08 dezembro 2020

Mensagem ao Semeador


Mensagem ao Semeador

Extraído de “O Espírita Mineiro”, edição comemorativa aos 40 anos de mediunidade de Chico Xavier, julho de 1967.
O delicado Espírito de Meimei transmitiu ao médium, cujo 40º aniversário de atividade estamos comemorando, a belíssima mensagem, inserta nas páginas do Ideal Espírita, lançamento da Comunhão Espírita Cristã, intitulada “Mensagem ao Semeador”.
A “União Espírita Mineira”, que identifica em Francisco Cândido Xavier um servidor fiel do Evangelho, cuja vida tem sido de devotada semeadura dos princípios da Boa Nova do Reino, oferece ao querido irmão o carinhoso pensamento de Meimei:

“Semeador, despertaste aos clarões da aurora e começas-te a semear...
A dura lavra exigia suor e, dia sobre dia, arroteaste o solo, calejando as mãos, entre o orvalho da manhã e a luz das estrelas.
Diante dos sacrifícios, os mais amados largaram-te a convivência, sequiosos de reconforto... Mas quando te viste a sós, sem ninguém que te quisesse as palavras, a natureza conversou contigo, em nome do Céu, e escutaste, surpreendido, as orações da semente, no instante de morrer, abandonada para ser fiel à vida; ouviste as confidências das roseiras, escravizadas na gleba, cujas flores brilham nos salões, sem que lhes seja dado outro direito que não aquele de respirar entre rudes espinhos; recolheste a história do trigo que te contou, ainda nos cachos de ouro, como seria triturado nos dentes agudos de implacáveis moinhos, a fim  de servir na casa dos homens; e velhas árvores lascadas e sofredoras te fizeram sentir que Deus lhes havia ensinado, em silêncio, a proteger carinhosamente, as próprias mãos criminosas que lhes decepam os ramos...
Consolado e feliz, trabalhaste, semeador!
Um dia, porém, o campo surgiu engalanado de perfume e beleza e apareceram aqueles que te exigiram a colheita para a festa do mundo...
Choraste na separação das plantas queridas; entretanto, ninguém te viu as lágrimas escondidas entre as rugas do rosto.
Eras sozinho, perante as multidões que te disputavam os frutos e por não haveres adestrado verbo primoroso de modo a defender-te, diante das assembleias, e porque a tua presença simples não oferecesse qualquer perspectiva de encanto social, os raros amigos de tua causa julgaram prudente silenciar, envergonhados do rigor de tuas ásperas  disciplinas e da pobreza de tua veste, mas Deus te impeliu à renovação e, conquanto despojado de teus bens mais humildes, procuraste outros climas e outras leiras, onde as tuas mãos quebrantadas e doloridas continuaram a semear…
Semeador dos terrenos do espírito, que te encaneceste na lavoura da luz, qual acontece ao cultivador paciente do solo, não te aflijas, nem desanimes.
Se tempestades sempre novas te vergastam a alma, continua semeando... E, se banimento e solidão devem constituir a herança transitória do teu destino, recorda o Divino Semeador que, embora piedoso e justo, preferiu a cruz por amor à verdade e prossegue semeando, mesmo assim, na certeza de que Deus te basta, porque tudo passa no mundo, menos Deus.”

Meimei (Espírito)


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