Médiuns intuitivos

180. A comunicação do pensamento do Espírito pode dar-se também por meio do Espírito do médium, ou melhor, da sua alma, desde que designamos por essa palavra o Espírito quando encarnado.
(2) Quanto à palavra alma deve-se consultar Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, em O Livro dos Espíritos. Kardec explica a razão porque devemos chamar o Espírito, enquanto encarnado, de Alma, reservando a palavra Espírito para os desencarnados. -  (N. do T.)

O Espírito comunicante, nesse caso, não age sobre a mão para fazê-la escrever, não a toma nem a guia, agindo sobre a Alma com a qual se identifica. É então a Alma do médium que, sob essa impulsão, dirige a mão e esta dirige o lápis.
Notemos aqui um fato importante que se deve conhecer. O Espírito comunicante não substitui a Alma do médium, porque não poderia deslocá-la do corpo: domina-a, sem que isso dependa da vontade dela, e lhe imprime a sua vontade própria. Assim, o papel da Alma não é absolutamente passivo. É ela que recebe o pensamento do Espírito e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não se trate do seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo.
(3) Esta explicação de Kardec sobre o mecanismo da mediunidade ou do ato mediúnico afasta a ideia falsa, que geralmente se faz, de que o Espírito comunicante se incorpora no médium. Não há realmente incorporação, mas apenas sintonia ou indução mental. A afirmação de que o Espírito comunicante domina a Alma do médium parece contraditada pela afirmação seguinte de que a Alma não é passiva. Basta lembrar que o domínio se refere apenas ao estabelecimento da relação fluídica, pois se o médium não quiser não transmite a mensagem, para compreender-se que não há contradição. O ato mediúnico é resultante de colaboração. - (N. do T.)
Sendo dessa maneira, dir-se-ia, nada prova que seja outro Espírito e não o do médium que escreve. A distinção, de fato, é às vezes bastante difícil de se fazer, mas pode ser que isso pouco importe. Pode-se, entretanto, conhecer o pensamento sugerido pela razão de não ser jamais preconcebido, surgindo na proporção em que escreve, e muitas ser mesmo contrário à ideia que se formara a respeito do assunto. Pode ainda, estar além dos conhecimentos e da capacidade do médium.
(4) Note-se que as distinções indicadas, para a separação do pensamento sugerido, constituí elementos bem característicos do pensamento estranho. Assim, as dificuldades de distinção decorrem mais da falta de conhecimento do problema e da incompreensão das leis pensamento, do que das condições supostamente confusas da transmissão. - (N. do T.)
O papel do médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como um intérprete. Para transmitir o pensamento ele precisa compreendê-lo, de certa maneira assimilá-lo, a fim de traduzi-lo fielmente. Esse pensamento, portanto, não é dele: nada mais faz do que passar através do seu cérebro. É exatamente esse o papel do médium intuitivo.

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