26 março 2022

Verbo e atitude


Questão nº 263: Os Espíritos devem ser julgados, como os homens, pela linguagem de que usam.  Suponhamos que um homem receba vinte cartas de pessoas que lhe são desconhecidas; pelo estilo, pelas ideias, por uma imensidade de indícios, enfim, verificará se aquelas pessoas são instruídas ou ignorantes, polidas ou mal-educadas, superficiais, profundas, frívolas, orgulhosas, sérias, levianas, sentimentais, etc. Assim, também, com os Espíritos. Devemos considerá-los correspondentes que nunca vimos e procurar conhecer o que pensaríamos do saber e do caráter de um homem que dissesse ou escrevesse tais coisas.

Disse um grande filósofo:
–“Fala para que eu te veja.”
Muita gente acrescentará:
–“Escreve para que eu te veja melhor.”
E ousaríamos aduzir:
–“Age para que eu te conheça.”
Julgarás o amigo pela linguagem que use; entretanto, para além da apreciação vulgar, todos necessitamos do justo discernimento.

Marat falava com mestria, arrebatando o ânimo da multidão, mas instigava a matança dos compatriotas que não lhe esposassem as diretrizes.
Marco Aurélio, o imperador chamado magnânimo, escrevia máximas de significação imortal; no entanto, ao mesmo tempo determinava o martírio de cristãos indefesos, acreditando, com isso, homenagear a virtude.
O “Werther”, de Goethe, é um poema de magnífica expressão literária, mas não deixa de ser vigorosa indução ao suicídio.
As declarações de guerra são, de modo geral, documentos primorosamente lavrados; todavia, representam a miséria e a morte para milhões de pessoas.
Há jornalistas e escritores que figuram na galeria dos mais sábios filólogos e, apesar disso, molham a pena em sangue e lama, para gravarem as ideias com que acentuam os sofrimentos da Humanidade.

Tanto quanto possível, escrevamos certo, sem a obsessão do dicionário.
A gramática é a lei que preside a esfera das palavras.
A instrução cerebral, porém, quando sem bases no sentimento, é semelhante à luz exterior.
Há luz na lâmpada disciplinada que auxilia e constrói e há luz no fogo descontrolado que incendeia e consome.
Identifica o mensageiro, encarnado ou desencarnado, pela mensagem que te dê, mas, se é justo lhe afixas a cultura, é imprescindível anotes a orientação que está dentro dela.
O navio pode ser muito importante, mas é preciso ver o rumo para o qual se encaminha o leme.
Se o verbo apresenta, a atitude dirige.
É por isso que Jesus nos advertiu:
–“Seja o vosso falar sim, sim; e não, não.”

Espírito Emmanuel, do livro Seara dos Médiuns, psicografado por Chico Xavier.

0 Comments:

Postar um comentário