Agora

Na sessão do Luiz Gonzaga, de 30/08/1951, estávamos presentes em companhia de vários confrades do Distrito Federal. O salão do Centro achava-se lotado. Às 19 horas, o Chico chegou e começou a atender os pedidos de autógrafos em livros ali adquiridos e, a resolver, rapidamente, problemas íntimos de vários irmãos. Num momento de folga passou perto de nós e pediu-nos e ao nosso grupo:
— Vocês, que são mais esclarecidos, que são meus Amigos, procurem me auxiliar para obtermos bom ambiente, pois sinto relâmpagos no ar e trovoadas prenunciando aguaceiro.
Começamos, com auxílio de outros confrades queridos, a vasculhar o ambiente, contando casos evangélicos aqui e ali. Depois com a declamação de uma meiga menina de 8 anos, filha de um confrade ali residente, conseguimos melhorá-lo mais, pois tudo se vestiu de ternura, de poesia, de emoção. A voz carinhosa, sentimental, sincera, da irmãzinha, declamando versos de Casimiro Cunha, de João de Deus, e dizendo, de cor, várias passagens evangélicas, fez com que nossos pobres corações se suspendessem e vibrassem.
O Chico sentia e acabamos sentindo que, além de pensamentos e sentimentos futilizantes, por parte de algumas pessoas mais curiosas do que crentes, no ar cruzavam-se os pedidos mais estúrdios, os desejos de sinais nos céus… Uns a vibrarem por mensagens de parentes desencarnados, outros  querendo algo que lhes pudesse aumentar a fé e fazê-los solucionar determinados problemas materiais. E assim, com exceções, os pedidos eram diversos e nem todos integrando os apelos do Evangelho.
Quando a sessão foi iniciada, o ambiente era outro. E o abnegado Médium conseguiu começar sua tarefa com duas assistências, a dos irmãos encarnados e desencarnados, em estado de oração, de respeito e de humildade. E, no seu final, como presente do Amor de Jesus, veio este poema de Meimei, que nos deu o que precisávamos:

Agora

Se a consolação do Evangelho nos visitou a alma…
Se a bênção da fé nos ilumina…
Se a nossa confiança permanece restaurada…
Se a fraternidade é o ideal que buscamos…
Agora, realmente, a nossa vida aparece modificada.
Agora, conhecemos, agora temos e agora somos.
Porque, em Cristo, nossa alma sabe o que deve fazer, recebe do céu o suprimento de recursos e valores, de acordo com as nossas próprias necessidades e é demora de bênçãos e dons que nem todos, de momento, nos veem desfrutar.
Nosso horizonte jazia velado pelas trevas.
Antes, seria difícil a tarefa do auxílio.
Crisálidas da inteligência descansávamos no casulo da ignorância.
Agora, porém…
O Senhor, utilizando mil pequeninos recursos, acendeu a luz do conhecimento divino em nosso espírito e, com a visão mais alta da vida e do mundo, cresceram a nossa importância de pensar e a nossa responsabilidade de viver.
Se já te encontraste com Jesus, não te queixes.
Ontem, poderias alegar fraqueza e desconhecimento como pretexto para ferir ou repousar, fortalecendo o poder da inércia ou da sombra.
Hoje, porém, é o teu dia de servir e de caminhar.

Espírito Meimei

E todos saímos do Luiz Gonzaga aliviados, visitados, abençoados, estimulados, compreendendo cada qual que, agora, só deve ter uma preocupação, um dever imperioso, servir, servir, servir sempre… 

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