Eu
Minh’alma é como um livro em que se escreve
Poemas de tristeza e de amargura!
Pois Deus só permitiu que eu sempre leve
Por companhia a triste desventura!
A minha felicidade é como a neve.
Que cobre os montes cheios de verdura,
E que aos beijos do sol, em tempo breve
Resvala com fragor de grande altura!
Minh’alma é a triste imagem do amargor;
Não é mais do que um bloco de granito
Endurecido e bruto. Mas que horror!
Viver assim constantemente aflito,
Tendo a alma imergida no negror
Do mistério e nas ânsias do Infinito!
Francisco Xavier, versos por ele mesmo.
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