A dor
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Vi a Dor caminhando em negra estrada,
Qual megera da sombra, em noite escura,
E perguntei, ralado de amargura:
“– Por que nasceste, bruxa desvairada?”
“Por que ostentas a espada estranha e dura,
Sobre o seio da vida atormentada,
Reduzindo à miséria, cinza e nada
Todo sonho de paz e de ventura?”
Mas a Dor respondeu: – “Cala-te, amigo!
Na torturada senda em que prossigo,
O veneno do mal morre infecundo.
Sem meu gládio que salva, pouco a pouco,
O homem padeceria cego e louco
Em tenebrosos cárceres do mundo!…”
Espírito Antero de Quental, do livro Através do tempo. Psicografia por Chico Xavier.
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