Cai da parede o retrato de Bezerra
Uma lição dolorosa para nosso espírito...
Nossa responsabilidade aumentava, dia a dia.
As graças recebidas vinham sempre, além de nossos méritos.
Devíamos andar permanentemente orando e vigiando.
E foi quando, de uma feita, sofremos uma grande experimentação.
Confrades, ligados ao nosso coração, usaram conosco de deslealdade. Fizeram-nos algo que não esperávamos, justamente, quando mais precisávamos da colaboração de suas preces e de sua fraternidade.
Procuramos fazer um trabalho federativo, que o caro Dr. Guillon Ribeiro, então Presidente da Federação Espírita Brasileira, apreciava e, por isto, incentivava-nos.
Obtivemos algum êxito mas contrariamos, sobremodo, interesses anticristãos da Terra e do Além...
Ficamos entre dois fogos...
E mais ainda: cartas anônimas chegavam às mãos dos Diretores da Caixa do Pessoal Jornaleiro da E. F. C. B. dizendo-lhes que somente ensinávamos aos nossos alunos coisas espíritas...
No lar, os filhos doentes davam-nos apreensões...
E foi, num clima assim, experimentado sobremodo, que um dia falimos, perdendo a serenidade e dando ganho de causa ao descontrole íntimo...
E discutimos com a querida esposa, magoamos o coração de nosso querido progenitor e assustamos nossos filhos, castigando-os severamente...
Neste auge, o retrato de Bezerra de Menezes cai da parede.
Corremos todos, assustados.
O prego na parede estava intacto...
O arame que segurava o retrato também estava intacto...
E traduzimos, cheio de remorsos, o acidente...
Bezerra estava contrariado conosco, com nosso modo de proceder, com nossa invigilância, com a nossa discussão, com a nossa mágoa, com a nossa severidade...
Não podia nos assistir mais, diante do que vira...
E partiu...
Compreendemos, chorando, a nossa derrota.
Arrependido, oramos, pedindo forças e luzes para não cair mais naquelas tentações, naqueles desastres...
Colocamos o retrato no lugar.
Mas, o olhar de Bezerra não era o mesmo...
E somente um ano depois, mais tarde, é que conseguimos ver de novo, seu olhar mais satisfeito, bondoso e dizendo-nos que voltara, que confiava em nós e nos pedia oração e vigilância permanentes para todo o sempre.
Uma lição dolorosa ganháramos para o nosso espírito e até hoje a sentimos.
E até hoje lutamos para domar nossas paixões, disciplinar nosso espírito, efetivar o controle íntimo, certo de que é por este calcanhar de Aquiles que, quase sempre, somos vencidos, perdendo o Clima da Luz Acima, o clima da Tarefa Diferente, o Clima dos Cristãos em Cristo.