22 julho 2021

Realidade e nós


Aspiras à união com Jesus e, consequentemente, à vitória da paz em ti mesmo. 

Para conseguir semelhante realização, será preciso, porém, penetrar mais profundamente no significado das palavras do Cristo: “e aquele que quiser vir em meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. 

A fim de que liames inferiores da personalidade sejam desatados, de modo a empreendermos a marcha na direção do senhor, é necessário, entretanto, desarraigá-los de nossa realidade e não da realidade dos outros. 

Por isso mesmo, se nos propomos renovar-nos, é imperioso deixar demais livremente se renovem. 

Não tiveste o pai que desejarias e nem a progenitora que esperavas? Ama-os tais quais se revelam, e abençoa-os pelo bem que te fizeram, trazendo-te à Escola Humana. 

Não achaste o esposo ou a esposa, na altura de teus ideais? Aceita o companheiro ou companheira que a vida te deu, exercendo a tolerância e o amor, observando que todos somos ainda espíritos incompletos, na oficina da evolução. 

Não possues nos filhos os seres afins com que sonhavas? Acolhe-os como são e dá-lhes a melhor ternura da própria alma, na certeza de que também eles estão a caminho da perfeição que para nós todos ainda vem longe. 

Não vês nos irmãos e nos amigos os gênios de bondade e abnegação que supunhas? 

Abraça-os, qual se mostram e oferece-lhes o apoio fraterno que te faça possível, sem algemá-los a pontos de vista. 

Cada criatura vive na realidade que lhe é característica. Em toda parte, cada um de nós em sua luta, em sua dificuldade, em sua prova, em seu problema. 

Enquanto nos pomos a censurar, não conseguimos entender. 

Enquanto exigimos, não aprendemos a auxiliar. 

Deixemos cada companheiro ou companheira de caminho, na realidade que lhes toca e, amando e abençoando a todos, atendamos à realidade que nos diga respeito, reconhecendo que não nos achamos no educandário da experiência para dar as lições alheias e sim dar conta das lições outras que, pelas aulas do dia-a-dia, a própria vida confere a nós. 

Emmanuel, do livro Mãos Marcadas. Página recebida por Chico Xavier

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