30 junho 2022

Mãe sozinha / Mother alone


Dizem “mulher da alegria”,
Quando ela passa na rua;
A pobre mãe continua,
Os olhos fitos no chão!…
Quanto fel, quanta agonia
Nessa mulher que condenas!…
Ninguém lhe conhece as penas
Cravadas no coração.

Tristeza no desconforto,
Sem palavra que a revele,
Trapos dourados na pele,
Traz a angústia por dever.
Viúva de um vivo morto,
Ei-la que segue sozinha,
Tem ao longe, a pobrezinha,
Um filho quase a morrer.

Já bateu em tanta porta,
Já pediu a tanta gente!…
Dói-lhe a ferida pungente
De ter sido mãe sem lar;
Abatida, semimorta,
Apenas vê no caminho
A febre e a dor do filhinho
Que a morte lhe quer roubar.

Tu que cresceste na estrada,
Desde o berço de ouro e rendas,
Entre mimos e oferendas
De paz, segurança e luz,
Fita essa mãe desolada,
Na penúria que a consome…
Talvez que ela tenha fome
Ao peso da própria cruz.

Não lhe zombes da amargura,
Também foi criança, um dia,
Brincava, estudava e ria,
Rosa ao fulgor da manhã,
Também foi bela e foi pura,
Hoje, nas magoas que trilha,
Podia ser nossa filha
Assim como é nossa irmã.

Mãe na dor!… Bendita seja!…
Escrava de toda hora,
Honra as lágrimas que chora,
Nas dores por onde vai!…
Sem esposo que a proteja,
Sem arrimo, sem tutela,
Em Deus que sofre com ela
Encontra a Bênção de Pai.

Espírito Irene de Sousa Pinto, do livro Caridade, psicografado por Chico Xavier.


Mother alone

They say "woman of joy",
When she passes in the street;
The poor mother goes on,
Eyes on the ground!…
How much gall, how much agony
In this woman you condemn!…
Nobody knows your feathers
Engraved in the heart.

Sadness in discomfort,
No word to reveal it,
Golden rags on the skin,
It brings anguish out of duty.
Widow of a living dead,
Here she goes alone,
She has in the distance, the poor thing,
A child almost dying.

I've knocked on so many doors,
Asked so many people!…
The stinging wound hurts
Of having been a homeless mother;
Dejected, half-dead,
just see on the way
The little boy's fever and pain
That death wants to steal from you.

You who grew up on the road,
From the cradle of gold and lace,
Between pampering and offerings
Of peace, security and light,
Ribbon this desolate mother,
In the penury that consumes her…
Maybe she's hungry
By the weight of the cross itself.

Don't make fun of her bitterness,
She was a child too, one day,
She played, studied and laughed,
Rose in the morning glow,
She was also beautiful and she was pure,
Today, in the sorrows that I tread,
She could be our daughter
Just as she is our sister.

Mother in pain!… Blessed be!…
Slave all the time
Honor the tears you cry,
In pain wherever you go!…
Without a husband to protect her,
No support, no guardianship,
In God who suffers with her
Find the Father's Blessing.

Irene de Sousa Pinto Spirit, from the book Caridade, psychographed by Chico Xavier.

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