O Monstro
Vi um monstro pairando sobre a Terra,
Como um corvo de garras infinitas,
Cobrindo multidões tristes e aflitas:
Visão de luto e lágrimas que aterra!
Vi-o de vale em vale, serra em serra,
E disse: —“Quem és tu que abre e excitas
Os pavores e as cóleras malditas?”
E o monstro respondeu: — Eu sou a guerra!
Não há forças no mundo que me domem,
Sou o retrato fiel do próprio homem,
Que destrói, luta e mata e vocifera!
Venho das trevas densas da voragem,
Dos abismos de dor e de carnagem
Para mostrar ao homem que ele é fera!
Espírito Antero de Quental, do livro Palavras do Infinito. Soneto recebido por Chico Xavier, em 1935.
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