Cruzes
Cada alma, na escola da Terra, sob a abençoada cruz da carne, conduz consigo a cruz invisível da prova, indispensável à elevação a que aspira.
Aqui, vemos a cruz do ouro, impondo aos companheiros que a transportam, o círculo do medo e da inquietação.
Além, observamos a cruz do poder, exigindo de quantos lhe detém, a força de pesados tributos de responsabilidade e sofrimento.
Acolá, notamos a cruz da beleza física, atraindo apelos inferiores.
Mais além, contemplamos a cruz da enfermidade, situando esperanças e sonhos no labirinto da indagação e do desalento.
Não longe, vemos a cruz da carência material, induzindo muita gente à inércia e à lamentação.
Agora, observamos junto de nós a cruz da injustiça aparente, tentando a criatura à reivindicações que a projetam em maiores dificuldades.
Mais tarde, encontraremos a cruz das paixões, vergando ombros sensíveis e afetuosos, reclamando-lhes o amargo imposto do desequilíbrio e das lágrimas.
Cada criatura passa entre os homens algemada ao posto de graves obrigações, alusivas ao progresso que lhe cabe alcançar.
O santo traz a cruz do sacrifício.
O delinquente carrega a cruz do remorso.
O melhor suporta o madeiro da liderança.
O mau tolera o lenho da expiação regenerativa.
O berçário é um viveiro de cruzes que se desenvolvem, pouco a pouco, no curso do tempo, definindo-se cada qual delas, segundo as necessidades de cada um.
Naturalmente, não viverás sem o instrumento de dor e luta que a existência terrestre te deu a transportar, mas se colocas o madeiro do próprio aperfeiçoamento na direção do Cristo, seguindo após Ele, no Calvário da Ressurreição, com amor e humildade, renúncia e perdão, guarda a certeza de que os braços de tua cruz se converterão, na morte, em asas de espiritualidade, arrebatando-te do vale pantanoso da Terra para os topos resplendentes do Infinito.
Espírito Emmanuel, do livro Abrigo, psicografado por Chico Xavier
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