O tempo
Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no.
Corre a oportunidade – espalhando bênçãos.
Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas.
Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias.
Cada hora é uma província – de sessenta unidades.
O homem, contudo, é o semeador – que não despertou ainda.
Distraído cultivador pergunta: – que farei?
E o tempo silencioso responde – com ensejos benditos:
De servir – ganhando autoridade.
De obedecer – conquistando o mundo.
De lutar – escalando os céus.
O homem, todavia, – voluntariamente cego,
Roga sempre mais tempo – para zombar da vida,
Porque, se obedece – revolta-se, orgulhoso,
Se sofre – injuria e blasfema,
Se chamado as contas – lavra reclamações descabidas.
Cientistas – fogem da verdadeira ciência.
Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos.
Religiosos – negam a religião.
Administradores – retiram-se da responsabilidade.
Médicos – subtraem-se à Medicina.
Literatos – furtam-se à divina verdade.
Estadistas – centralizam a dominação.
Servidores do povo – buscam interesses privados.
Lavradores – abandonam a terra.
Trabalhadores – escapam do serviço.
Gozadores temporários – entronizam ilusões.
Em vez de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia.
Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios.
Possuem os bens da Terra – acabando possuídos.
Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão.
Mas chega um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros, em que a morte surge reclamando trapos velhos…
O tempo recolhe, então – apressado – as oportunidades que pareciam sem fim…
E o homem reconhece – tardiamente preocupado
Que a Eternidade Infinita – pede conta do minuto.
André Luiz, do livro Correio Fraterno psicografado por Chico Xavier
0 Comments:
Postar um comentário