Cura e caridade
Cada vez que nos reportamos aos serviços da cura, é justo pensar nos enfermos, que transcendem o quadro da diagnose comum. Enxameiam, aflitos, por toda parte, aguardando medicação. Há os que cambaleiam de fome, a esmolarem doses de alimentação adequada. Há os que tremem desnudos, requisitando a internação em roupa conveniente. Há os que caem desalentados, a esperarem pela injeção de bom ânimo. Há os que arrojaram nos tormentos da culpa, rogando tranquilizantes do esquecimento. Há os que se conturbam nas trevas da obsessão a pedirem palavras de luz por drágeas de amor. Há os que choram de saudade nos aposentos do coração, suplicando a bênção do reconforto. Há os que foram mentalmente mutilados por desenganos terríveis, a suspirarem por recursos de apoio. E há, ainda, aqueles outros que se envenenaram de egoísmo e frieza, desespero e ignorância, exigindo a terapêutica incessante da desculpa incondicional. Ajuda, sim, aos doentes do cor...