O esporão das árvores

Em 1960, junto com a esposa e o distinto casal General Sandoval e Lídia Cavalcanti de Albuquerque, passamos alguns dias em Caxambu.
Deleitamo-nos num ambiente de Paz, Amor e Luz, visto que frequentamos o Centro Espírita 25 de Dezembro, dirigido, evangelicamente, pelo caro Irmão Tufy Matuck, e conversamos, bebendo boa água e respirando um ar de montanha, mais perto do céu, assuntos ao Senhor, agradecendo à Divina Providência o dom de compreender a Verdade e o ensejo de trabalhar na concretização do melhor ao nosso alcance, no conselho do bondoso Bezerra de Menezes.
Foram dias de sonhos benfazejos que se tornaram, depois, em realidades consoladoras, com relação à Doutrina que esposamos.
Dormíamos e acordávamos com o Homem Novo despertado em nós e desejando realizar, servir, amar e perdoar mais.
Foi aí, nesse ambiente feliz, que tivemos a felicidade de sonhar com o Espírito querido de Bezerra de Menezes, pela segunda vez, porque a primeira foi, em nossa casa da rua Curupaiti, quando iniciamos os seus Lindos Casos e ele, amoroso e bom, nos ajudou a selecioná-los, a acepilhá-los, para que não saíssem alguns respingados de elogios à sua pessoa. Desejava, antes de tudo, neles, com eles e por eles, ressaltar tão somente a personalidade imaculada do Divino Mestre.
O querido Espírito apareceu conosco viajando num trem ou num aerobus, de que nos fala o Espírito de André Luiz.
Ele se achava vestido de uma roupagem clara e calçava umas botas longas, fazendo-nos crer que realizava uma viagem benéfica ao seu Espírito e para ganharmos uma Lição medicamentosa.
Do corredor do veículo olhávamos por umas das janelas e divisávamos, ao longe uma extensa floresta, em cuja copa havia um lençol de neve, aformoseado por constantes vibrações de raios de luz suave e blandiciante.
Emocionado, perguntamos ao Dr. Bezerra:
— Que é aquilo?
— É o Esporão das Árvores, respondeu-nos, paternalmente, o abnegado Médico dos Pobres.
Ficamos, alguns momentos, inebriado com o espetáculo inédito a que assistíamos.
Entre nós e Bezerra havia uma intimidade de pai para filho, do Mestre para discípulo, do Irmão maior para irmão menor.
Não vai em nossa afirmativa nenhum resquício de vaidade, nenhuma atitude demonstrativa de abuso, fazendo crer que somos importante e nos orgulhamos de gozar da intimidade do Apóstolo Espírita.
Temos pelo Espírito do Médico dos Pobres respeito, veneração, mas sabemos que, somente por acréscimo e misericórdia, merecemos esse convívio.
E, depois, com mais vagar, traduzindo o sonho maravilhoso, e talvez porque guardássemos dele conselhos que nos gravaram bem no íntimo, chegamos à conclusão de que ele, bom e humilde, serviçal e abnegado, desejou, com aquele sonho nos medicar o Espírito e nos agradecer, a seu modo, tão cristão, o amor que lhe dedicamos e as lições evangélicas que lhe tiramos da vida, aqui vivida, toda votiva a Jesus.
E nos medicou, sobremodo, porque entendemos aquele lençol enevoado e brilhante sobre a Floresta. Era como um esporão amigo, carinhoso, acordando-lhe a seiva, estimulando-lhe as energias, dando-lhe vivacidade, colocando-a na missão dadivosa de servir, de dar de si, de realizar a missão colaborativa e silenciosa com o Pai e Criador.
Acordamos, de fato, estimulado, esporeado, amorosamente, evangelicamente, como se tivéssemos recebido uma transfusão de bom ânimo, de esclarecimentos novos vindos de mais Alto, do mais Além, de um Espírito querido, em dia com os Deveres árduos e gloriosos do Discipulado do Mestre da Bondade e do Amor, do Perdão e da Renúncia, da Compaixão e da Humildade!
E até, hoje, relembrando esse sonho, nos revemos, de fato, numa manhã de Primavera física e espiritual, recebendo o mais lindo dos espetáculos para os olhos e a festa mais sublime para o coração!
Esporão abençoado, neve iluminada, leite da ternura de uma Palavra de vida e luz que se escorre dos lábios abençoados de um vero Servidor de nosso Senhor Jesus Cristo!
Foi o que recebemos!
Graças a Deus!

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