Nosso encontro com um filho de Bezerra de Menezes

Num domingo de abril de 1942, fomos a Miguel Pereira, no Estado do Rio, acompanhado da esposa e da saudosa Mãe Ritinha.
À noite, falamos no Centro Espírita Joana d'Arc.
Conhecemos, aí, irmãos queridos, almas carinhosas, que sabiam servir e testemunhar Jesus até nos abraços que nos davam, medicando-nos, lenindo-nos as provas.
Guardamos apenas seus primeiros nomes, como eram conhecidos e estimados:
Áurea, Norberto, Sinhozinho, hoje na Espiritualidade, e Benedito Andrade, felizmente, entre nós, e residindo no Estado da Guanabara.
Eram e são, verdadeiramente, quatro Anjos, que valiam e valem por um Exército de veros Servidores, comunicando-nos, pelos exemplos, a Luz de sua Fé e o Perfume de seu Amor.
Conversamos, no Centro, sobre a Donzela de Donremi, apreciando-lhe a mediunidade de vidência e audiência, seus testemunhos, seu Martírio, seu Amor ao Divino Mestre.
O ambiente vestira-se de luz e de flores, aquecendo e perfumando-nos as almas.
Terminamos, emocionado, contando Casos Lindos de Bezerra de Menezes, destacando as realidades de seus Ensinos, os Testemunhos que nos deixou, os Benefícios que nos fez, as Lições de Mediunidade sobre as quais nos prelecionou, o Roteiro que nos deu para servir ao Cristo e nos aperfeiçoar espiritualmente.
Em nossos olhos e nos olhos dos assistentes nós lobrigávamos lágrimas doces de emoção e vestígios santos das visitas dos queridos Espíritos evocados, enluarando-nos os corações.
Ao nosso encontro vem um Senhor idoso, cabelos grisalhos, rosto enrugado, aparentando ter 60 anos.
Traz os olhos vermelhos de chorar e as mãos trêmulas pelas vibrações do encontro. E nos abraça comovida e enternecidamente. Era um dos filhos de Bezerra de Menezes.
Chamava-se Octávio, apelidado de “O Barão", e conosco ficaram sua fisionomia simpática e as suas palavras gratulatórias e reivindicadoras:
— O Sr. deu-me o verdadeiro perfil espiritual de meu pai. Senti-lhe a presença e a satisfação de vê-lo recordado como o deseja, através dos testemunhos que deu junto a Jesus. Parou um pouco, para refazer-se da emoção, e continuou: Depois que ele desencarnou e lhe sentimos a falta é que eu e meus irmãos, inclusive minha prezada Mãe, verificamos o Anjo que ele fora e é. Muitas vezes, eu mesmo o achava descuidado com o Futuro, porque não se enriquecia, não aumentava seus haveres materiais, não lutava para nos deixar, como desejava, alguma fortuna, alguns bens em dinheiro. Mais tarde compreendi o que herdamos: um Nome limpo e iluminado pelos Serviços cristãos realizados, uma Alma pura e um Espírito triunfante, porque todo ligado ao dever de servir, de ser Bom e de ser útil. Hoje, já me sentindo à beira do túmulo, arrependo-me de não lhe haver imitado os exemplos. Mas algo deixou em mim, algo que me burila o íntimo, a certeza consoladora e certa de que não há, em verdade, glória maior senão a de ser Bom.
O abraço e a palavra sincera do filho de Bezerra foram, como chave de ouro, à visita que fizéramos à Família Espírita de Miguel Pereira.
Nunca mais esquecemos da graça recebida neste encontro.
Pelo filho, tão bom e tão meigo, tão humilde e sincero, começamos a gostar mais, muito mais, para sempre, do Espírito de Bezerra de Menezes.

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