Em verdade
Em verdade, ergue-se o homem da atualidade à estratosfera e prepara campo de que possa lançar-se à investigação de outros mundos, entretanto, como nunca, experimenta a necessidade de paz e consolação no plano que lhe serve de moradia.
Em verdade, desce ao abismo oceânico e recolhe os vestígios das civilizações mortas, surpreendendo formas estranhas de existência, penetrando linhas obscuras da natureza, no entanto, sente-se incapaz de acesso aos labirintos da própria individualidade, perambulando, entre enigmas e inquietações, quase que à maneira de um mendigo de luz.
Em verdade, relaciona os segredos do microcosmo, com a mesma facilidade com que resolve elementar problema de matemática, no entanto, ainda esbarra à frente dos ínfimos segredos da dor e da morte, com a mesma perplexidade das raças que o precederam na corrida dos milênios incessantes.
Em verdade, vence a hanseníase e a tuberculose, determinando novos rumos à medicina que se engrandece ao toque do progresso renovador, todavia, sofre, em si mesmo, profundas chagas de angústia e desilusão qual se fora pobre desterrado em escuro presídio do Universo…
Eleva-se e rebaixa-se.
Cura e envenena-se.
É que falta ao coração humano aquela compreensão cristã capaz de erguê-lo às culminâncias em que se lhe destaque a própria inteligência, enceguecida pela vaidade, o verme roedor da terrestre grandeza.
Em tempo algum, como agora, o viajante do mundo sentiu tanta necessidade da bússola espiritual que lhe oriente os destinos.
Em meio da abundância de recursos materiais clama por socorro, qual se a existência lhe fora deplorável cativeiro.
É por isso que, entre os escombros da guerra e entre as ruínas do incêndio das paixões a que o orgulho lhe conduziu a civilização do presente, volve o ensinamento de Cristo, através de mil modos, concitando-nos ao soerguimento pela humildade salvadora, de vez que somente reconhecendo a nossa condição de usufrutuários do Patrimônio Divino, com iniludíveis obrigações de trabalho e fraternidade, uns à frente dos outros, é que conseguiremos a própria recuperação, a caminho do Homem Regenerado e da Terra Melhor.
Espírito Emmanuel, do livro Abrigo, psicografado por Chico Xavier
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