Ante o remorso

Quando desci chorando, desatento,
A garganta cruel da sepultura,
Cria abraçar, na morte, a noite escura
Que me desse consolo e esquecimento.

Ai de mim, relegado ao desalento,
Preso à triste ilusão que não perdura!…
Desvairado encontrei, nessa aventura,
O remorso medonho e famulento…

Aterrado, gritei: - “Monstro recua!”
E o monstro, em gargalhada horrenda e nua,
Bradou: – “Eu sou agora o irmão que levas”…

E, misto de morcego, gralha e aborto.
Atirou-me a sinistro desconforto,
Mergulhando comigo em densas trevas.

Espírito Anthero do Quental, do livro Relicário de Luz, psicografado por Chico Xavier.

Postagens mais visitadas deste blog

A última ceia

Prece de aceitação / Acceptance prayer

Três almas