Encontro Divino
Na bênção do Natal, quando o aprendiz desditoso contemplou toda a luz que o Mestre lhe trazia, a Terra transformou-se aos seus olhos em pranto.
Renovado e feliz reconheceu que a lama era adubo sublime.
Notou, em cada espinho, uma vara de flores e descobriu que a dor, em toda parte, é dádiva celeste.
Assombrado, viu-se, enfim, tal qual era, um filho de Deus Pai ligado em si à Humanidade inteira.
Descortinou mil sendas para o bem no chão duro que lhe queimava os pés.
Encontrou primaveras sobre o frio hibernal e antegozou colheitas multiformes na sementeira frágil e enfermiça.
Deslumbrado, sentiu, nas flores, estrelas mudas, nas fontes, bênçãos do céu exilados no solo, e nas vozes humildes da natureza o cântico da vida a Bondade Imortal.
Abrira-se-lhe n'alma o Grande Entendimento…
Não conseguiu articular palavra à frente do mistério.
Somente o pranto de alegria profunda orvalhou-lhe o semblante em êxtase divino.
E, desde então, passou a servir sem cessar, dentro de indevassável silêncio, qual se o Mestre e ele se bastassem um ao outro, morando juntos para sempre, à maneira de duas almas vivendo num só corpo ou de dois astros a brilharem unidos, em pulsações de luz, no Coração o Amor.
Espírito: Rodrigues de Abreu, do livro Antologia Mediúnica do Natal, psicografado por Chico Xavier
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