21 junho 2023

Um quadro de lágrimas


Visitamos, ontem, com alguns amigos, um pequeno, de doze a treze anos de idade, em cidade próxima. Mudo e completamente inibido na vida mental, apenas chora e emite sons ininteligíveis.
De volta ao lar, ainda impressionados com a prova dessa criança em grande luta espiritual, reunimo-nos em prece. Ligeiro culto de oração, recordando o quadro de lágrimas que víramos. O Livro dos Espíritos ofereceu-nos a questão 371.
Depois da leitura e rápidos comentários, o poeta Epiphanio Leite trouxe-nos o soneto “Gênio Enfermo”, em clara correlação com o problema do menino em sofrimento.

Francisco Cândido Xavier.

Gênio enfermo


(Versos ao culto amigo que espalhava ateísmo e violência, através da palavra falada e escrita, na última década do século XVIII, suscitando rebeldia e delinquência, e que, presentemente reencontrei, na condição de espírito em reajuste, na provação da idiotia.)

Lembro-te, caro amigo… O gênio agindo às cegas,
Lanças violência e fel nas multidões que arrastas.
Ouço-te na memória as negações nefastas…
Escreves e destróis… Falas e desagregas…

Quanto crime a surgir dos princípios que pregas! …
Um dia, vem a morte ao campo que desgastas…
No Além, sofres a culpa de que não te afastas,
Rogas socorro ao Céu nos grilhões que carregas…

Agora te reencontrei em aldeia remota.
Habitas outro corpo e choras mudo e idiota…
Ah! Quanto sinto a luta em que te vejo imerso! …

Mas louva a provação que te aponta o futuro.
Na dor, terás de novo o pensamento puro,
Refletindo, em ti mesmo, as bênçãos do Universo.

Espírito Epiphanio Leite, do livro Caminhos de Volta, psicografado por Chico Xavier.

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