De onde não se espera

Nosso saudoso e querido Irmão M. Quintão contou-nos muitos Lindos Casos de Bezerra de Menezes. Alguns constam de seu belo livro Cinzas de meu Cinzeiro.
Página atrás já registramos alguns casos que não constam desse seu livro e nem tiveram outra publicidade. De muitos deles perdemos os detalhes mais preciosos.
Sentindo, no entanto, que em Cinzas de meu Cinzeiro consta, com o título acima, um de seus melhores Casos, aqui o registramos sintetizado, como no-lo foi contado pelo culto autor de O Cristo de Deus.

Sua filhinha Maria das Dores, apelidada por Chicha, estava gravemente enferma. Vivia seus 4 anos e 7 meses.
M. Quintão havia recebido de Bezerra uma receita homeopática e com a consoladora notícia de que ela ficaria curada aos 7 anos de idade...
Numa tarde, regressando da Federação Espírita Brasileira, onde atendera ao seu vultoso receituário mediúnico, observa a filha doente e inteira-se de sua gravidade, ao mesmo tempo que um lampejo de desconfiança lhe invade a alma...
E pergunta a si mesmo: — Bezerra teria se enganado ou é a minha mediunidade que está falhando?!...
E, neste estado de alma, por insistência da prezada esposa, vai à casa vizinha, no afã de fazer parar a barulheira de uma sessão de terreiro...
Lá, entrando, surpreende-se vendo uma grande assembleia de crentes ouvindo, respeitosamente, o Espírito de um preto velho incorporado numa moça de seus 18 anos. E o Espírito lhe diz:
— Pode entrar meu branco. Papai do Céu permitiu que preto velho console você...
Depois de mostrar-lhe achar-se a par da situação da enfermidade da Chicha, prevê-lhe o desencarne próximo e sua volta daí a um ano, finalizando:
— Sim, você tem razão, ela é espírito adiantado, está com Nossa Senhora. Mas você chora muito... Porque? Olha, eu vou dizer, ela vai voltar ao sua lar. É preciso; mas, meu branco já sabe, espírito adiantado não demora muito na Terra. Meu branco vai ver, e agora promete cachimbo novo para pai João pitar?...
M. Quintão saiu dali inexplicavelmente confortado.
Maria das Dores, a querida Chicha, desencarnou dias depois. E daí um ano, mais ou menos, o lar do nosso caro Amigo se alegrou, consolado, com a chegada de outra belíssima menina. Chamou-se Maria da Glória e, quando completava dois anos e cinco meses, linda, meiga, afetiva, de uma precocidade invulgar, demonstrando as mesmas qualidades espirituais da Chicha, vítima de uma pneumonia consequente do sarampo, desencarna, deixando seus progenitores inconsoláveis...
Foi nessa conjuntura que o caroável Bezerra, vindo de sopetão, espontânea, improvisadamente, pelos lápis de M. Quintão, lhe diz:
— "Meu Amigo, nunca te enganei, a Chicha e a da Glória são um e o mesmo Espírito em duas etapas terrenas. Soma as idades.
Sim, 4 anos e 7 meses de Chicha e 2 anos e 5 meses da Maria da Glória somam, de fato, 7 anos. Bezerra não mentira, e Pai João tinha razão...
Anos mais tarde, M. Quintão vai ao Pará para assistir, como representante da Federação Espírita Brasileira, aos Fenômenos de Materialização, que a Médium de efeitos físicos, D. Ana Prado, realizava em sua própria residência.
Depois de identificar a veracidade dos Fenômenos e repletar-se, com eles, de consolação e esclarecimento, teve, no final das reuniões, à despedida, a graça de ver materializado o Espírito de sua Filhinha Chicha, que, vindo ao seu encontro, abraça-lhe o pescoço, enchendo-o de comoção e lhe diz:
— Papai, o Preto Velho e o Dr. Bezerra têm razão. Eu fui a Maria das Dores e, depois, a Maria da Glória...
E, aos nossos ouvidos, soavam as palavras sábias do Preto Velho: ...espírito adiantado não demora muito na Terra...

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