Cilícios
Antigamente, quem pretendia alcançar o Céu, através do caminho religioso, usava cilícios inquietantes com que castigava a carne dolorida.
Hoje, porém, compreendemos que a matéria, embora viva com os milhões de corpúsculos que a constituem, é recurso passivo ante a vibração espiritual.
Entendemos que a consciência vive ante o corpo na posição do maquinista perante a locomotiva.
A harmonia ou o desequilíbrio representam resultados da direção.
Não vale, pois, oprimir o sangue sem disciplinar o coração.
Na atualidade, possuímos cilícios valiosos que efetivamente cooperam em nossa redenção.
O silêncio amigo diante da calúnia impensada.
A renunciação a certos favores materiais, a benefício do companheiro que caminha conosco.
O sacrifício mudo pela afeição que se transviou no roteiro terrestre.
A doação dos recursos que nos façam falta, no amparo ao próximo.
A resistência às tentações de nossa própria natureza inferior.
O esquecimento de vantagens cabíveis à nossa situação, para que nossos companheiros se rejubilem com o êxito, antes de nós.
A gentileza sem reclamação.
A caridade sem pagamento.
A noite de vigília à cabeceira dos agonizantes.
O auxílio pessoal aos mais infelizes.
O sorriso amigo diante da suspeita sem razão de ser.
Semelhantes medidas são sempre elementos espirituais do mais alto valor ao nosso progresso.
O Senhor não nos induziu a atormentar o corpo, a fim de alcançarmos as Divinas Portas. Aconselhou simplesmente a coragem de negarmos a nós mesmos, no combate ao nosso “eu” egoístico e absorvente, a fim de que tornemos a cruz dos nossos deveres de cada dia, seguindo-lhe os passos.
Certamente, se quisermos sustentar nos próprios ombros o madeiro de nossas obrigações, atingiremos com o Mestre a alvorada da redenção sublime para sempre.
Emmanuel, do livro Cartas do Coração, psicografado por Chico Xavier
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