27 agosto 2022

Tentando explicar


Entre os que protestam contra o nosso correio informativo, alega você impossibilidade de crer em nossos trabalhos salvacionistas, com utilização de apetrechos que parecem copiar o material terrestre.
Aqui, referimo-nos a redes luminosas; acolá, descrevemos sistemas defensivos.
Realmente, vocês que ainda permanecem chumbados ao chão do Planeta, não devem ser constrangidos a aceitar o que não veem.
Um botânico europeu dá notícias ao colega americano da existência de plantas desconhecidas na região equatorial. O interessado, se deseja certificar-se pessoalmente, concorda com os sacrifícios da viagem e observa para si mesmo. Em nosso caso, não regateamos o noticiário e a viagem para a análise requerida é possível; no entanto, quem se dispõe a pagar o preço, constituído de esforço e aperfeiçoamento na renúncia?
Quase sempre, vocês chegam aqui, como aconteceu a nós mesmos, brutalmente projetados pela morte, à maneira do foguete que os sábios pretendem atirar à face da Lua.
Com referência ao assunto, assevera você que a força mental dos espíritos desencarnados dispensaria semelhantes recursos e, por fundamentar a assertiva, declara que os seus doentes psíquicos, obsidiados por entidades perversas, cedem perfeitamente às suas emissões magnéticas, no uso da oração.
Não duvido de suas possibilidades regeneradoras e curativas.
Habituou-se, porém, você, aos cálculos da multiplicação? Admite, porventura, que a força suscetível de ser colhida na queda de um regato seja idêntica ao potencial da cachoeira?
Transfira essa imagem para as energias associadas do mal e faça a conta.
Provavelmente, lembrará que nos compete canalizar os recursos do bem com intensidade maior e mais vigorosamente. Creio que acabaremos agindo assim, mas, por enquanto, da minha parte, sou obrigado a confessar que, depois de muitos séculos, somente agora me sinto impulsionado para o bem legítimo.
A seu parecer, o milagroso “fiat” do Gênesis estaria em nossas mãos, logo após as peripécias do transe final do veículo físico.
A potência mental de alta voltagem, no entanto, não é obra improvisada.
Refere-se aos serviços de magnetismo curador em sua casa de saúde, como se tudo representasse simples realização da vontade pessoal. O trabalho para você é um jogo mecânico entre seus desígnios e suas energias.
Efetivamente, seu concurso é precioso.
Que seria das grandes cidades, habituadas às vantagens do serviço elétrico, se a tomada humilde se negasse à ligação com a usina?
Quando administra os benefícios espirituais aos necessitados, você não pode ver a multidão invisível, agrupada em torno de sua prestimosa colaboração: nem os desencarnados em desequilíbrio que lhe aproveitam o concurso fraterno, nem os benfeitores generosos que se utilizam de suas mãos, de seu pensamento e de sua boa vontade. Em razão disso, a prece e o devotamento aos semelhantes constituirão seus pontos de apoio invariáveis, de vez que seus olhos mortais não podem identificar toda a extensão do quadro, sem grave dano para o seu equilíbrio na tabela de lutas salutares da reencarnação. Aceite ou não a verdade, você não pode agir sozinho. Ainda que dispense a cooperação das entidades amigas, sempre que sua consciência honesta estiver no socorro ao próximo, permanecerão elas em sua companhia. Quando não seja por você, será pelos necessitados.
Além disso, parece-me que você ainda não estudou, pacientemente, o problema alusivo aos lugares de cura. Diz-nos o dicionário que o hospital é um estabelecimento de cuidado aos enfermos.
Entretanto, existem centros dessa natureza que são favoráveis e desfavoráveis.
Desdobra-se-lhe a contribuição numa casa de amor evangélico, ideada no plano superior e vagarosamente materializada na Terra. Trabalhadores encarnados e orientadores desencarnados nela encontram, por isto, ampla esfera de vibrações adequadas, com base segura na simpatia e na confiança. Pessoalmente, porém, estive, nos últimos tempos, em vários hospitais desfavoráveis. Refiro-me a alguns “campos de concentração” da guerra europeia. Essas instituições agrupavam enfermos de todos os matizes.
Milhares de vítimas, flageladas e atormentadas, e centenas de carrascos, de mistura com incalculável número de espíritos desligados do envoltório terreno, em doloroso desequilíbrio. Creia que a nossa colaboração mental — e aqui me reporto a companheiros infinitamente superiores ao modesto servidor que lhe escreve estas linhas — era reduzidíssima, em relação às emanações do ódio que ali imperava monstruosamente. O campo estava repleto de obsidiados, mas… a zona era desfavorável.
Naturalmente, você interrogará:
—Porquê? Por que motivo não se impõe o superior sobre o inferior?
Respondendo, apenas direi que passou pelo mundo Alguém, cuja força mental, renovadora e divina, levantava paralíticos e restituía a visão aos cegos. Impunha respeito aos seres das trevas com a sua simples presença e chegou a devolver o tônus vital a corpos cadaverizados. Trouxe à Terra a maior mensagem do Céu e, um dia, em se vendo cercado pelos semelhantes, obcecados de inveja e ciúme, incompreensão e egoísmo, orgulho e ódio, ingratidão e indisciplina, injustiça e maldade, recolheu as energias sublimes e infinitas para dentro de si próprio, e entregou-se à cruz do sacrifício sem defender-se.
Se você me perguntar o motivo, francamente, não saberia responder.
Admito que o Embaixador Excelso, assim procedendo, fixou a lição da necessidade do Reino de Deus no Coração Humano.
Cada homem, filho ao Criador e herdeiro da Eternidade, há de crescer por si,
aprimorando-se e elevando-se, usando a vontade e a inteligência. Cada criatura deverá a si própria o céu ou o inferno em que se encontra.
Recordo-me que o Divino Crucificado ensinou, certa feita:
—O Reino Celeste está dentro de vós!
Quem não desejar descobri-lo em si mesmo, alcançará a posição do enfermo que se nega a todos os processos de cura. Para um doente dessa espécie, médicos e remédios não têm razão de ser.
Quanto ao nosso material socorrista e às nossas milícias, às nossas turmas de vigilância e organizações que honram a hierarquia e a ordem, o trabalho e a evolução, nos quadros do mérito e da justiça, tudo isso é do nosso regimento doméstico.
Até que vocês se reúnam a nós, pelo golpe inevitável da morte, acreditarão em nossos informes se quiserem, mesmo porque, de acordo com a velha filosofia popular, quem dá o que pode, a mais não é obrigado.

Espírito Irmão X (Humberto de Campos), do livro Luz Acima, psicografado por Chico Xavier.

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