético à procura de algo quer lhe desse um Roteiro certo à compreensão da Verdade.
Moço ainda e era considerado pelos médicos da Terra como portador de enfermidades incuráveis. Sentia-se cardíaco, candidato à tuberculose e a um próximo desencarne...
Penetrou o Consultório do Médico dos Pobres, assustado e desconfiado, porque amigos sinceros lho tinham indicado como o único capaz de dar solução ao seu Caso...
Achou a sala pobre e quase sem móveis, com alguns bancos velhos e gingantes e repleta de gente pobre, humilde, traindo no olhar uma confiança imensa no Apóstolo brasileiro.
Daí a instante, Bezerra entrou e foi abraçando um por um e dando a cada qual uma palavra de conforto, uma recomendação particular, demonstrando estar a par da situação física e espiritual de cada doente.
Chegando a vez de M. Quintão, disse-lhe Bezerra:
— Meu filho, não ponha alho na comida. E tome Allium Sativum e... (Não guardamos outro medicamento homeopático receitado). Você é viajante, segundo penso, pois coloque os remédios nas botas e os tome, alternadamente, de 4 em 4 horas, durante algum tempo.
Manuel Quintão olhou para Bezerra de Menezes com simpatia e respeito.
Pela primeira vez, na vida, olhava uns olhos mansos e puros.
Sensibilizou-se. Sentia-se abraçado, afagado e medicado através daqueles olhos bondosos.
Despediu-se, agradecidamente, e partiu.
Tomou os remédios e melhorou.
Viajou como empregado de forte Casa Comercial do Rio, pelos Estados do Rio e Minas.
E, quando voltou 2 anos depois, cheio de simpatia pelo Espiritismo, foi procurar Bezerra de Menezes e não o encontrou mais.
Achava-se na sua casa do Rocha gravemente enfermo. Não mais conseguiu vê-lo.
Mais tarde, fazendo-se amigo de Pedro Richard, soube do desencarne do abnegado Evangelizador Brasileiro.
Sentiu, sobremodo, a libertação do grande Médico.
E, conforme relatou em seu belo livro Cinzas de Meu Cinzeiro, foi procurar o Dr. Dias da Cruz, nos fundos de uma Farmácia, na rua da Quitanda, e, este, Médico e Espiritista e não médium, aconselhou-o a procurar o caro irmão Domingos Filgueiras, na rua Álvaro, 6, no Engenho Novo, que era médium e um sincero servidor de Jesus.
Procurou-o e deu-se bem com seus remédios.
Todavia, jamais esquecera os olhos mansos, bons e puros de Bezerra de Menezes, pelos quais recebera, pela primeira vez na vida, um abraço e um medicamento, algo de que jamais se esquecera.

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