A última ceia
Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa, como de outras vezes, o mestre partiu o pão com a costumeira ternura. Seu olhar, contudo, embora sem trair a serenidade de todos os momentos apresentava misterioso fulgor, como se sua alma, naquele instante, vibrasse ainda mais com os altos planos do invisível. Os companheiros comentavam com simplicidade e alegria os sentimentos do povo, enquanto o Mestre meditava, silencioso. Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias acentuou com firmeza impressionante: amados, é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com des...