Amor pela dor
Em nome do amor, há quem abandone o santuário doméstico, relegando os vínculos da sua redenção a temporário esquecimento…
Em nome do amor, há quem se confie a tragédias passionais, investindo contra o objeto da própria devoção afetiva, através da delinquência e da morte…
Em nome do amor, há quem provoque separação e desespero, portas a dentro do lar, convertendo-o em inferno de lágrimas a quatro paredes…
Em nome do amor, há quem menospreze o próprio corpo, arrojando-se a despenhadeiros de remorso e sofrimento, pelo desvão do suicídio…
Em nome do amor, há crianças desamparadas, velhinhos sem teto, doentes sitiados em rudes privações, e almas feridas entre pesadelos e aflições irremediáveis…
Entretanto, semelhantes delitos, em nome da luz que equilibra o Universo, são perpetrados pela violência e pelo ciúme, pela cegueira e pela incompreensão do egoísmo – o apego desvairado a nós mesmos –, em cuja concha de trevas habitualmente nos ocultamos, fugindo à excelsitude do amor genuíno pelo amor de sofrer.
Aceitemos a luta por instrutora de nossa existência, como quem sabe que nada existe sem preço.
Adquiramos o tesouro do amor pelo aproveitamento da dor.
Recebamos as lições da renúncia e o próprio sacrifício por jorros de claridade celeste, nas sombras de nosso “eu”, e, aprendendo que mais vale dar que receber, o amor transformará a face de nossos destinos, porque tomará nosso coração por trono de sua glória e, ensinando-nos a entender e ajudar a todos, fará de nossa vida o santuário resplandecente e sublime da Vontade Justa e Misericordiosa de Deus.
Emmanuel, do livro Correio Fraterno psicografado por Chico Xavier
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