01 janeiro 2022

Encontro marcado


Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou as notícias do Senhor e leu-lhe a promessa divina: – “Estarei convosco até ao fim dos séculos…”

Acendeu-se-lhe a esperança na alma.

E, certa manhã, partiu à procura do Mestre, à feição da corça transviada no deserto, quando suspira pela fonte das águas-vivas.

Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde se lhe venerava a memória; todavia, não obstante sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo.

Buscou-o nos vastos recintos, onde se lhe pronunciava o nome com inflexão de supremo respeito; contudo, apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbo daqueles que sobraçavam dourados livros, não lhe anotou a presença.  

Na jornada exaustiva, gastou as horas… Em vão, atravessou portadas e colunas, altares e jardins.

Descia, gélida, à noite, quando escutou os gemidos de uma criança doente, abandonada à sarjeta.

Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha dos próprios braços. Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele, e, fremente, bradou:

– Mestre! Mestre!…
O Excelso Benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, como quem lhe expungia toda a chaga de angústia, e falou, compassivo:

– Realmente, filho meu, estarei com todos e em toda parte, até ao fim dos séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cuja luz tenho encontro marcado com todos os aprendizes do bem eterno…

Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de encontro ao peito…

Através da neblina, espessa das lágrimas a lhe inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino, mas, na acústica do próprio ser, ressoavam para ele agora as palavras inesquecíveis:

– Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, por amor de meu nome, é a mim que o fazeis…

Espírito Meimei, do livro O Espírito da Verdade psicografado por Chico Xavier

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