Grande Além
Nos mais estranhos lugares do mundo, todas as pessoas trazem o passaporte invisível para o Grande Além. O esquimó e o europeu, o hotentote e o americano encaminham-se, diariamente, para o mesmo fim. Em algumas antigas regiões asiáticas, a roupa velha dos viajantes, que atravessam as fronteiras da morte, é confiada aos abutres famintos, e, nas cidades supercivilizadas dos tempos modernos, as vestes rotas dos que demandam o invisível são consumidas no forno crematório ou abandonadas à cinza do sepulcro. Todos seguirão. Testas coroadas deixam o trono e o cetro aos aventureiros; filósofos e sábios costumam legar tesouros aos estúpidos; legisladores e estadistas entregam suas obras aos caprichos populares; os amantes afastam-se do objeto de sua adoração, atirando-se à grande experiência. Não valem as lágrimas da dor, nem os argumentos da Ciência. Não prevalecem as invocações do sangue ou da condição. Partem os algozes e as vítimas, os bons e os maus. Sócrates, condenado à cicuta, apenas ant...