Confirmado e traduzido o bilhete de Bezerra de Menezes

Em 4 de novembro de 1944, visitamos, pela primeira vez, o querido Médium Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.
Recebemos, numa Sessão íntima, com ele reunidos, muitas Graças, inclusive a que veio pela nossa irmãzinha Wanda, que se identificou de forma comovedora, relatando-nos e à nossa companheira seu estado espiritual e o de seu esposo, recordando os momentos passados na Terra, junto de nós a fase crucial de sua obsessão, os conselhos medicamentosos e do bilhete recebido do Espírito do Dr. Bezerra de Menezes.
E, por fim, rejubilando-se com a nossa visita, ofereceu-nos, pelo lápis abençoado de Chico Xavier, esta comovedora e instrutiva Mensagem:

"Zezé, minha querida, Ramiro, meu bom irmão, como falar a vocês depois da alegria que me envolve o coração?
Nos grandes momentos de nossa vida, o coração apenas compreende o grande silêncio, porque as palavras são pobres para exprimir os nossos pensamentos mais puros.
A morte, querida Zezé, não existe.
Que imensa ilusão invadiu a Terra.
Que sombras espessas. 
Tudo é espírito, claridade, vida eterna.
Depois da tempestade, a bonança sublime, em seguida às sombras surge o radioso sol da Verdade.
Dores amargas me agravaram a vida humana e necessitei resgatar meus débitos passados!
Era por isto, Zezé, que, inconscientemente, chorava e cantava ao mesmo tempo (1), quando a dor oculta de minha alma se me represava no coração ferido.
No fundo, sabia eu, intuitivamente, que estava transformando a lama do passado em ouro de imortalidade feliz!
Oh! meus queridos, como abençoo agora aqueles martírios que me reconduziram à redenção! Oh! Zezé os nossos mais belos momentos aí, na Terra, não se verificam nos dias de capricho satisfeito, de esperanças realizadas! São justamente aqueles das horas mais ásperas, quando tudo parece derrota, falência, incompreensão.
Às vezes é preciso perder os véus da carne, como aconteceu comigo, para entendermos semelhante verdade, em sua divina extensão, mas, efetivamente, minha querida, é sublime
A sua felicidade, a ventura de Ramiro e de todos os nossos que souberam beber na fonte de “águas vivas” do Espiritismo consolador, é verdadeiramente inexprimível.
Vocês aprendem pelas mãos generosas do amor o que vim aprender, através das algemas da dor, em dias de combate doloroso comigo mesmo, frente às responsabilidades adquiridas em outra época.
Todos nós, Zezé, colhemos a nossa semeadura.
Recolhi os espinhos de minha lavoura espiritual em outro tempo, mas, agora, querida irmã, alimento o firme propósito de caminhar na mesma senda de espiritualização a que vocês se devotam, com tanta fidelidade a Jesus!
Suas Preces foram socorros sublimes para mim, as lembranças de vocês, nos pensamentos amigos que me enviaram, todos os dias, foram as luzes que me arrebataram da incompreensão rápida por criaturas cruéis que, no passado de minha alma, ao invés de transformá-las, em amigos bondosos, converti-os em verdugos impiedosos.
Graças a Jesus, o poder da oração libertou-me e sinto-me, queridos irmãos, preparada a contribuir, com vocês, no grande serviço de iluminação espiritual a que emprestam as melhores energias.
Tenho encaminhado o Francisco (2) a todos os trabalhos que vocês realizam, no sentido de fortalecer-lhe o coração ainda frágil entre as surpresas naturais que o aguardavam aqui. Ainda se encontra faminto de luz e sequioso de bênçãos, entretanto, a colaboração de vocês junto de seu humilde esforço será decisiva.
Com o auxílio de Jesus, espero que ele se restabeleça, em breve tempo, para os novos deveres.
Ouço, minha querida irmã, as vozes afetuosas que o seu coração me dirige neste momento. Sinto seus ideais de mãe, de esposa, de filha carinhosa e de abnegada irmã de todos os infelizes. O Nosso Divino Mestre há de abençoar sua caminhada neste mundo. Os espinhos terrestres não ferirão seus pés, as sombras não envolverão sua alma devotada, porque seu espírito, minha irmã, desde muito se consagrou ao Senhor e à Sua Divina Vontade nas lutas da Terra.
Que Ele a proteja e abençoe sempre. Nos trabalhos de nosso ambiente familiar nunca faltará a você o amparo celeste. Que você e o Ramiro sejam infinitamente felizes, com Cristo, são os meus votos.
E, esperando que continuem me auxiliando com as orações e pedindo-lhes distribuir os meus afetos com todos os nossos, abraça-os com lágrimas de júbilo e reconhecimento, a irmã do coração.
Espírito Wanda.

(1) Foi uma identificação que nos bastou e comoveu. 
Quando encarnada, era esta uma das características de seu puro Espírito: cantar e chorar ao mesmo tempo, o que fazia seus familiares se surpreenderem e pressentiram-lhe as provas dolorosas, que suportou e com as quais compreender essa lição da vida aí mesmo no mundo, no círculo de lutas pesadas de todos os dias tal se verifica em seu coração.
(2) Trata-se de Francisco José Moreira, seu marido.

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