Desencarnados em trevas
Desencarnados em trevas…
Insulados no remorso…
Detidos em amargas recordações…
Jungidos à trama dos próprios pensamentos atormentados…
Eram donos de palácios soberbos e sentem-se aferrolhados no estreito espaço do túmulo.
Mostravam-se insensíveis, nos galarins do poder, e derramam o pranto horizontal dos caídos.
Amontoavam haveres e agarram-se, agora, aos panos do esquife.
Possuíam rebanhos e pradarias e jazem num fosso de poucos palmos.
Despejavam fardos de dor nos ombros sangrentos dos semelhantes, e suportam, chorando, os mármores do sepulcro, a lhes partirem os ossos.
Estadeavam ciência inútil e tremem perante o desconhecido.
Devoravam prazeres e gemem a sós.
Exibiam títulos destacados e soluçam no chão.
Brilhavam em salões engrinaldados de fantasias e arrastam-se, estremunhados, ante as sombras da cova.
Oprimiam os fracos e não sabem fugir à gula dos vermes.
Eram campeões da beleza física, e procuram, debalde, esconder-se nas próprias cinzas.
Repoltreavam-se em redes de ouro, e estiram-se, atarantados, entre caixas de pó.
Emitiam discursos brilhantes e gaguejam agora.
Deitavam sapiência e estão loucos.
Nada disso, porém, acontece porque algo possuíssem, mas sim porque foram possuídos de paixões desregradas.
Não se perturbam porque algo tiveram, mas sim porque retiveram isso ou aquilo, sem ajudar a ninguém.
Se podes verificar a tortura dos desencarnados em trevas, aproveita a lição.
Não sofrerás pelo que tens, nem pelo que és.
Todos colheremos o fruto dos próprios atos, no que temos e somos.
Onde estiveres, pois, faze o bem que puderes, sem apego a ti mesmo.
Escuta o companheiro que torna do Além, aflito e desorientado, e aprenderás, em silêncio, que todo egoísmo gera o culto da morte.
Emmanuel, do livro Justiça Divina psicografado por Chico Xavier
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